quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Anfíbios, répteis, aves e peixes estão com dificuldade na alimentação e reprodução devido à seca

Portugal
Foto: Reprodução/SIC Notícias
Várias espécies podem ser afetadas pela situação de seca, das aves que ficam sem insetos para alimentar-se, devido à falta de plantas, aos anfíbios e répteis, como os cágados, sem charcos para se reproduzirem.
O último relatório do Ministério do Ambiente, de acompanhamento dos impactos da seca, reportando-se à situação a 31 de julho, dava conta de 58% do território em seca extrema, 26% em severa, 15% em moderada e 1% em fraca.
“É expectável que haja um impacto relativamente grande nos ciclos biológicos de várias espécies animais e vegetais em todo o território”, disse hoje à agência Lusa o presidente da associação de defesa da natureza Quercus.
Nuno Sequeira referiu que muitas plantas acabaram por não completar o seu ciclo normal de desenvolvimento e não dão flor, como acontecia nos outros anos. Assim, “é expectável que todas as outras espécies da cadeia alimentar se venham a ressentir”.
“Se tivermos menos plantas, vamos ter menos insetos, menos aves e menos mamíferos”, resumiu, dizendo, no entanto, que é preciso esperar dados mais concretos acerca da situação na natureza.
Entre as espécies mais problemáticas, a Quercus destaca as aves, que se alimentam de insetos, mas também aquelas dependentes de zonas húmidas que, com a pouca precipitação, acabaram por não ficar com água, alterando todo o habitat.
Os anfíbios tiveram dificuldades em completar o seu ciclo reprodutivo porque muitos charcos não chegaram a formar-se e os peixes que vivem em pequenos pegos (zonas mais fundas), de massas de água temporárias, como acontece no rio Guadiana, também enfrentam problemas.
Quando questionado acerca da região mais problemática, Nuno Sequeiro referiu o Alto e o Baixo Alentejo, onde espécies vegetais não entraram em floração, “provavelmente devido à seca”, e algumas aves têm ninhadas mais pequenas, adaptando-se à quantidade de alimento existente.
Em resposta a perguntas da agência Lusa sobre áreas mais preocupantes, o Ministério da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território (MAMAOT) referiu a bacia do Guadiana e os níveis de água nas ribeiras do Vascão, Chança e Ardila, mas salientou que “as comunidades ictiológicas (peixes) nestes locais parecem estáveis, com alguma diminuição apenas dos indivíduos de maiores dimensões”.
Tal como na seca de 2004/05, as sub-bacias do Guadiana foram identificadas como situação prioritária de intervenção para a salvaguarda das espécies piscícolas endémicas (que só existem em determinadas zonas) e ameaçadas, com destaque para o saramugo.
Algumas ribeiras da região oeste também são alvo de atenção e na foz do Sizandro “verificou-se uma mortalidade significativa de espécies de peixes, com cerca de 500 quilogramas de peixe morto (…) provavelmente devido ao aumento excessivo da temperatura da água e consequente diminuição do oxigénio disponível”, segundo o Ministério.
Fonte: SIC Notícias

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