sábado, 10 de dezembro de 2011

Quadrinhos abordam consumo consciente e exploração animal

O consumo consciente e a exploração animal são os temas da primeira revista em quadrinhos produzida pelo Instituto Nina Rosa, organização de defesa de direitos dos animais. A HQ Vegana, publicação de 144 páginas em papel reciclado, será lançada domingo, 11 de dezembro, e segunda-feira, dia 12, em São Paulo, e distribuída em livrarias e bancas de todo país. A protagonista é uma menina de 16 anos.
Entre os temas abordados na publicação estão desde o impacto do avanço desenfreado da pecuária na Amazônia até problemas graves rotineiros nos frigoríficos brasileiros (questão que foi aprofundada este ano no documentário "Carne, Osso", produzido pela Repórter Brasil).
Confira a íntegra do post no Blog da Redação e confira imagens de algumas das páginas da nova publicação.
www.reporterbrasil.com.br

Hospital Veterinário do Porto criou ATL para animais de estimação 09/12 2011 às 15:29







A pensar nos cuidados prestados aos animais de companhia, o Hospital Veterinário do Porto criou um ATL (actividades de tempos livres) para os animais de estimação.



“O ATL é a resposta perfeita para o proprietário do animal de estimação moderno. Infelizmente, os proprietários dos animais muitas vezes não têm o tempo todo durante a semana de trabalho (principalmente) que possibilitem um estilo de vida saudável para seus companheiros”, refere o Mário Santos, director clínico do Hospital Veterinário do Porto.



O Hospital Veterinário do Porto pretende resolver este dilema, fornecendo o serviço de ATL que é ideal para os animais durante todo o dia de trabalho dos donos e adequa-se a todos os tipos de cães e idades.



Os animais são acompanhados por treinadores de animais qualificados e profissionais que irão supervisionar a socialização dos animais durante todo o dia. Essa socialização é fundamental para proporcionar um estilo de vida saudável físico e mental.



O ATL desenvolve diversas actividades para os animais, nomeadamente, diversões na área interior, "a hora da soneca" e frequentes caminhadas ao ar livre. Também é possível deixar ao cuidado dos treinadores a maioria dos problemas comportamentais do animal, incluindo: ansiedade de separação, a mastigação excessiva, esburacar, latir, socialização.


Os profissionais supervisionam constantemente os animais, dando-lhes a atenção que eles necessitam. É importante ter sempre as vacinas e desparasitação do animal em dia. Também é possível requisitar outros serviços disponíveis no HVP, Escola de Treino, Petboutique, cuidados de enfermagem ao domicílio, fisioterapia, banco de sangue, entre outros.


O Hospital Veterinário do Porto foi fundado em 1998 pelo médico veterinário Mário Santos. Com um serviço de urgências e cuidados intensivos, o HVP tem os seus serviços disponíveis 24 horas por dia, 365 dias por ano, com veterinários dedicados a áreas específicas da medicina veterinária, bem como com o apoio de uma completa equipa cirúrgica.


Além de cães e gatos, o Hospital Veterinário do Porto disponibiliza assistência veterinária a outros animais como aves, répteis e pequenos mamíferos, considerados animais exóticos.






Dia Internacional dos Direitos dos Animais



ONG faz protesto no Dia Internacional dos Direitos dos Animais



A ONG espanhola Igualdade Animal faz grandemanifestação para lembrar o Dia Internacional dos Direitos dos Animais, celebrado hoje. 
Mais de 400 ativistas fazem passeata na Praça Puerta delSol, no centro de Madri, na Espanha.
Eles carregam nos braços corpos de animais mortos pela indústria da carne, leite e ovos. 
5 / 8
Em São Paulo, está prevista a realização de uma manifestação semelhante, promovida por ONGs, esta tarde.
jornal do brasil

Polícia prende homem com mais de 70 pássaros e Tanguá



Após denúncia anônima, policiais do Batalhão Florestal apreenderam neste sábado (10) 72 pássaros presos em uma casa em Tanguá, na região das baixadas litorâneas.
O dono do imóvel, de 61 anos, alegou que mantinha os animais em cativeiro por lazer. Ele foi detido e levado para a Delegacia de Tanguá (70ª DP) e será fichado por crime ambiental.
As aves serão levadas para um centro de triagem de animais silvestres em Seropédica, na Baixada Fluminense. A polícia acredita que os pássaros seriam vendidos em feiras livres.

noticias.r7.

