Por Marisa Mello (da Redação
Mais de 100 milhões de animais mortos no mundo. Esse é o saldo anual de experimentos científicos com animais, seja em testes laboratoriais para indústrias ou em universidades, que incluem a prática da vivissecção, a qual consiste na experiência com o animal vivo e, na quase totalidades das vezes, sem anestesia. A informação foi veiculada na reunião da Frente Parlamentar de Defesa e Direito dos Animais, realizada na quarta-feira, 19/9, na Assembleia Legislativa, conduzida pelo deputado Feliciano Filho (PEN), com o objetivo de lançar a Comissão Antivivissecção.
Antes do debate, foi exibido o vídeo ‘Não matarás’, produzido pelo Instituto Nina Rosa, sobre a vivissecção. O vídeo esclarece que a prática, apesar de arcaica, ainda é utilizada como procedimento padrão em universidades e laboratórios industriais. Animais saudáveis e, muitas vezes, provenientes de centros de zoonoses são cortados, queimados, privados de comida e induzidos a estresse em aulas de veterinária, farmacologia, medicina, biologia e demais cursos ligados a área de biomédicas. O mesmo acontece em testes laboratoriais para indústrias de cosméticos, de produtos automotivos, de materiais de limpeza, etc.
O biólogo Sergio Greif lembrou, no vídeo, que o manual de vivissecção ensina como matar os animais, como ratinhos, após o teste: “segurando a cabeça e puxando a cauda para destroncar a coluna” ou, como um professor de Greif preferia, “batendo a cabeça do animal na bancada de estudo”. A prática no Brasil é ilegal, uma vez que a lei obriga o emprego de anestesia, o que não é feito na vivissecção.
Infelizmente no nosso país, a vivissecção é aceita por 93% dos alunos, apesar de a prática consumir no Brasil entre quase 300 cães e coelhos ao ano. Na Inglaterra, o procedimento não é utilizado desde 1963 e, nos EUA, 90% das universidades não a usam mais.
O vídeo mostrou ainda o Teste Draize, que é feito mediante a aplicação de corrosivos para baterias automotivas, além de cosméticos nos olhos de coelhos, o que os deixa cegos e num infinito processo inflamatório. Já os cães que permanecem longo tempo em testes têm as cordas vocais arrancadas para não incomodar os pesquisadores com seus latidos de dor.
A professora da USP, Irvênia Prada, destacou que existem métodos alternativos de testes que descartam o uso de animais e que muitos fatos mostram que a tranferência de experimentos de uma espécie para outra não é adequada. Exemplo disso é a talidomida (remédio contra enjôo), que ministrada a grávidas, na década de 60, provocou sequelas (como ausência de membros inferiores ou superiores) nos bebês gerados.
Iniciativa permanente
Feliciano lembrou que a Comissão Antivivissecção tem que ser permanente e não pode ser encarada como um ato político. O deputado disse que as manifestações em defesa dos animais têm avançado e que os Estados de São Paulo – com lei de sua autoria -, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Goiás (em breve) baniram as câmaras de gás para o sacrifício de animais abandonados.
Também participaram do debate Sonia Fonseca, presidente do Fórum Nacional em Defesa dos Animais, Vania Tulio, Nina Rosa e Sergio Greif. Sonia é bióloga e lembrou o sofrimento que teve ao ser obrigada a usar a vivissecção na universidade. “Não sei como pessoas que presumimos serem evoluídas, os cientistas, insistem nessa prática.” Nina Rosa, produtora do vídeo, acredita que é preciso abolir a prática que consome muito dinheiro e energia. “Esse custo deveria ser investido na busca de alternativas que permitam a preservação dos animais.”
Vania abordou o aspecto jurídico da vivissecção que, segundo ela, é um assunto difícil, pois depende de decisões judiciais que mudam a cada vara de justiça. “O que podemos evitar judicialmente num primeiro momento é a prática para a ciência puramente investigativa, a qual já não se justifica. Na sequência, podemos evitar os experimentos voltados a indústrias de comésticos e de produtos de limpeza. “É a Anvisa que regra esses segmentos e é essa agência que estabelece as formas dos testes”, disse Vania, reforçando que a Anvisa muitas vezes exige das indústrias testes seguidos, mesmo já havendo estudos suficientes, os quais poupariam a vida de muitos animais. Quanto às universidades, estas deveriam ser obrigadas a esclarecer os alunos acerca da prerrogativa de recusa que eles têm no que se refere à vivissecção. Vania ainda sugeriu a criação de uma secretaria com status de ministério para a defesa da fauna, uma vez que “o animal não poder continuar a ser visto como objeto, afinal ele tem um valor intrínseco”.
