O Gabão, último paraíso africano, é o cenário de alguns das mais
espetaculares criaturas do planeta. Mas os cientistas sabem muito pouco
sobre os animais que vivem nas copas das árvores.
A partir desta casa suspensa no meio da floresta, eles esperam desvendar os mistérios de um imenso ecossistema. E não só pesquisadores decidiram morar lá.
Sustentada por cabos de aço a seis metros de altura, a cabana está fora do alcance dos gigantes da selva.
Pela manhã, eles recebem outras visitas. Os macacos de topete vermelho chegam bem perto.
A pesquisadora Julie vibra com a novidade. "É demais viver num lugar onde as espécies que estudamos vêm nos visitar", diz ela. "É ótimo que eles não se assustem com a casa. Parecem tentar descobrir que tipo de macaco vive aqui".
Para ela, é mais uma descoberta importante: os macacos não se sentem ameaçados por pessoas que estão nas copas das árvores, como eles.
Uma semana de estudos e Julie começa a compreender a rotina destes animais. Eles usam diferentes áreas da floresta, de acordo com o horário.
A pesquisadora mostra um GPS. O equipamento registra o local exato dos macacos. Assim ela descobre o que eles fazem em cada momento do dia.
Lá eles vão buscar alimentos. É bem perto da praia.
As frutas mais maduras estão lá no alto, mas o lugar torna os macacos presas fáceis para as águias.
Por isso, eles enchem as bochechas de frutas e guardam para mastigar mais tarde, num ponto mais seguro da floresta. E estão tão ocupados que nem se preocupam com os pesquisadores.
Julie diz que está fascinada pelo grande conhecimento dos macacos sobre o ambiente onde vivem. "Eles conseguem localizar as árvores frutíferas e sabem também quando os frutos estão maduros".
A descoberta desta área foi decisiva para a pesquisa. A partir de
agora, Julie e os guias vão apostar todas as fichas neste lugar.
Os elefantes da floresta são uma constante ameaça à equipe.
Guy, o aventureiro responsável pela comida e pela proteção da equipe, decidiu aprender mais sobre estes animais.
O especialista Gaspard Abits está fazendo uma espécie de censo: quantos elefantes habitam o local?
E a forma com que os pesquisadores fazem isso é no mínimo curiosa: contando os montes de estrume que os elefantes deixam para trás. Cada elefante faz dezessete destes por dia.
O esterco revela também o que eles comem. Um monte destes pode conter até mil sementes. Eles dispersam tantas sementes que são chamados de jardineiros da floresta.
Estes animais têm uma imensa importância ecológica. Geração após geração, eles criam uma rede de trilhas para chegar às árvores que produzem as frutas preferidas da espécie.
À medida que avançam, a trilha vai ficando menor. E as pegadas parecem cada vez maiores.
Surpreender um elefante na floresta é muito perigoso. Por isso, Zico, o guia local, dá uns gritos para alertar os animais sobre a presença humana.
São dois elefantes. E o pior é que o vento está contra, e leva o cheiro da equipe até os animais. É preciso se afastar.
Guy explica que esta é a combinação mais perigosa da natureza: uma mãe e seu filhote.
"Qualquer animal, uma baleia, um urso, um búfalo, se houver uma mãe e um filhote se alimentando, não chegue perto", diz Guy. "eles não gostam de ser incomodados".
E a mãe-elefante mandou um claro aviso para a equipe. Hora de correr em direção à praia. É melhor não arriscar.
Estes gigantes são nômades. Na época das chuvas, deixam o interior em busca do pasto e das frutas da costa da África.
Nestas migrações encontram os seres humanos. E aí começam os problemas.
Neste fim da tarde, os cientistas encontram os macacos cruzando uma área alagada, à beira da lagoa. Devem estar se deslocando para o local onde passam a noite.
É uma oportunidade perfeita para novas gravações.
Mas Gavin não gosta das imagens de dentro do barco: elas balançam muito. Só há um jeito. Ele arrisca, entrando na lagoa, cheia de crocodilos.
Mas foi assim que ele descobriu que os macacos foram até um bosque, isolado do resto da floresta por áreas alagadas. Lugar seguro e silencioso para uma noite de sono sem ameaças.