Cachorro é trancado dentro de porta-malas

Skipe ficou trancado no porta-malas de um carro estacionado no aeroporto
Skipe ficou trancado no porta-malas de um carro estacionado no aeroporto

Mais um caso envolvendo maus-tratos a animais foi registrado, desta vez em Rio Preto. Um cachorro da raça basset foi deixado por pelo menos quatro horas trancado dentro do porta-malas de um carro Ford Ká, no estacionamento do aeroporto, na manhã de sábado (10).
Segundo a responsável pelo estacionamento do aeroporto, Karina Santana, o dono do carro deixou a chave do veículo em uma banca dentro do aeroporto e disse que havia um cão no porta-malas e que a filha iria buscá-lo.

Relembre o caso:Veterinária acredita na recuperação de TitãTitã vira celebridade e luta para sobreviver

Na troca de turnos, a chave do veículo foi entregue ao segurança Élcio José Malavasi. “Ele estranhou e ligou para mim. Chamei a polícia que resgatou o cachorro e o levou para o Centro (de Controle) de Zoonoses”, diz Karina.
O cãozinho estava com dificuldades de respirar e tremia muito. Segundo a filha do proprietário do veículo, que não quis se identificar, os pais, que são de Barretos, só perceberam a presença do animal quando chegaram em Rio Preto.
Para não perder a viagem, pediram para a filha que fosse buscá-lo. Com o atraso do ônibus, ela só chegou em Rio Preto às 10h30. O cão ficou preso por mais de quatro horas. Ela foi ao Centro de Controle de  Zoonoses retirar o animal e teve de assinar carta de advertência por maus-tratos.
Ainda segundo ela, Spike, nome do cãozinho é bem tratado e não seria abandonado dentro do carro. O dono do veículo terá de prestar esclarecimentos para a polícia, na segunda-feira, depois de voltar de viagem.
Titã
Apesar das vitaminas e ferro que são dados diariamente para Titã, o filhotinho continua com anemia profunda e corre risco de morrer. O vira-lata, que ficou 12 horas enterrado vivo no quintal de uma casa, em Novo Horizonte, está se alimentando e bebendo água de coco, além de abrir um pouco os olhos. “Estamos animados, mas a anemia não cedeu e o quadro continua grave”, disse a veterinária Viviane Cristina da Silva.
Delegado vai ouvir suspeito de crueldade contra Titã
O ex-dono do filhote Titã, que foi enterrado vivo, e principal suspeito do crime de crueldade contra o animal, será ouvido segunda pelo delegado de Novo Horizonte, Luiz Fernando Ribeiro
Titã vence carência de açúcar e proteína no sangue
Mesmo a anemia grave não ter cedido e nem o quadro infeccioso, Titã venceu sua primeira luta. Resultado do último exame de sangue mostra que o cãozinho não apresenta mais carência de açúcar e proteína no sangue
www.redebomdia.

Humanos e não-humanos são iguais perante a lei?


