sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Voluntários cuidam de animais deixados por mulher doente


Seis animais da Lúcia ainda estão esperando para serem adotados (Foto: Mariane Rossi/G1)
Um grupo de mulheres se uniu para cuidar de mais 80 animais abandonados por uma mulher em Santos, no litoral de São Paulo, que sofreu um grave problema de saúde e precisou ser internada. Além da doença que a levou para o hospital, a dona dos animais sofria de colecionismo, e armazenava objetos e animais dentro de casa. Depois de um ano, graças ao grupo de voluntários, a maioria dos animais foram doados e alguns ainda esperam um novo lar.
A professora aposentada Maria Lucia Mendes Antunes, de 66 anos, ficou doente e precisou ser internada há cerca de um ano. Porém, acabou deixando para trás seus companheiros, 38 cachorros e 49 gatos, que moravam na casa da aposentada. O imóvel é simples, e estava em péssimos condições de higiene, com 87 animais famintos e doentes, quando foi aberto pela primeira vez após a saída de Lúcia.
A única parente da aposentada, uma prima distante, se responsabilizou pelo tratamento de Lúcia, mas disse que não poderia fazer nada pelos animais. Após saber o que aconteceu com a idosa, os vizinhos começaram a se mobilizar para cuidar dos cachorros e gatos. A fisioterapeuta Giany Tellini, que mora em um prédio em frente a casa de Lúcia, divulgou o problema e os voluntários começaram a surgir de várias partes da cidade. “Fomos nos organizando por redes sociais, procurando por voluntários que pudessem ajudar”, diz a fisioterapeuta.
Solteira, sem filhos e filha única, Lúcia morava sozinha. Depois que se aposentou ela começou a recolher animais e cuidar deles, mas a boa vontade se tornou um vício, de acordo com os vizinhos. “Acabou se tornando a única fonte de atenção dela. Ela tinha um relacionamento com os bichos muito importante, ela cuidava deles e recebia carinho deles, mas saiu do controle”, explica Giany.
Além dos animais, a aposentada acumulava entulho dentro de sua residência. As vizinhas contam que, como Lúcia é uma pessoa humilde, saia com o carrinho de feira recolhendo coisas na rua. Às vezes ela conseguia vender os materiais, mas na maioria das vezes guardava em casa.
Claudia, Giany e Tainan fazem parte do grupo de voluntários (Foto: Mariane Rossi/G1)
Com o aval da prima de Lúcia, os voluntários entraram em ação para ajudar a aposentada. No primeiro mutirão eles retiraram tudo da casa, já que nada podia ser aproveitado. Ao todo, foram oito sacos apenas de latinhas de alumínio. “Sem contar o que tinha de plástico, cacarecos, entulhos. Na própria casa dela tinham móveis danificados por conta dos animais que viviam em cima deles, era urina tanto de cachorro quanto gato”, diz a vizinha.
Muitos animais foram castrados, os que estavam doentes receberam medicação e todo o tipo de tratamento veterinário foi realizado, desde cirurgias oftalmológicas até operações odontológicas. Eles fizeram uma extensão da casa, uma espécie de ‘puxadinho’ para dar mais espaço aos animais. Como a casa ainda está muito danificada, os voluntários compraram casinhas para a maioria dos animais se protegerem nos dias de chuva. A ajuda financeira surgiu de várias partes. Logo no começo, os voluntários ganharam muitas doações de rações. “Uma ONG de São Paulo deu uma força com os gatos. Depois tivemos muita ajuda em serviços e bens. Pacotes de ração, remédios, consultas, muita ajuda dos médicos veterinários de modo geral”, diz Giany.
Após o trabalho dessas pessoas, os cachorros e gatos em bom estado de saúde começaram a ser adotados. A vendedora Claudia D’Angelo faz parte do grupo de voluntários e diz que eles passaram a fazer entrevistas com famílias e visitar o futuro lar dos animais para se certificar que teriam uma boa condição de vida em outro lugar. Já estudante Tainan de Oliveira Sena, logo se sensibilizou pela causa e viu a transformação que foi feita na vida desses animais. “Era uma situação horrível. Foi feito um trabalho incrível aqui. Tinham alguns animais que tinham medo de tudo, agora eles correm, brincam”, conta a estudante.
Todos os gatos já encontraram um lugar para viver e apenas seis cachorros ainda permanecem na casa da Lúcia. Além de doações para cuidar deles é preciso dedicação. “Cada dia vem uma. A gente vai revezando mesmo”, diz Tainan. Ela conta que a última deixar a casa foi à cadela Laika e que fica feliz em saber que mais um animal da Lúcia está sendo muito bem cuidado em um novo lar.
Os interessados em adotar um dos cachorros da Lúcia ou fazer doações podem entrar em contato pelo blog feito pelos voluntários “Os bichos da Lúcia”.
Animais que tinham medo dos voluntários, agora brincam no quintal da casa (Foto: Mariane Rossi/G1)
Fonte: G1


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