Por Lobo Pasolini (da Redação)
Psicologia e estratégia são duas ferramentas poderosas na vida dos ativistas dos animais, tanto para aumentar a eficiência do trabalho e preservar o ativista do desgaste emocional que o trabalho envolve. O escritor e ativista Nick Cooney, atualmente um dos gerentes de comunidade no Farm Sanctuary, uma das maiores organizações de defesa animal nos Estados Unidos, conhece bem o assunto. Ele já escreveu o livro Change of Heart e fundou a Humane League antes de aterrissar no cargo que hoje ocupa. Graduado em estudos de não violência na Hofstra University e tendo já trabalhado em um programa de nutrição da Universidade da Pensilvânia, ele conversou com a ANDA sobre ativismo e as melhores formas de fazer do mundo um lugar melhor para os animais.
ANDA – Quais são os melhores instrumentos de comunicação que um ativista deveria ter para argumentar pelos animais?
Nick Cooney - Geralmente, as melhores ferramentas de comunicação são aquelas que você usaria para se dar bem no trabalho ou para conquistar alguém. Trabalhe para ser confiante e amigável. Diga coisas positivas sobre a pessoa com quem você está falando e pergunte o que eles acham. Diga a ela que esta questão se alinha com o tipo de pessoa que ela é e aquilo que ela já acredita. Dê a ela a impressão de que você é parecido com ela, mas também vegetariano. Seja gentil e calmo. Não seja agressivo e nem tente provar que ela está errada. Essas são habilidades nas quais nós podemos trabalhar e melhorar com o tempo. Em termos do que dizer, use histórias sobre como os animais são tratados em vez de citar muitos fatos e números. As pessoas não se importam com estatísticas ou o número de animais mortos, mas elas se identificam mais com histórias de um indivíduo em particular. Pergunte a ela porque come carne ao invés de tentar dar um milhão de razões para ser vegetariana. Estimule-a a tentar pratos vegetarianos e dê a ela uma ou duas dicas de como o fazê-lo (qual mercearia tem bons produtos vegetarianos, por exemplo, ou um exemplo de um prato que você gosta de preparar para a sua família).
ANDA- A crueldade contra os animais é umas das narrativas mais comuns usadas por ONGs de proteção animal tanto para regular a indústria quanto para convencer o público a se tornar vegano. Mas o quão eficazes você acha que essas imagens de crueldade realmente são? Como você acha que elas deveriam ser usadas?
Nick Cooney - Falar sobre crueldade e especialmente mostrar ao público essa crueldade em forma de fotos e vídeos tem bastante força. Pesquisas mostram que imagens perturbadoras de crueldade funcionam melhor para convencer as pessoas a mudar sua atitude do que imagens felizes ou apenas texto. Na minha experiência, é claro que uma imagem é muito melhor do que um texto, e um vídeo é muito melhor do que fotos, quando se trata de mostrar publicamente a crueldade e persuadir o público a fazer a transição para uma dieta vegetariana e vegana. No entanto, mostrar a crueldade só é útil se as pessoas também forem expostas a uma mensagem positiva sobre o que eles podem fazer para ajudar a situação. Então, além de mostrar a crueldade, nós precisamos mostrar que as pessoas podem parar essa crueldade simplesmente mudando sua dieta. E nós precisamos mostrar a elas como fazer essa mudança.
ANDA – Trabalhar pelos animais pode ser emocionalmente desgastante. O que os ativistas pelos animais podem fazer para evitar a “fadiga de ativista”?
Nick Cooney - Até certo ponto, nós precisamos nos separar emocionalmente da crueldade que nós sabemos que acontece. Senão, nós vamos passar nosso tempo torcendo nossas mãos, indignados e reagindo a última crueldade sendo denunciada. Dessa forma nós agiremos como bombeiros, correndo de um fogo para o outro, sempre tentando apagar o último, raramente conseguindo, e um outro fogo sempre esperando em algum outro lugar. Nós ajudaremos mais os animais se nos distanciarmos um pouco emocionalmente e começarmos a tratar nosso ativismo como um negócio. Nosso ‘lucro’ como ativistas é salvar vidas e reduzir o sofrimento do maior número de animais possível. Qual a questão animal é a que pode salvar o maior número de vidas e evitar mais sofrimento? (Obviamente, defesa de animais de produção e veganismo). Qual a tática ou abordagem salvará mais vidas e reduzir mais sofrimento (por exemplo, compartilhar vídeos, distribuir panfletos, kits veganos, campanhas de publicidade, etc.) Como nós podemos salvar mais vidas e reduzir mais sofrimento este mês do que no mês passado? Pensar desta forma calculista é útil para evitar fadiga ativista. Também ajuda se focarmos no positivo, no próximo passo e o que podemos fazer melhor, ao invés de focar nas milhões de coisas terríveis que estão sendo feitas com animais. Isso pode nos ajudar a nos manter otimistas, e nos ajudará a usar melhor nosso tempo e dinheiro para ajudar muito mais animais.