Por Cristiane Kampf
10/12/2011
A visão antropocentrista, desde há muito arraigada na cultura ocidental, entende o homem como um ser superior aos demais animais por possuir uma linguagem e capacidade de raciocínio mais desenvolvidas que outros seres vivos. Características como a solidariedade, a bondade, a empatia e a capacidade de aprender são – nesta concepção que coloca o homem no centro do universo – comumente classificadas como específicas da espécie humana. Em consonância com essas ideias, está a crença de que somente aos homens caberia o direito a ter direitos. No entanto, nos últimos anos surgem polêmicas sobre a possibilidade de animais também terem direitos. Críticos dessa perspectiva argumentam que os animais não têm a capacidade de fazer parte de contrato social, de fazer escolhas morais e que não podem respeitar o direito de outros ou não entendem esse conceito. 
O modo de entender a relação do homem com o universo e, especialmente, dos homens com os animais vem passando por grandes mudanças em todo o mundo, principalmente a partir da década de 1970. Segundo Guilherme Camargo, advogado especialista em meio ambiente e membro da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Campinas, a discussão sobre o direito dos animais remonta a Idade Média e, até o século XX, permanecia apenas no campo filosófico. 
Para o advogado, a Declaração Universal dos Direitos dos Animais, proclamada pela Unesco em 1978, foi um grande marco na luta pela causa animal, a qual, em sua opinião,tem relação direta com os movimentos de minorias que tiveram início nos anos 1960. “Isso ocorre – diz ele –  justamente pelo foco na luta pela proteção e pelos direitos de seres vivos que não são capazes de defesa própria e de exercer a autotutela”. A aproximação entre homens e animais pode ser vislumbrada quando se nota que a declaração de 1978 guarda semelhanças com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, proclamada trinta anos antes, em 1948, durante a Assembleia Geral das Nações Unidas. Há, em ambos os textos, artigos que versam sobre o direito à vida, à liberdade, à segurança pessoal e à dignidade. 
De acordo com Camargo, os animais não possuem capacidade de reivindicar direitos, e, justamente por esta razão, são os primeiros que devem ser protegidos por leis. Em seu entendimento, a senciência (capacidade de sentir dor e processar estímulos externos aos sentidos de tato, visão, olfato e paladar) é justificativa suficiente para que os animais sejam considerados sujeitos de direito. “No momento em que compreendemos que os animais são capazes de sentir dor, exteriorizando seu sofrimento de forma semelhante a dos seres humanos e possuindo um sistema nervoso que reage com sinais básicos iguais aos nossos, é que nasce a consciência moral e o dever de protegê-los desse sofrimento”, diz.
As leis de proteção animal existem, mas raramente são aplicadas
Militantes da causa animal e administradoras da ONG de proteção animal Clube dos Vira-Latas - que abriga aproximadamente quinhentos cães, muitos vítimas de maus-tratos e abandono –, as advogadas Marina Antzuk e Silvia Faller são categóricas:“Animais têm direitos, sentem dor, medo, angústia, alegria, fome, saudades, não são lixo e muito menos objetos descartáveis”. Tanto Antzuk como Faller enfatizam que a vida animal deve ser protegida a qualquer custo e que “nós, seres humanos, somos a voz daqueles que não podem falar”. Segundo elas, apesar das muitas barbaridades que ainda são praticadas em todo o mundo, o assunto dos direitos animais parece estar ganhando cada vez mais espaço na mídia, o que poderia indicar que a sociedade está evoluindo e “deixando o antropocentrismo de lado”, fato que necessariamente levaria a um futuro mais respeitoso em relação à vida dos animais não-humanos. 
Antzuk e Faller destacam ainda o fato de que a legislação brasileira assegura certos direitos aos animais desde 1934, quando o então presidente da República, Getúlio Vargas, assinou o Decreto 24.645, o qual estabelece, em seu artigo primeiro, que todos os animais existentes no país são tutelados pelo Estado e prevê uma detenção de dois a quinze dias para aquele que praticar maus-tratos contra animais. As advogadas apontam que a Lei de Crimes Ambientais, número 9.605, de 1998, em seu artigo 32, estabelece prisão por um período de três meses a um ano para casos de maus-tratos ou abuso contra animais domésticos, silvestres, nativos ou exóticos. A lei de 1998 amplia, portanto, o tempo de punição previsto para o crime e também sua abrangência, na medida em que especifica os animais. 