"Nós encontramos pedaços de frutas espalhados embaixo de uma árvore. Ou seja, eles trazem frutas de outros lugares para comer aqui à noite", diz a bióloga.
Ela está convencida de que encontrou o refúgio noturno dos bichos. Mas por enquanto vai deixá-los em paz. E voltar depois do anoitecer.
À noite nossos observadores voltam ao lugar com um equipamento especial. Uma câmera que capta imagens de calor e não de luz. As áreas quentes exibem um brilho laranja e amarelo.
No início conseguem filmar apenas alguns morcegos.
Julie precisa documentar a sua hipótese: quer provar que os macacos estão dormindo naquele bosque.
E decide arriscar: caminhar pela escuridão da floresta é uma coisa que ela nunca tinha feito antes.
Mais adiante, no alto das árvores, começam a surgir os vultos luminosos. A pesquisadora estava certa.
São vários macacos. E eles não dormem todos juntos, em bando, como se pensava.
Esta é uma das raras vezes que cientistas conseguem filmá-los à noite. Sabe-se muito pouco sobre o comportamento destes bichos durante a madrugada.
"É estranho que estejam tão longe uns dos outros", diz a pesquisadora.
Ela acredita que os animais se sentem seguros neste lugar, cercado por água de todos os lados.
É mais uma expressiva descoberta. Agora eles já sabem como vivem os macacos neste trecho da floresta. E vão poder segui-los do momento que acordam até a hora de dormir.
À noite, na casa, todos se juntam para compartilhar as descobertas. Gavin conseguiu registrar novas cenas do cotidiano dos macacos.
"Para esta espécie a comunicação visual é muito importante. Ainda mais que a oral. Por isso, as cores tão vibrantes. O branco em especial é importante e significativo. Ainda mais neste ambiente, onde quase tudo é verde", diz Julie.
Estes macacos são muito próximos dos humanos. Cada um tem uma personalidade e um rosto diferente.
Assim como nós, eles se comunicam pelo olhar. As sobrancelhas brancas sobressaem, e ressaltam as expressões faciais.
Talvez sejam os mais parecidos com o homem.
OBS: Por motivos contratuais, o programa não pode ser exibido na internet.
fonte:g1.globo
A partir desta casa suspensa no meio da floresta, eles esperam desvendar os mistérios de um imenso ecossistema. E não só pesquisadores decidiram morar lá.
Sustentada por cabos de aço a seis metros de altura, a cabana está fora do alcance dos gigantes da selva.
Pela manhã, eles recebem outras visitas. Os macacos de topete vermelho chegam bem perto.
A pesquisadora Julie vibra com a novidade. "É demais viver num lugar onde as espécies que estudamos vêm nos visitar", diz ela. "É ótimo que eles não se assustem com a casa. Parecem tentar descobrir que tipo de macaco vive aqui".
Para ela, é mais uma descoberta importante: os macacos não se sentem ameaçados por pessoas que estão nas copas das árvores, como eles.
Uma semana de estudos e Julie começa a compreender a rotina destes animais. Eles usam diferentes áreas da floresta, de acordo com o horário.
A pesquisadora mostra um GPS. O equipamento registra o local exato dos macacos. Assim ela descobre o que eles fazem em cada momento do dia.
Lá eles vão buscar alimentos. É bem perto da praia.
As frutas mais maduras estão lá no alto, mas o lugar torna os macacos presas fáceis para as águias.
Por isso, eles enchem as bochechas de frutas e guardam para mastigar mais tarde, num ponto mais seguro da floresta. E estão tão ocupados que nem se preocupam com os pesquisadores.
Julie diz que está fascinada pelo grande conhecimento dos macacos sobre o ambiente onde vivem. "Eles conseguem localizar as árvores frutíferas e sabem também quando os frutos estão maduros".
Os elefantes da floresta são uma constante ameaça à equipe.
Guy, o aventureiro responsável pela comida e pela proteção da equipe, decidiu aprender mais sobre estes animais.
O especialista Gaspard Abits está fazendo uma espécie de censo: quantos elefantes habitam o local?