ANDA – Raiva é um sentimento comum entre ativistas dos animais. Como você sugere administrá-la?
Nick Cooney - Pensar pragmaticamente em termos do que nós podemos fazer para ajudar ainda mais animais e melhorar o que estamos fazendo ajuda a tirar nossa atenção dos sentimentos de ira que poderiam nos acometer. Se nós pensarmos pragmaticamente, como um empresário, nós nos damos conta que uma certa dose de ira pode ser uma flama que nos mantém motivados. Mas se nós ficarmos muito irados, nós seremos consumidos por aquele fogo. Ficamos cheios de estresse e ansiedade, nós tomamos decisões irracionais em nosso ativismo, nós alienamos o público alvo e por fim reduzimos nossa eficácia para ajudar os animais. Para combater nossa ira, é útil ter hobbies fora do ativismo, fazer exercício e por fim reconhecer nossa força limitada. Sim, nós podemos ajudar dezenas de milhares de animais ao longo de nossa vida se praticarmos um ativismo eficaz, o que é incrível quando nos damos conta disso. Mas o fato é que existem bilhões de pessoas que nunca ouvirão nossa mensagem, nunca se importarão ou nunca mudarão. Com certeza nós podemos ficar com raiva que as pessoas podem ser tão egoístas, teimosas e cruéis – mas essa raiva vai resolver alguma coisa? Todas essas realidades da psicologia humana são tão inescapáveis como a morte e impostos, como se diz aqui nos EUA. Nós devemos aceitá-las e voltar ao nosso trabalho de fazer o melhor possível pelos animais.
ANDA – Qual a forma mais eficaz de espalhar o veganismo?
Nick Cooney - Esta com certeza é a pergunta de um milhão de dólares! Bom, há dois aspectos. O primeiro é mostrar as pessoas o motivo para adotar uma dieta vegana. Na minha experiência, compartilhar vídeos denunciando a crueldade animal (através de campanhas online e exibições de vídeos) é a forma mais eficaz de ativismo vegano no momento, seguido por distribuição de panfletos com imagens e texto que transmitam a mesma mensagem. O segundo aspecto é como. Nós precisamos mostrar as pessoas como é fácil comer veganamente, e dar elas os recursos para fazer disso uma tarefa divertida, fácil, saborosa e saudável. Os ativistas às vezes passam muito tempo dizendo para as pessoas mudar suas dietas mas não dizendo como o fazer e facilitando isso para elas. Distribuir kits veganos e criar blogs online com recursos de uma dieta vegana são para mim as melhores formas de informar as pessoas como fazer a transição.
fonte: anda
Psicologia e estratégia são duas ferramentas poderosas na vida dos ativistas dos animais, tanto para aumentar a eficiência do trabalho e preservar o ativista do desgaste emocional que o trabalho envolve. O escritor e ativista Nick Cooney, atualmente um dos gerentes de comunidade no Farm Sanctuary, uma das maiores organizações de defesa animal nos Estados Unidos, conhece bem o assunto. Ele já escreveu o livro Change of Heart e fundou a Humane League antes de aterrissar no cargo que hoje ocupa. Graduado em estudos de não violência na Hofstra University e tendo já trabalhado em um programa de nutrição da Universidade da Pensilvânia, ele conversou com a ANDA sobre ativismo e as melhores formas de fazer do mundo um lugar melhor para os animais.
ANDA – Quais são os melhores instrumentos de comunicação que um ativista deveria ter para argumentar pelos animais?
Nick Cooney - Geralmente, as melhores ferramentas de comunicação são aquelas que você usaria para se dar bem no trabalho ou para conquistar alguém. Trabalhe para ser confiante e amigável. Diga coisas positivas sobre a pessoa com quem você está falando e pergunte o que eles acham. Diga a ela que esta questão se alinha com o tipo de pessoa que ela é e aquilo que ela já acredita. Dê a ela a impressão de que você é parecido com ela, mas também vegetariano. Seja gentil e calmo. Não seja agressivo e nem tente provar que ela está errada. Essas são habilidades nas quais nós podemos trabalhar e melhorar com o tempo. Em termos do que dizer, use histórias sobre como os animais são tratados em vez de citar muitos fatos e números. As pessoas não se importam com estatísticas ou o número de animais mortos, mas elas se identificam mais com histórias de um indivíduo em particular. Pergunte a ela porque come carne ao invés de tentar dar um milhão de razões para ser vegetariana. Estimule-a a tentar pratos vegetarianos e dê a ela uma ou duas dicas de como o fazê-lo (qual mercearia tem bons produtos vegetarianos, por exemplo, ou um exemplo de um prato que você gosta de preparar para a sua família).
ANDA- A crueldade contra os animais é umas das narrativas mais comuns usadas por ONGs de proteção animal tanto para regular a indústria quanto para convencer o público a se tornar vegano. Mas o quão eficazes você acha que essas imagens de crueldade realmente são? Como você acha que elas deveriam ser usadas?