Segundo Antoniana Ottoni, advogada e representante no Brasil da Animal Defenders International – instituição que atua no Congresso Nacional pressionando deputados a promover projetos de lei a favor do bem-estar animal –, a mudança de percepção que vem ocorrendo com relação aos animais mostra que em um mundo no qual se luta pelo fim das discriminações de raça, de gênero e de espécie, não cabe mais considerar os animais como meros objetos disponíveis à vontade humana. “O direito tradicional – afirma Ottoni – estaria, assim, também mudando sua percepção em relação aos direitos que os animais possuem”. 
Apesar das leis de proteção animal existirem e das punições estarem elencadas claramente nelas, existem entraves no momento da aplicação da pena, quer seja porque são brandas demais ou, em certos casos, por total desconhecimento da própria autoridade no cumprimento das leis. “O cerne da luta por delegacias especializadas para a fase preambular, que é justamente o inquérito, reside exatamente na necessidade de um maior conhecimento e especialização no tema do direito animal por parte das autoridades. Urge que o próprio ministério público, bem como o judiciário, tenham uma visão mais atual do tema, se afastando de antigos conceitos arraigados de que animais são objetos. O direito está em constante evolução, as tendências aparecem e se consolidam por meio das jurisprudências. Esperemos que não tarde a consolidação e conscientização do direito animal, quer pela sociedade, como um todo, quer pelas autoridades”, colocam Antzuk e Faller.
A primeira delegacia de proteção animal do Brasil
Localizada em Campinas (São Paulo), a primeira delegacia especializada no combate de crimes contra animais do país foi criada há dois anos pelo Conselho Municipal de Proteção e Defesa dos Animais do município. A delegacia funcionava inicialmente dentro do 4º Distrito Policial e contava somente com a delegada e um investigador. Atualmente, conta com mais dois investigadores e dois escrivães, e, segundo Flávio Lamas, presidente do conselho municipal e idealizador da delegacia, recebe uma média de oitocentas denúncias de maus-tratos por ano – para ele, um “número fantástico”. 
O objetivo do conselho é criar políticas públicas para a defesa dos direitos dos animais e promover a castração, a guarda responsável e a educação infantil sobre o tema. A delegacia, por sua vez, existe para coibir os maus-tratos e o abandono, além de assegurar o cumprimento das leis que já existem e lutar por uma punição mais severa no caso de não-observância das leis. “Nós achamos muito branda a punição prevista no artigo 32 da Lei 9605, apesar de já considerarmos um avanço o fato de que uma pessoa que seja condenada por maus-tratos perca a primariedade. Mas só isso não satisfaz: é preciso uma punição mais efetiva, de cadeia, para quem cometer crimes contra animais. Nós queremos também que seja proibida a importação de animais de origem estrangeira – o que ainda acontece hoje em dia nos zoológicos. Não há mais necessidade disso: hoje nós temos os canais a cabo e podemos conhecer várias espécies de animais sem que seja necessário tirá-las de seu ambiente de origem”. 
Lamas informa que, atualmente, há delegacias de proteção animal em Ribeirão Preto, Sorocaba, Jundiaí e outras cidades do interior paulista, ou seja, vários municípios do estado estão se espelhando na experiência pioneira de Campinas. “Até mesmo outros estados, como o Rio Grande do Sul, também já estão tentando criar as suas. O secretário de segurança pública do Rio Grande do Sul nos procurou para saber como estamos fazendo aqui, para que eles possam levar o modelo da delegacia pra lá. Então, veja que a iniciativa já partiu do governo do estado e não de um delegado – eles querem montar delegacias em todas as cidades que sigam certos critérios de volume de população”, comemora Lamas. Ele diz que, em cidades pequenas, que não comportam a estrutura de uma delegacia especial para a proteção dos animais, o trabalho de conscientização dos delegados poderia ser feito através da própria população: “se as pessoas sabem que maltratar um animal é crime, podem fazer uma denúncia e exigir que a lei seja cumprida”. 
Assim como os outros entrevistados, Lamas também identifica uma nova tendência na maneira dos homens tratarem os animais. “Há algumas décadas, os animais eram propriedade dos humanos e dificilmente alguém iria discordar disso. Hoje, os animais são parceiros dos humanos no planeta e não bens semoventes, como consta na legislação. Esta é a nova postura, a qual certamente vai passar a influenciar cada vez mais o direito tradicional. Não se diz mais, por exemplo, que alguém é dono de um cachorro. Agora a pessoa é o tutor do cachorro, ou seja, o cão ou gato está sob os cuidados dela e não é sua propriedade”, finaliza. 
Para saber mais: Uma explicação bastante clara e completa sobre a senciência como fundamento dos direitos dos animais pode ser encontrada em um artigo entitulado“Liberdade e bem-estar numa ética de direitos”, escrito pelo historiador Bruno Müller, em sua coluna sobre direitos animais, no site da Agência de Notícias dos Direitos Animais.
comciencia