E a forma com que os pesquisadores fazem isso é no mínimo curiosa: contando os montes de estrume que os elefantes deixam para trás. Cada elefante faz dezessete destes por dia.
O esterco revela também o que eles comem. Um monte destes pode conter até mil sementes. Eles dispersam tantas sementes que são chamados de jardineiros da floresta.
Estes animais têm uma imensa importância ecológica. Geração após geração, eles criam uma rede de trilhas para chegar às árvores que produzem as frutas preferidas da espécie.
À medida que avançam, a trilha vai ficando menor. E as pegadas parecem cada vez maiores.
Surpreender um elefante na floresta é muito perigoso. Por isso, Zico, o guia local, dá uns gritos para alertar os animais sobre a presença humana.
São dois elefantes. E o pior é que o vento está contra, e leva o cheiro da equipe até os animais. É preciso se afastar.
Guy explica que esta é a combinação mais perigosa da natureza: uma mãe e seu filhote.
"Qualquer animal, uma baleia, um urso, um búfalo, se houver uma mãe e um filhote se alimentando, não chegue perto", diz Guy. "eles não gostam de ser incomodados".
E a mãe-elefante mandou um claro aviso para a equipe. Hora de correr em direção à praia. É melhor não arriscar.
Estes gigantes são nômades. Na época das chuvas, deixam o interior em busca do pasto e das frutas da costa da África.
Nestas migrações encontram os seres humanos. E aí começam os problemas.
Neste fim da tarde, os cientistas encontram os macacos cruzando uma área alagada, à beira da lagoa. Devem estar se deslocando para o local onde passam a noite.
É uma oportunidade perfeita para novas gravações.
Mas Gavin não gosta das imagens de dentro do barco: elas balançam muito. Só há um jeito. Ele arrisca, entrando na lagoa, cheia de crocodilos.
Mas foi assim que ele descobriu que os macacos foram até um bosque, isolado do resto da floresta por áreas alagadas. Lugar seguro e silencioso para uma noite de sono sem ameaças.
"Nós encontramos pedaços de frutas espalhados embaixo de uma árvore. Ou seja, eles trazem frutas de outros lugares para comer aqui à noite", diz a bióloga.
Ela está convencida de que encontrou o refúgio noturno dos bichos. Mas por enquanto vai deixá-los em paz. E voltar depois do anoitecer.
À noite nossos observadores voltam ao lugar com um equipamento especial. Uma câmera que capta imagens de calor e não de luz. As áreas quentes exibem um brilho laranja e amarelo.
No início conseguem filmar apenas alguns morcegos.
Julie precisa documentar a sua hipótese: quer provar que os macacos estão dormindo naquele bosque.
E decide arriscar: caminhar pela escuridão da floresta é uma coisa que ela nunca tinha feito antes.
Mais adiante, no alto das árvores, começam a surgir os vultos luminosos. A pesquisadora estava certa.
São vários macacos. E eles não dormem todos juntos, em bando, como se pensava.
Esta é uma das raras vezes que cientistas conseguem filmá-los à noite. Sabe-se muito pouco sobre o comportamento destes bichos durante a madrugada.
"É estranho que estejam tão longe uns dos outros", diz a pesquisadora.
Ela acredita que os animais se sentem seguros neste lugar, cercado por água de todos os lados.
É mais uma expressiva descoberta. Agora eles já sabem como vivem os macacos neste trecho da floresta. E vão poder segui-los do momento que acordam até a hora de dormir.
À noite, na casa, todos se juntam para compartilhar as descobertas. Gavin conseguiu registrar novas cenas do cotidiano dos macacos.
"Para esta espécie a comunicação visual é muito importante. Ainda mais que a oral. Por isso, as cores tão vibrantes. O branco em especial é importante e significativo. Ainda mais neste ambiente, onde quase tudo é verde", diz Julie.
Estes macacos são muito próximos dos humanos. Cada um tem uma personalidade e um rosto diferente.
Assim como nós, eles se comunicam pelo olhar. As sobrancelhas brancas sobressaem, e ressaltam as expressões faciais.
Talvez sejam os mais parecidos com o homem.
OBS: Por motivos contratuais, o programa não pode ser exibido na internet.
fonte:g1.globo
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