Por Patrícia Tai (da Redação)
Há um século, havia cerca de 45 mil tigres na Índia; em 2010, havia apenas 1.706 – uma melhora pequena, mas notável sobre o número em 2008, de 1.411. A melhor forma de preservar o animal no país permanece em controvérsia. As informações são da Care2.
Em julho, a Suprema Corte da Índia proibiu todo o turismo nas “áreas centrais” dos 41 parques de tigres do país. O clamor foi enorme não apenas entre os empresários e trabalhadores da área hoteleira e de lazer, que tiveram os seus principais meios de subsistência bruscamente cortados, como também entre ambientalistas e conservacionistas, que igualmente criticaram a proibição.
Ajay Dubey, que entrou com a petição na Suprema Corte da Índia, afirma que o turismo tem prejudicado a população de tigres. “O grande número de veículos carregados com pessoas traumatiza as espécies ameaçadas de extinção em seu habitat crítico”, disse ele ao The Guardian, argumentando que simplesmente quer ver aplicada a Lei de Proteção da Vida Selvagem de 1972.
Segundo a lei, reservas de tigres consistem em áreas centrais nas quais somente os funcionários florestais podem entrar, e são cercadas por terras que jipes turistas podem visitar. Em abril, o Supremo Tribunal ordenou 13 estados com parques de tigres que deveriam passar por planos de zoneamento, mas apenas em três foram implementados, devido a dificuldades envolvendo aquisição de terras, compensação para os moradores realocados e políticas locais.
Ambientalistas defendem o turismo
Belinda Wright, diretora executiva Wildlife Protection Society da Índia, baseada em Nova Deli, disse ao The Guardian que a proibição do turismo é nada menos que um “desastre total”: “Não há como o departamento florestal proteger sozinho os tigres de caçadores e de invasão de terra”.
A Corbett Foundation, uma organização de proteção dos animais selvagens na Índia, observou o mesmo: “Embora, em princípio, todos nós concordemos que o turismo da vida selvagem na Índia precise ser controlado e estritamente regulamentado, a colocação de uma proibição total de qualquer tipo de atividades turísticas nas áreas centrais certamente não vai ajudar a proteção das reservas de tigres”.
Em contradição com o que diz Dubey, o tráfego de veículos adicionais “fornece mais olhos e ouvidos contra os caçadores furtivos que abatem animais selvagens para vender partes dos corpos para a China, onde alegam que tenham valor na indústria farmacêutica como substâncias medicinais ou afrodisíacas”, conforme o Los Angeles Times.
Complicações na delimitação de áreas
Como descreve o The Guardian, a delimitação de áreas passíveis de visitação próximas a reservas tem algumas complicações:
“…o problema em Ranthambore, bem como em outras reservas, é que a única área que designariam como visitável não é uma área que os turistas apreciariam visitar. Lá, o local é deserto e com pequena flora ou fana, cheio de minas. E para chegar até as reservas, os tigres teriam que viajar 56 km desde o parque principal, ou mesmo atravessar rodovias”.
Há também muitas pessoas vivendo nessas áreas – 62 vilas foram realocadas da área central desde os anos 70.
De fato, antes da criação das reservas de tigres, os moradores fizeram sua vida cultivando trigo e mostarda, derrubando árvores ou caçando tigres ilegalmente para vender partes de seus corpos.
Yadvendra Singh, que dirige o comitê improvisado chamado “Tigres e Turismo” formado por centenas de pessoas de Ranthambhore, disse ao Los Angeles Times que, para os tigres chegarem às reservas “eles teriam que fazer acordos com uma companhia aérea”.
YK Sahu, que dirige a guarda de uma floresta de Ranthambore onde vivem 27 tigres adultos e 25 filhotes, argumenta que os turistas ajudam a proteger os tigres: “Se o Taj Mahal não fosse um local turístico, como ele estaria atualmente? Todo o mármore já teria sido roubado”.
A Suprema Corte da Índia irá se reunir novamente em 22 de agosto para discutir a proibição. As perguntas em evidência são: qual a melhor forma de preservar a população de tigres na Índia, onde metade do mundo tigres vivem? Existe uma necessidade de melhor regulamentação do turismo, em vez de eliminá-lo totalmente?
Fonte: anda
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