Com 20 anos de carreira, Marcelo Médici é um dos
grandes talentos da dramaturgia brasileira. O sucesso nos palcos o
levou à TV, seu primeiro trabalho foi o humorístico A Praça é Nossa, no SBT. Mas foi interpretando o gago Fladson na novela Belíssima,
de Silvio de Abreu, que Marcelo ganhou projeção nacional. Desde
pequeno queria ser ator. Aos 16 anos foi estudar teatro, no curso de
Antunes Filho. Depois fez o curso Celia Helena e formou-se pela EAD –
Escola de Arte Dramática de São Paulo. Participou de mais de 30
espetáculos teatrais, entre os quais o show de humor Terça Insana, o musical Sweet Charity e o solo Cada Um Com Seus Pobrema.
Além do amor pela profissão, Marcelo Médici é um grande defensor de animais e já emprestou voluntariamente seu talento à causa no Festival ANDA – Música e Consciência, em 2010, no qual mostrou sua generosidade, compaixão e respeito pelos animais.
ANDA – “Cada um com seus pobrema”, a peça na qual você é autor e interpreta as personagens, é considerada um sucesso de bilheteria e crítica. A que você atribui tanto sucesso?
Marcelo Médici - É aquela velha história, se o sucesso tivesse receita ninguém faria mais nada que não desse certo… Mas na verdade atribuo esse sucesso ao público. Boas críticas, prêmios, claro, são sempre muito bem vindos, mas quem realmente determina o sucesso de um espetáculo é o público. Tentei fazer um espetáculo onde a inteligência do público não fosse subestimada, e sinceramente torci para que desse certo, mas nunca poderia imaginar que fosse fazer o sucesso que faz. Despretensão é a palavra que melhor define essa minha empreitada.
ANDA – Com o formato stand-up comedy, você acredita que o público brasileiro passou a perceber o humor de outra maneira?
Marcelo Médici – Embora já tenha sido apresentado ao público brasileiro por comediantes como José Vasconcelos, Chico Anysio, Jô Soares, Agildo Ribeiro, entre outros mestres, impossível não notar a força do gênero stand-up comedy no momento atual. Da mesma forma que o teatro besteirol trouxe uma nova linguagem na cena teatral dos anos oitenta, o movimento do stand-up já tem seu nome garantido na história do humor no Brasil, mas medir a real relevância do estilo nesse exato momento me parece um pouco precipitado. Claro que existem pessoas talentosas fazendo, mas existe também o oportunismo que sempre pega carona no modismo.
ANDA - Em seu ponto de vista, a Justiça é branda ao julgar os casos de maus-tratos contra os animais?
Marcelo Médici – Na minha opinião ela nem existe… Vide a triste e revoltante história do tutor que amarrou pedras e tentou afogar o cachorro em Vitória (ES) porque ele tinha pulgas.
Enquanto não existir uma punição factual, os absurdos continuarão. E digo mais: quem maltrata animais é absolutamente capaz de maltratar seres humanos. Um sintoma reconhecido cientificamente em psicopatas com potencial violento é a crueldade contra animais. Mais um motivo para atenção das autoridades.
ANDA - A esquete “O último mico leão dourado” fala sobre vários assuntos relacionados aos direitos animais. Como surgiu a ideia de colocar a personagem em seu espetáculo?
Marcelo Médici – A ideia da personagem partiu do diretor e co-autor do “Cada um com seus pobrema”, Ricardo Rathsam. O humor por vezes tem efeito bumerangue. Ele vai até determinado ponto e volta. No caso do Mico, as pessoas se divertem enquanto falo coisas que julgo realmente importantes.
ANDA - Como a arte pode auxiliar na conscientização e respeitos aos animais?
Marcelo Médici – A arte pode tudo. Qualquer nação sólida terá educação e cultura como base. A partir daí, a conscientização em defesa dos animais passar a ser um efeito imediato das pessoas.
ANDA - O que falta para haver mais engajamento da classe artística na defesa dos animais?
Marcelo Médici – Acho que uma decisão pessoal. O artista que se colocar a favor dessa defesa precisa estar preparado para ouvir: “- Com tantas crianças abandonadas em nosso país, você está preocupado com bichos?” Eu particularmente não aprovo o radicalismo em nada, nem na política, nem em religião nem em defesa dos animais. Atitudes grosseiras, invasivas e agressivas não trarão simpatia à causa. A conscietização, na minha opinião, deve ser feita de forma positiva. Reiterando que as leis precisam ser revistas.
ANDA -Você já trabalhou em uma pet shop nos anos 80. Como foi essa experiência e o quanto contribuiu para o seu engajamento na causa animal?