Nick Cooney - Falar sobre crueldade e especialmente mostrar ao público essa crueldade em forma de fotos e vídeos tem bastante força. Pesquisas mostram que imagens perturbadoras de crueldade funcionam melhor para convencer as pessoas a mudar sua atitude do que imagens felizes ou apenas texto. Na minha experiência, é claro que uma imagem é muito melhor do que um texto, e um vídeo é muito melhor do que fotos, quando se trata de mostrar publicamente a crueldade e persuadir o público a fazer a transição para uma dieta vegetariana e vegana. No entanto, mostrar a crueldade só é útil se as pessoas também forem expostas a uma mensagem positiva sobre o que eles podem fazer para ajudar a situação. Então, além de mostrar a crueldade, nós precisamos mostrar que as pessoas podem parar essa crueldade simplesmente mudando sua dieta. E nós precisamos mostrar a elas como fazer essa mudança.
ANDA – Trabalhar pelos animais pode ser emocionalmente desgastante. O que os ativistas pelos animais podem fazer para evitar a “fadiga de ativista”?
Nick Cooney - Até certo ponto, nós precisamos nos separar emocionalmente da crueldade que nós sabemos que acontece. Senão, nós vamos passar nosso tempo torcendo nossas mãos, indignados e reagindo a última crueldade sendo denunciada. Dessa forma nós agiremos como bombeiros, correndo de um fogo para o outro, sempre tentando apagar o último, raramente conseguindo, e um outro fogo sempre esperando em algum outro lugar. Nós ajudaremos mais os animais se nos distanciarmos um pouco emocionalmente e começarmos a tratar nosso ativismo como um negócio. Nosso ‘lucro’ como ativistas é salvar vidas e reduzir o sofrimento do maior número de animais possível. Qual a questão animal é a que pode salvar o maior número de vidas e evitar mais sofrimento? (Obviamente, defesa de animais de produção e veganismo). Qual a tática ou abordagem salvará mais vidas e reduzir mais sofrimento (por exemplo, compartilhar vídeos, distribuir panfletos, kits veganos, campanhas de publicidade, etc.) Como nós podemos salvar mais vidas e reduzir mais sofrimento este mês do que no mês passado? Pensar desta forma calculista é útil para evitar fadiga ativista. Também ajuda se focarmos no positivo, no próximo passo e o que podemos fazer melhor, ao invés de focar nas milhões de coisas terríveis que estão sendo feitas com animais. Isso pode nos ajudar a nos manter otimistas, e nos ajudará a usar melhor nosso tempo e dinheiro para ajudar muito mais animais.
ANDA – Raiva é um sentimento comum entre ativistas dos animais. Como você sugere administrá-la?
Nick Cooney - Pensar pragmaticamente em termos do que nós podemos fazer para ajudar ainda mais animais e melhorar o que estamos fazendo ajuda a tirar nossa atenção dos sentimentos de ira que poderiam nos acometer. Se nós pensarmos pragmaticamente, como um empresário, nós nos damos conta que uma certa dose de ira pode ser uma flama que nos mantém motivados. Mas se nós ficarmos muito irados, nós seremos consumidos por aquele fogo. Ficamos cheios de estresse e ansiedade, nós tomamos decisões irracionais em nosso ativismo, nós alienamos o público alvo e por fim reduzimos nossa eficácia para ajudar os animais. Para combater nossa ira, é útil ter hobbies fora do ativismo, fazer exercício e por fim reconhecer nossa força limitada. Sim, nós podemos ajudar dezenas de milhares de animais ao longo de nossa vida se praticarmos um ativismo eficaz, o que é incrível quando nos damos conta disso. Mas o fato é que existem bilhões de pessoas que nunca ouvirão nossa mensagem, nunca se importarão ou nunca mudarão. Com certeza nós podemos ficar com raiva que as pessoas podem ser tão egoístas, teimosas e cruéis – mas essa raiva vai resolver alguma coisa? Todas essas realidades da psicologia humana são tão inescapáveis como a morte e impostos, como se diz aqui nos EUA. Nós devemos aceitá-las e voltar ao nosso trabalho de fazer o melhor possível pelos animais.
ANDA – Qual a forma mais eficaz de espalhar o veganismo?
Nick Cooney - Esta com certeza é a pergunta de um milhão de dólares! Bom, há dois aspectos. O primeiro é mostrar as pessoas o motivo para adotar uma dieta vegana. Na minha experiência, compartilhar vídeos denunciando a crueldade animal (através de campanhas online e exibições de vídeos) é a forma mais eficaz de ativismo vegano no momento, seguido por distribuição de panfletos com imagens e texto que transmitam a mesma mensagem. O segundo aspecto é como. Nós precisamos mostrar as pessoas como é fácil comer veganamente, e dar elas os recursos para fazer disso uma tarefa divertida, fácil, saborosa e saudável. Os ativistas às vezes passam muito tempo dizendo para as pessoas mudar suas dietas mas não dizendo como o fazer e facilitando isso para elas. Distribuir kits veganos e criar blogs online com recursos de uma dieta vegana são para mim as melhores formas de informar as pessoas como fazer a transição.
fonte: anda
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