sábado, 1 de setembro de 2012

Matadouro que foi fechado por tortura de animais é reaberto

Crueldade dentro da lei


Por Lilian Regato Garrafa    (da Redação)

 
(Foto: AP)
O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA, na sigla em inglês) se desvinculou do gigantesco matadouro da Califórnia, Central Valley Meat Co., em agosto, quando um vídeo gravado às escondidas pela ONG Compassion Over Killing (COK) veio a público mostrando imagens de vacas leiteiras, momentos antes de sua morte, sendo torturadas por meio de sufocamento, espancamento, água quente, choque elétrico, entre outros métodos de crueldade repetidamente infligidos aos animais. Vacas doentes foram baleadas na cabeça várias vezes e lutaram agonizantes antes de morrer. Em uma parte do vídeo, um trabalhador pisa nas narinas de uma vaca, em seguida para matá-la  com um tiro na cabeça. O filme registrou uma delas tomando choque mais de 40 vezes e outras penduradas por uma só perna sendo arrastadas por uma correia que as transportava em direção ao abate. As imagens foram feitas por um ativista disfarçado de funcionário, que gravou o vídeo na fazenda nos meses de junho e julho.
(Foto: Captura de vídeo/ABC News)
Apesar de uma investigação sobre violações de segurança dos alimentos estar em andamento, o matadouro foi reaberto na segunda-feira, causando indignação geral. O porta-voz do local declarou por e-mail que foram tomadas “ações corretivas”, incluindo um treinamento adicional para os funcionários aprenderem a manejar os animais de forma mais “humana”.
A empresa ainda está proibida de fornecer carne para programas de alimentação federais, incluindo o Programa Nacional do Almoço Escolar do USDA, o qual abastecia antes da divulgação do vídeo, segundo o USDA.
O matadouro Central Valley Meat, por sua vez,  tentou se defender alegando que tem o apoio de inspetores e especialistas e que investirão em melhor formação a seus empregados e aumento na frequência de auditorias.
Em 2008, a Humane Society dos EUA flagrou, também em um horripilante vídeo, empregados de uma indústria frigorífica da Califórnia torturando animais e fazendo processamento de carne imprópria para o consumo humano. A divulgação do vídeo levou ao recolhimento recorde de quase 65 milhões de quilos de carne.
Vídeo flagrou funcionário baleando animal na cabeça (Foto: Captura de vídeo/COK)
Após a adequação das mortes às normas consideradas “humanas” estabelecidas por lei, algumas perguntas ficam no ar: Consideramos “humano” matar com apenas um tiro na cabeça em vez de quatro ou cinco? É humano pendurar por uma só perna vacas que, apesar de não mais se debaterem em luta contra a dor e a morte, ainda sangram? É humano manter vacas sendo violentadas por anos, forçadas por inseminação artificial a terem filhotes apenas com a finalidade de produzir leite para os humanos? É humano tolher seus instintos de não poderem amamentar enquanto seus filhos, que jamais tomarão seu leite, viverão imobilizados entre madeiras e acorrentados pelo pescoço para virarem vitela em menos de um ano? É humano lhes tirar o direito a uma vida que não seja de escravidão, servidão, privação e dor, tratando-as como máquinas de produção de leite? É humano mantê-las confinadas em alojamentos de concreto, ligadas a máquinas de ordenhar, que não raro lhes dão choques e produzem mastite e infecções diversas? É humano entupi-las com drogas e químicos para prevenir doenças e aumentar sua produtividade?
Essa é a indústria repugnamente “humana”, que vira as costas para alternativas saudáveis, éticas, livres de toda a crueldade e sofrimento que vêm invisíveis no copo matinal de leite. Não só matadouros que não respeitam as instituídas leis de “bem-estar” merecem ser fechados. O próprio nome “matadouro” já é um contrassenso ao termo “bem-estar”: um lugar feito para matar jamais pode ser qualificado como algo do bem.
fonte: anda

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