Marcelo Médici – Quero deixar muito claro que não estou generalizando, mas minha experiência não foi boa. Eu tinha 12 anos e era um péssimo banhista: Os cachorros percebiam que eu não impunha limite, pediam arrego e tomavam banho particamente no meu colo, rs… A tosadora era amante do proprietário e acho que haviam brigado. Ela resolveu descontar o mau humor num cachorro que estava sendo tosado. Pegou a maquina e bateu na violentamente na cabeça do pobre cachorro… Era um cachorro dócil. Na mesma hora tirei meu avental e fiquei na porta esperando a tutora, para contar o corrido, mesmo sendo ameaçado pelo dono do estabelecimento.
Nunca vou esquecer a violência desse episódio. O problema é que os tutores alegam não terem tempo e os cães são buscados e levados pelos próprios pet shops. O tutor raras vezes supervisiona o trabalho dos banhistas e tosadores (muitas vezes mal preparados). Muito menos os proprietários e menos ainda os veterinários responsáveis, que na maioria das vezes nem está presente. O CRMV precisa melhorar a fiscalização. A existência de pet shops é necessária para algumas raças, e acredito que existam pessoas sérias, que gostam do que fazem e não visam somente o lucro, mas infelizimente são poucas. É necessário estar presente na hora do banho e tosa, vendo como seu animal está sendo tratado.
ANDA - Você está envolvido em algum projeto em defesa dos animais?
Marcelo Médici – Ajudo como posso. Tento divulgar visando à conscientização. Já participei de algumas ações, faço algumas doações, mas a divulgação disso me interessa.
ANDA -Você tem animais? Fale um pouco sobre a sua relação com eles.
Marcelo Médici – Amo todos os animais, já tive vários animais, mas minha paixão são os cachorros. Nunca tive menos que quatro. Para minha sorte, minha mãe compartilhava desse amor, e isso facilitou bastante (risos)… Nunca escolhi um cachorro pela raça, sempre tive vira-latas. Mas também acho meio chato essa onda de patrulhamento com relação aos animais de raça. Gosto de bicho independente disso. Minha relação com eles é de dependência moral… Por mais que cada morte seja uma perda muito complicada, nunca saberei viver sem a companhia deles. Meus bichos são meu equilibrio, a razão do meu afeto, me fazem uma pessoa melhor.
ANDA - Agora que o trabalho em Passione acabou já tem planos para o futuro? Está trabalhando em algo especial?
Marcelo Médici – Teatro na veia. Tenho algumas apresentações do Cada um com seus pobrema em São Paulo, Brasília, Santos e Campinas, depois começo a ensaiar uma outra comédia intitulada Eu Era Tudo pra Ela e Ela me Deixou, que estreia em junho no Teatro FAAP, e talvez ainda faça um musical que deve estrear no final do ano. Fora isso, tenho mais dois textos teatrais bem engatilhados. Puxado (risos)…
fonte: anda
Além do amor pela profissão, Marcelo Médici é um grande defensor de animais e já emprestou voluntariamente seu talento à causa no Festival ANDA – Música e Consciência, em 2010, no qual mostrou sua generosidade, compaixão e respeito pelos animais.
ANDA – “Cada um com seus pobrema”, a peça na qual você é autor e interpreta as personagens, é considerada um sucesso de bilheteria e crítica. A que você atribui tanto sucesso?
Marcelo Médici - É aquela velha história, se o sucesso tivesse receita ninguém faria mais nada que não desse certo… Mas na verdade atribuo esse sucesso ao público. Boas críticas, prêmios, claro, são sempre muito bem vindos, mas quem realmente determina o sucesso de um espetáculo é o público. Tentei fazer um espetáculo onde a inteligência do público não fosse subestimada, e sinceramente torci para que desse certo, mas nunca poderia imaginar que fosse fazer o sucesso que faz. Despretensão é a palavra que melhor define essa minha empreitada.
ANDA – Com o formato stand-up comedy, você acredita que o público brasileiro passou a perceber o humor de outra maneira?
Marcelo Médici – Embora já tenha sido apresentado ao público brasileiro por comediantes como José Vasconcelos, Chico Anysio, Jô Soares, Agildo Ribeiro, entre outros mestres, impossível não notar a força do gênero stand-up comedy no momento atual. Da mesma forma que o teatro besteirol trouxe uma nova linguagem na cena teatral dos anos oitenta, o movimento do stand-up já tem seu nome garantido na história do humor no Brasil, mas medir a real relevância do estilo nesse exato momento me parece um pouco precipitado. Claro que existem pessoas talentosas fazendo, mas existe também o oportunismo que sempre pega carona no modismo.
ANDA - Em seu ponto de vista, a Justiça é branda ao julgar os casos de maus-tratos contra os animais?
Marcelo Médici – Na minha opinião ela nem existe… Vide a triste e revoltante história do tutor que amarrou pedras e tentou afogar o cachorro em Vitória (ES) porque ele tinha pulgas.
