Um tigre apanhado pela câmara no Parque Nacional de Chitwan em 2010 (Foto: Universidade Estatal de Michigan
Os tigres que vivem num dos principais parques protegidos do Nepal parecem estar se adaptando à presença humana e preferem arriscar caminhar à noite nos trilhos também utilizados pelas pessoas, mostra um estudo publicado recentemente pela revista norte-americana Proceedings of the National Academy of Sciences.
A descoberta foi feita graças às câmaras de vigilância, que se activam quando sentem movimento, colocadas numa região do Parque Nacional de Chitwan, no Nepal, e numa região já fora do parque. Neil Carter, do Centro para a Integração de Sistemas e Sustentabilidade, da Universidade Estatal de Michigan, nos Estados Unidos, e mais alguns investigadores, colocaram em 2010 e 2011 perto de oito dezenas destas câmaras nesta região.
Os aparelhos serviam para detectar a presença de pessoas, de grandes herbívoros que servem de presas para os tigres e, claro está, dos tigres – uma das espécies de felinos mais ameaçada no mundo, que vive em pequenas áreas de alguns países da Ásia e que hoje não ultrapassa os 3000 indivíduos.
O objetivo era compreender, num local que está mais povoado a cada ano que passa, como é que os tigres estão a reagir. O parque, que tem cerca de mil quilómetros quadrados, o triplo do estuário do Tejo, é um lugar importante para as pessoas irem buscar madeira e pasto para alimentar os seus animais.
“É um conflito muito primário sobre os recursos”, disse Carter em comunicado. “Os tigres necessitam de recursos, as pessoas necessitam dos mesmos recursos. Se nós nos basearmos no conhecimento tradicional de que os tigres só sobrevivem se tiverem todo o espaço para eles, então haverá sempre um conflito. Se a prioridade é as pessoas, então os tigres ficam a perder. Se a prioridade é os tigres, então são as pessoas que perdem.”
Apesar do número de pessoas estar a aumentar, nem o número de herbívoros nem o número de tigres estão diminuindo. Mas os tigres, principalmente nas regiões fora do parque, estão a preferir movimentar-se à noite, quando o movimento humano baixa consideravelmente. Durante os dois anos de estudo, apenas 20% dos registos das câmaras de tigres ocorreram de dia, e fora do parque essa percentagem baixa para 5%.
“As condições para os tigres em Chitwan são boas”, explica o investigador. “Os números das presas são altos, as florestas fora do parque estão a regenerar, e a caça feita ao tigre e às presas é relativamente baixa. No entanto, pessoas de diferentes tipos, incluindo turistas e residentes locais, frequentam as florestas de Chitwan. Para terem um futuro longo, os tigres precisam de utilizar os mesmos locais das pessoas. O que estamos a aprender em Chitwan é que os tigres parecem estar a adaptar-se para que esta equação funcione.”
Fonte: Ecosfera
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