quarta-feira, 4 de julho de 2012

Prolongadas as quotas para a caça à baleia por povos indígenas

Crueldade sem fim

Baleia-de-bossa ao largo do México (Foto: Stringer/Reuters)

A Comissão Baleeira Internacional, reunida no Panamá, prolongou os direitos de caça à baleia dos povos indígenas de três países, apesar da oposição dos países latino-americanos.
Com 48 votos a favor e 10 contra (nove países latino-americanos e o Gabão), o organismo prolongou nesta terça-feira (3) a caça à baleia no Alasca, no Norte da Rússia e em São Vicente e Granadinas (nas Caraíbas) por seis anos. Isto significa que, de 2013 a 2018, poderão ser caçadas 336 baleias-da-Gronelândia (Balaena mysticetus) no Alasca, 744 baleias-cinzentas (Eschrichtius robustus) na Sibéria e 24 baleias-de-bossa (Megaptera novaeangliae) em São Vicente e Granadinas.
A Austrália e a Nova Zelândia e os países europeus apoiaram os pedidos, considerando que a caça à baleia pelos povos indígenas, em pequena escala, não põe as espécies de cetáceos em perigo.
Mas a votação – na qual se abstiveram a Índia e o Mônaco – teve momentos de alguma tensão, não por causa do Alasca e da Rússia mas sim por causa de São Vicente e Granadinas.
O bloco dos países tradicionalmente na linha da frente dos esforços para proteger as baleias – entre eles o Brasil e a Argentina – acusou São Vicente e Granadinas de utilizar métodos de caça cruéis e de apresentar, de forma abusiva, uma prática moderna como sendo tradicional. O delegado do Mônaco, Frederic Briand, interveio dizendo que a caça à baleia que começou apenas em 1875 “não qualifica como caça verdadeiramente indígena. Por isso podemos colocar uma questão fundamental: existe, ou não, justificação para a aprovação destas quotas?”, noticia a BBC.
“Têm sido realizadas muitas escavações arqueológicas mas nunca se encontraram provas da caça à baleia pelos povos aborígenes”, disse Louise Mitchell Josehp, representante da Coligação para o Ambiente das Caraíbas Orientais.
O delegado da República Dominicana, Peter Sanchez, acusou os caçadores de “violarem as regras repetidas vezes, caçando crias e fêmeas gestantes”.
Em troca de argumentos, o delegado de St Kitts e Nevis – pequena nação das Caraíbas aliada do Japão neste dossier -, Daven Joseph, acusou a tentativa de bloqueio às quotas pelos países latino-americanos de se “aproximar de racismo” e denunciou que as nações pequenas “estão a ser deixadas para trás”. “Se São Vicente e Granadinas quiserem caçar quatro baleias-de-bossa por ano, de uma população de 10.000, quem dá à República Dominicana, Equador, Chile ou Costa Rica o direito de lhes dizer como usar as baleias?”, questionou.
Na véspera foi votada a criação de um santuário para baleias no Atlântico Sul mas a proposta não conseguiu reunir os 75% dos votos necessários.
Até sexta-feira, a Comissão Baleeira Internacional está reunida no Panamá. Portugal não está presente na reunião anual, pela primeira vez desde que aderiu à Comissão em 2002, por “constrangimentos financeiros”.
Fonte: Ecosfera

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