Enquanto não existir uma punição factual, os absurdos continuarão. E digo mais: quem maltrata animais é absolutamente capaz de maltratar seres humanos. Um sintoma reconhecido cientificamente em psicopatas com potencial violento é a crueldade contra animais. Mais um motivo para atenção das autoridades.
ANDA - A esquete “O último mico leão dourado” fala sobre vários assuntos relacionados aos direitos animais. Como surgiu a ideia de colocar a personagem em seu espetáculo?
Marcelo Médici – A ideia da personagem partiu do diretor e co-autor do “Cada um com seus pobrema”, Ricardo Rathsam. O humor por vezes tem efeito bumerangue. Ele vai até determinado ponto e volta. No caso do Mico, as pessoas se divertem enquanto falo coisas que julgo realmente importantes.
ANDA - Como a arte pode auxiliar na conscientização e respeitos aos animais?
Marcelo Médici – A arte pode tudo. Qualquer nação sólida terá educação e cultura como base. A partir daí, a conscientização em defesa dos animais passar a ser um efeito imediato das pessoas.
ANDA - O que falta para haver mais engajamento da classe artística na defesa dos animais?
Marcelo Médici – Acho que uma decisão pessoal. O artista que se colocar a favor dessa defesa precisa estar preparado para ouvir: “- Com tantas crianças abandonadas em nosso país, você está preocupado com bichos?” Eu particularmente não aprovo o radicalismo em nada, nem na política, nem em religião nem em defesa dos animais. Atitudes grosseiras, invasivas e agressivas não trarão simpatia à causa. A conscietização, na minha opinião, deve ser feita de forma positiva. Reiterando que as leis precisam ser revistas.
ANDA -Você já trabalhou em uma pet shop nos anos 80. Como foi essa experiência e o quanto contribuiu para o seu engajamento na causa animal?
Marcelo Médici – Quero deixar muito claro que não estou generalizando, mas minha experiência não foi boa. Eu tinha 12 anos e era um péssimo banhista: Os cachorros percebiam que eu não impunha limite, pediam arrego e tomavam banho particamente no meu colo, rs… A tosadora era amante do proprietário e acho que haviam brigado. Ela resolveu descontar o mau humor num cachorro que estava sendo tosado. Pegou a maquina e bateu na violentamente na cabeça do pobre cachorro… Era um cachorro dócil. Na mesma hora tirei meu avental e fiquei na porta esperando a tutora, para contar o corrido, mesmo sendo ameaçado pelo dono do estabelecimento.
Nunca vou esquecer a violência desse episódio. O problema é que os tutores alegam não terem tempo e os cães são buscados e levados pelos próprios pet shops. O tutor raras vezes supervisiona o trabalho dos banhistas e tosadores (muitas vezes mal preparados). Muito menos os proprietários e menos ainda os veterinários responsáveis, que na maioria das vezes nem está presente. O CRMV precisa melhorar a fiscalização. A existência de pet shops é necessária para algumas raças, e acredito que existam pessoas sérias, que gostam do que fazem e não visam somente o lucro, mas infelizimente são poucas. É necessário estar presente na hora do banho e tosa, vendo como seu animal está sendo tratado.
ANDA - Você está envolvido em algum projeto em defesa dos animais?
Marcelo Médici – Ajudo como posso. Tento divulgar visando à conscientização. Já participei de algumas ações, faço algumas doações, mas a divulgação disso me interessa.
ANDA -Você tem animais? Fale um pouco sobre a sua relação com eles.
Marcelo Médici – Amo todos os animais, já tive vários animais, mas minha paixão são os cachorros. Nunca tive menos que quatro. Para minha sorte, minha mãe compartilhava desse amor, e isso facilitou bastante (risos)… Nunca escolhi um cachorro pela raça, sempre tive vira-latas. Mas também acho meio chato essa onda de patrulhamento com relação aos animais de raça. Gosto de bicho independente disso. Minha relação com eles é de dependência moral… Por mais que cada morte seja uma perda muito complicada, nunca saberei viver sem a companhia deles. Meus bichos são meu equilibrio, a razão do meu afeto, me fazem uma pessoa melhor.
ANDA - Agora que o trabalho em Passione acabou já tem planos para o futuro? Está trabalhando em algo especial?
Marcelo Médici – Teatro na veia. Tenho algumas apresentações do Cada um com seus pobrema em São Paulo, Brasília, Santos e Campinas, depois começo a ensaiar uma outra comédia intitulada Eu Era Tudo pra Ela e Ela me Deixou, que estreia em junho no Teatro FAAP, e talvez ainda faça um musical que deve estrear no final do ano. Fora isso, tenho mais dois textos teatrais bem engatilhados. Puxado (risos)…
fonte: anda
Nenhum comentário:
Postar um comentário
verdade na expressão