Um veterinário alentejano encontrou no Porto o lugar ideal para criar a DomusVet, uma empresa que aposta nas consultas ao domicílio.
A Focas, uma cadela de raça indeterminada, tem três anos de vida e uma ferida na face e no pescoço. O médico limpa-a e apara-lhe o pêlo em redor. Antes de se despedir, receita-lhe antibiótico, anti-inflamatório e, pior, na óptica do animal, põe-lhe um colar isabelino que terá de usar até à cicatrização da ferida.
Entretanto, fizeram-se horas para rumar a Gondomar onde o magro gato Chano, com 13 anos e seropositivo, o aguarda. Mais uma visita, mais uma viagem. São assim os dias do veterinário alentejano desde o início deste ano, data em que a sua empresa de prestação de serviços veterinários ao domicílio, a DomusVet, iniciou actividade.
Medicina "mais pessoal"
As fracas propostas laborais que surgiam a Pedro Oliveira e, sobretudo, a vontade de praticar uma "medicina veterinária mais pessoal", foram o mote para o empreendedor se lançar num negócio só seu e à sua imagem. Ao domicílio o que, nesta área específica, o torna invulgar.
No Porto, cidade que escolheu para viver, o licenciado em medicina veterinária, com quase 10 anos de experiência profissional e duas pós graduações, em clínica geral e em cirurgia de tecidos moles, deu o passo depois de analisar o mercado e constatar que, embora grande parte dos serviços de saúde animal pudessem ser prestados em casa, "não havia quase oferta".
Vantagens? Ser médico veterinário ao domicílio permite-lhe "analisar o contexto em que os animais vivem o que, regra geral, contribui para a resolução de situações". E se é verdade que este modelo - mais do que as habituais clínicas - exige maior "compromisso e confiança", não é menos verdade, defende, que permite estabelecer uma "relação única" com estes companheiros do homem, factor crítico para o sucesso do seu trabalho.
O veterinário apostou nesta "diferenciação" numa altura "em que os clientes, procuram, cada vez mais, serviços personalizados". Na DomusVet, que opera nos concelhos do Porto, Maia, Matosinhos, Trofa, Gondomar, Valongo e Vila do Conde, é assim o serviço: "sem salas de espera, sem o 'stress' do transporte e do trânsito, evitando-se o contacto de animais saudáveis com animais doentes e possibilitando uma relação de grande proximidade entre o veterinário, o dono e o animal", explica o empreendedor, sublinhando que os clientes poupam no tempo e no combustível.
O calvário que o empreendedor enfrentou esteve na obtenção de financiamento. Consultou várias entidades - IEFP, IAPMEI, Associação Nacional de Direito ao Crédito - para obter informação quanto a programas de apoio à criação de empresas, mas "a burocracia e a dificuldade de acesso à informação mostraram-se obstáculos a um desenvolvimento célere".
Nas consultas à banca, sentiu "sempre" a "tentativa de condução do processo para créditos ao consumo", quando o que pretendia era uma oferta específica para PME, o que, sublinha, "não deixa de ser paradoxal, quando palavras como empreendorismo, mudança e risco fazem hoje parte do léxico quotidiano".
Para acelerar o arranque da empresa decidiu avançar com capitais próprios, "evitando processos burocráticos longos" e, também, contrair uma dívida com juros "nada atractivos". O investimento inicial rondou os dez mil euros, "sobretudo para a aquisição de equipamento e lançamento da marca".
fonte:jornaldenegocios.pt
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