Somos todos terráqueos Bandeira do veganismo, o documentário Earthlings sinaliza um passo, ainda titubeante, em direção à mudança da relação entre homens e animais.


Marta Kanashiro
10/12/2011
“As imagens que você está prestes a ver não são casos isolados. Estes são os padrões da indústria de animais de estimação, alimentação, vestuário, entretenimento e pesquisa. A discrição do espectador é aconselhada”. Com esse aviso, seguido da definição de terráqueos: “substantivo: habitantes da Terra” e a imagem de nosso planeta visto do espaço, começa o documentário Earthlings. Make the connection(2005), que ficou conhecido no Brasil apenas como Terráqueos. 
Apesar de ter sido lançado há 6 anos e de ter circulado bastante nas redes sociais pela internet e, em meio a vegetarianos, veganos, ambientalistas e simpatizantes, o documentário merece ser retomado neste momento em que seu diretor Shaun Monson anuncia, para 2012, o lançamento de Unity. The ultimate goal of your life, o segundo volume da trilogia iniciada com Earthlings. 
Shaun Monson é ativista de direitos humanos, animais e ambientais e fundador daNation Earth uma organização que busca desenvolver e repercutir o que eles chamam “mídias educacionais”, de fato, filmes e documentários voltados às causas pelas quais Monson milita. Earthlings tem, portanto, uma forte carga militante e, desde o seu lançamento, tornou-se bandeira da causa vegana, ganhou prêmios em três festivais de documentários (em Boston e em San Diego – EUA – e noArtvist), disseminou-se pelas redes sociais e caiu no gosto de celebridades – talvez pela narração do documentário ser feita pelo ator Joaquin Phoenix, vegano e membro do People for the Ethical Treatment of Animals (Peta), organização que conta com a presença de vários vegetarianos e veganos famosos.
Dividido em cinco partes (animais de estimação, alimento, vestuário, entretenimento e ciência) o documentário busca conscientizar ou convencer sobre a importância de não consumir qualquer produto que tenha origem animal ou que tenha causado sofrimento aos animais. Embora muitos associem o vegetarianismo com o veganismo, este último inclui não apenas a negação do consumo de proteínas animais, mas também de vestuário proveniente de animais (como couro e peles); cosméticos, produtos de limpeza, alimentos e outros que tenham sido testados em animais; qualquer tipo de esporte ou entretenimento que os utilize, ou seja, desde corridas de cachorros e touradas até circos, e, por fim, pesquisas e estudos que utilizem animais ou a realização de vivissecção. 
As imagens do filme são oriundas de uma ampla pesquisa feita, algumas vezes, com câmeras escondidas, em laboratórios de pesquisa ou de testes, matadouros, criadouros de animais e outros espaços focalizados pelos veganos. O tom das sequências é de denúncia a partir de cenas chocantes sobre o tratamento sofrido pelos animais e, se por um lado pode servir como alerta para a necessidade de estabelecer uma nova relação entre homens e animais, por outro choca a ponto de provocar uma certa paralisia. Tal qual alguns filmes ambientalistas, como por exemplo Uma verdade inconveniente(2006), Earthlings apresenta um cenário chocante e catastrófico sem apresentar proposições ou alternativas.
No Brasil, alguns documentários seguem um modelo similar de abordagem, mas arriscam um pouco mais no alcance de seu debate. Esse é o caso de um dos vídeos produzidos pela ONG Instituto Nina RosaNão matarás (2006), que tematiza a utilização de animais em laboratórios e centros de pesquisa. Apesar de incorrer no artifício das cenas chocantes, apresenta depoimentos de vários pesquisadores em universidades brasileiras que sinalizam alternativas ao quadro atual de testes ou da vivissecção. Já em A carne é fraca (2004), vídeo também produzido por essa ONG, as soluções desaparecem, o show de horrores predomina, mas há uma série de depoimentos interessantes que fundamentam melhor o veganismo, inclusive como uma opção política. Neste vídeo, vale ressaltar especialmente os depoimentos do jornalista Washington Novaes e do professor de direito da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Christian Guy Caubet. 
Mesmo sinalizando, em seu início, que tratará de padrões industriais (portanto, de um modo de produção), Earthlings peca por essa ausência de alternativas práticas e de fundamentação daquilo que poderia lhe conferir um teor político mais sólido, tornando o choque e a crueza das cenas um tanto vazias desses sentidos. 
Por outro lado, o documentário tem o mérito de promover um deslocamento da centralidade do homem, colocando-o como igual a todos os animais, seja por sermos todos terráqueos, ou pelo reconhecimento das possibilidades de expressão e sensação dos animais, isto é, todos igualmente reagimos à dor, ao frio, à fome e expressamos isso. 
No centro dessa tentativa de mudar a relação de dominação que o homem exerce sobre os animais, está o conceito de especismo, que por analogia aos termos racismo e sexismo, sinaliza uma forma de preconceito ou atitude tendenciosa em favor dos interesses de uma espécie, contra membros de outras espécies. Nesse sentido, os homens utilizam outros animais (que não os de sua própria espécie) para o suprimento de suas necessidades, desconsiderando ou ignorando o sofrimento que causam. 
As relações de dominação e poder estão, portanto, tematizadas, assim como uma certa herança do veganismo em relação a outros movimentos sociais. Mas ao não privilegiar os fundamentos que tornam o veganismo uma opção política, Earthlings acaba se afastando do que pode ser a principal força desse movimento. 
Essa força está justamente naquilo que agrega uma série de movimentos que parecem, à primeira vista, opções muito individuais, mas que demonstram questionar de forma capilar algo mais amplo, como o modo de produção no capitalismo. Por exemplo, a produção e o consumo de alimentos orgânicos pode ser vista como uma opção individual por saúde, de forma mais ampla como solução ambiental e, no limite, como um questionamento do modo de produção em larga escala, que privilegia a monocultura e envolve grandes corporações.
Earthlings parece não alcançar justamente esse potencial da causa vegana privilegiando uma espécie de “choque conscientizador”. O trailer do próximo documentário (Unity) exibe imagens que sinalizam a possibilidade de suprir essa ausência. A expectativa, enfim, é que em algum momento a trilogia de Shaun Monson possa mostrar, de verdade, a que veio e que isso esteja associado a uma reflexão do próprio movimento sobre seu alcance e potencialidade.
Earthlings. Make the connectionDireção: Shaun Monson
Ano: 2005
comciencia