Greif, que está no vídeo, participou da mesa de debates destacando que a vivissecção nunca foi necessária, em tempo algum, nem mesmo na antiguidade. “É sabido que não há resposta para tudo na ciência e também que muitas pesquisas sequer precisariam ou precisam serem feitas.”
fonte: anda
Mais de 100 milhões de animais mortos no mundo. Esse é o saldo anual de experimentos científicos com animais, seja em testes laboratoriais para indústrias ou em universidades, que incluem a prática da vivissecção, a qual consiste na experiência com o animal vivo e, na quase totalidades das vezes, sem anestesia. A informação foi veiculada na reunião da Frente Parlamentar de Defesa e Direito dos Animais, realizada na quarta-feira, 19/9, na Assembleia Legislativa, conduzida pelo deputado Feliciano Filho (PEN), com o objetivo de lançar a Comissão Antivivissecção.
Antes do debate, foi exibido o vídeo ‘Não matarás’, produzido pelo Instituto Nina Rosa, sobre a vivissecção. O vídeo esclarece que a prática, apesar de arcaica, ainda é utilizada como procedimento padrão em universidades e laboratórios industriais. Animais saudáveis e, muitas vezes, provenientes de centros de zoonoses são cortados, queimados, privados de comida e induzidos a estresse em aulas de veterinária, farmacologia, medicina, biologia e demais cursos ligados a área de biomédicas. O mesmo acontece em testes laboratoriais para indústrias de cosméticos, de produtos automotivos, de materiais de limpeza, etc.
O biólogo Sergio Greif lembrou, no vídeo, que o manual de vivissecção ensina como matar os animais, como ratinhos, após o teste: “segurando a cabeça e puxando a cauda para destroncar a coluna” ou, como um professor de Greif preferia, “batendo a cabeça do animal na bancada de estudo”. A prática no Brasil é ilegal, uma vez que a lei obriga o emprego de anestesia, o que não é feito na vivissecção.
Infelizmente no nosso país, a vivissecção é aceita por 93% dos alunos, apesar de a prática consumir no Brasil entre quase 300 cães e coelhos ao ano. Na Inglaterra, o procedimento não é utilizado desde 1963 e, nos EUA, 90% das universidades não a usam mais.
O vídeo mostrou ainda o Teste Draize, que é feito mediante a aplicação de corrosivos para baterias automotivas, além de cosméticos nos olhos de coelhos, o que os deixa cegos e num infinito processo inflamatório. Já os cães que permanecem longo tempo em testes têm as cordas vocais arrancadas para não incomodar os pesquisadores com seus latidos de dor.
A professora da USP, Irvênia Prada, destacou que existem métodos alternativos de testes que descartam o uso de animais e que muitos fatos mostram que a tranferência de experimentos de uma espécie para outra não é adequada. Exemplo disso é a talidomida (remédio contra enjôo), que ministrada a grávidas, na década de 60, provocou sequelas (como ausência de membros inferiores ou superiores) nos bebês gerados.
Iniciativa permanente
Feliciano lembrou que a Comissão Antivivissecção tem que ser permanente e não pode ser encarada como um ato político. O deputado disse que as manifestações em defesa dos animais têm avançado e que os Estados de São Paulo – com lei de sua autoria -, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Goiás (em breve) baniram as câmaras de gás para o sacrifício de animais abandonados.
Também participaram do debate Sonia Fonseca, presidente do Fórum Nacional em Defesa dos Animais, Vania Tulio, Nina Rosa e Sergio Greif. Sonia é bióloga e lembrou o sofrimento que teve ao ser obrigada a usar a vivissecção na universidade. “Não sei como pessoas que presumimos serem evoluídas, os cientistas, insistem nessa prática.” Nina Rosa, produtora do vídeo, acredita que é preciso abolir a prática que consome muito dinheiro e energia. “Esse custo deveria ser investido na busca de alternativas que permitam a preservação dos animais.”
Vania abordou o aspecto jurídico da vivissecção que, segundo ela, é um assunto difícil, pois depende de decisões judiciais que mudam a cada vara de justiça. “O que podemos evitar judicialmente num primeiro momento é a prática para a ciência puramente investigativa, a qual já não se justifica. Na sequência, podemos evitar os experimentos voltados a indústrias de comésticos e de produtos de limpeza. “É a Anvisa que regra esses segmentos e é essa agência que estabelece as formas dos testes”, disse Vania, reforçando que a Anvisa muitas vezes exige das indústrias testes seguidos, mesmo já havendo estudos suficientes, os quais poupariam a vida de muitos animais. Quanto às universidades, estas deveriam ser obrigadas a esclarecer os alunos acerca da prerrogativa de recusa que eles têm no que se refere à vivissecção. Vania ainda sugeriu a criação de uma secretaria com status de ministério para a defesa da fauna, uma vez que “o animal não poder continuar a ser visto como objeto, afinal ele tem um valor intrínseco”.
Greif, que está no vídeo, participou da mesa de debates destacando que a vivissecção nunca foi necessária, em tempo algum, nem mesmo na antiguidade. “É sabido que não há resposta para tudo na ciência e também que muitas pesquisas sequer precisariam ou precisam serem feitas.”
fonte: anda
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