segunda-feira, 25 de julho de 2011

Esquadrão Pet fiscaliza e protege animais em SP

Entidade independente é formada por profissionais liberais de várias áreas.
Lei municipal que regulamenta criação e venda é principal arma.

Claudia SilveiraDo G1, em São Paulo

 

 

Foto: Daigo Oliva/G1

Sempre atentas: Roberta Palmari e Izolina Ribeiro comandam o Esquadrão Pet (Foto: Daigo Oliva/G1)

A força de combate aos maus-tratos aos animais em São Paulo ganhou um novo aliado, é o Esquadrão Pet. Na linha de frente estão a professora de educação física Izolina Ribeiro, de 51 anos, e a publicitária Roberta Palmari, de 44. No batalhão da dupla há uma legião de colaboradores, entre eles, veterinário, tradutor, advogado e até farmacêutico, além dos protetores que recolhem animais da rua. A principal arma da dupla é a lei municipal 14.483, sancionada em julho de 2007 e que regulamenta a criação e a venda no varejo de cães e gatos na capital paulista. 

“A gente queria um nome forte, até porque a nossa atuação é diferenciada. Nossa posição política é a de defesa e proteção dos animais. Nós buscamos técnicas e estratégias de conscientização e a visibilidade das leis que os protegem” diz Izolina, que tem quatro gatos de estimação em casa e três cachorros “protegidos”, ou seja, recolhidos da rua à espera de adoção.

saiba mais

Assim, a dupla se mantém sempre alerta, fiscaliza irregularidades, denuncia maus-tratos e pega no pé de quem erra a mão em campanhas publicitárias envolvendo animais ou transforma cães ou gatos em brindes para serem sorteados. Grande parte das denúncias vem de outros protetores de animais espalhados pelo estado e pelo Brasil, que integram uma rede que troca informações constantemente pela internet.
“Tem muitas frentes para atacar. Nós mesmas buscamos as informações, fazemos as denúncias e cobramos que as mudanças sejam feitas”, diz Roberta, que tem seis cachorros de estimação e mais cinco “protegidos”. 

É guerra

No histórico de vitórias conquistadas pelo Esquadrão Pet e seus colaboradores, Roberta e Izolina comemoram a mudança em uma campanha publicitária – onde um cachorro era deixado para trás pela família – e o cancelamento de sorteios de filhotes. Nesses casos, os combatentes contam com a conscientização dos responsáveis pelo anúncio ou evento, que voltam atrás, e com a ajuda de Marco Antonio de Nápoli, consultor para assuntos corporativos e de marketing.
O comércio de animais em pet shops também é alvo. Segundo a lei 14.483, os canis e gatis de São Paulo somente podem comercializar, permutar ou doar animais microchipados e esterilizados. Se é desses canis e gatis que os animais deveriam vir, as pet shops deveriam, então, vender os animais com microchip de identificação e castrados.

Foto: Daigo Oliva/G1

Entidade conta com ajuda de colaboradores, como a advogada e tradutora Taimi Haensel (à dir.) (Foto: Daigo Oliva/G1)

“Muitas pet shops insistem em não adotar a lei. Nós acreditamos que, à medida que essa lei for mais divulgada, ela será mais respeitada”, diz Izolina. Ainda de acordo com a legislação, os animais à venda devem ter, ao menos, 60 dias de vida, e o novo dono deve sair do estabelecimento com comprovantes de castração, vacinação, vermifugação e um manual detalhado sobre a raça, hábitos, porte na idade adulta e cuidados básicos, entre outras informações. 

Os combatentes e aliados do Esquadrão Pet acompanham também o surgimento de novos produtos e medicamentos, como o esterilizante químico para animais. Com a ajuda de uma farmacêutica, da veterinária Amélia Margarido e da tradutora Jaciara Zanuttin, a entidade comparece a reuniões sobre o produto, compara a fórmula entre diferentes esterilizantes, lê materiais sobre o assunto e pede constantes explicações sobre dosagem e efeitos colaterais.
“A gente não entra no raso, a gente mergulha fundo mesmo. Temos, por exemplo, uma relação de medicamentos veterinários que são proibidos, mas que continuam sendo comercializados no Brasil”, conta Roberta. 

Paz

Apesar da tática de guerra, o discurso da dupla está mais para indignação que para agressividade. Assim, o Esquadrão Pet pretende ser um replicador de protetores em que o objetivo é mostrar às pessoas o que diz a lei para que elas possam fazer denúncias ao poder público por conta própria e com autonomia, além de persuadir vereadores a criarem projetos de lei semelhante em outras cidades.
“Nossa proposta fundamental não é tirar cão e gato da rua, porque se só existir esse tipo de proteção animal, a gente não vai avançar em nada. O que nós buscamos é a criação de leis que mudem a situação de animais abandonados sem castração, por exemplo. A gente sabe que não vai mudar agora, mas podemos notar alguma diferença na próxima geração”, finaliza Roberta.

Claudia SilveiraDo G1, em São Paulo

Nenhum comentário:

Postar um comentário

verdade na expressão