Hoje entrevistamos Silvia Barquero, diretora de imprensa do PACMA, um partido político que defende os direitos de todos os animais. Eles mesmos lembram que são a segunda força extraparlamentar.
Nas eleições gerais de 2011, o PACMA obteve 102.144 votos no Congresso, ao passo que no Senado o número chegou a 371.433 votos.
Atualmente, milhares de cães são abandonados devido ao fim da temporada de caça, os touros voltaram à TVE e continuamos sem leis específicas de proteção animal, motivos mais que suficientes para gerar perguntas ainda sem respostas. No entanto, acreditamos tê-las encontrado no PACMA.
Como é a vida de um partido extraparlamentar?
Silvia Barquero – Nosso cotidiano é duro, mas incentivado pelo entusiasmo que nos move a defender os direitos animais, sistematicamente vulneráveis na nossa sociedade. Contamos com uma rede de ativistas do PACMA, presentes em quase todos os estados.
Felizmente, vemos nosso esforço refletido nos excelentes resultados eleitorais. Nas eleições gerais passadas, atingimos mais de 102.000 votos no Congresso e 374.000 no Senado, com um orçamento mínimo. Sem recursos financeiros, mas com um apoio social claro às nossas propostas em defensa dos animais, realizamos um trabalho necessário, e fundamental, em um país onde os políticos ignoram o drama dos animais.
Vendo as dificuldades econômicas pelas quais os partidos que têm representação estão passando, como um partido como PACMA sobrevive?
SB.- Não temos nada a ver com os partidos que têm representação. Nosso projeto político se financia única e exclusivamente com as doações dos nossos afiliados. Não devemos dinheiro aos bancos. Nossa campanha nas eleições gerais contou apenas com um orçamento de 6.000 euros, com os quais demos a conhecer nossas propostas ao público.
Graças a essas doações, conseguimos iniciar nossas campanhas, como a de dar uma fim à comemoração do Toro de la Vega, em Tordesilhas.
Destacaria, ainda, o fato de que todos os nossos ativistas colaboram com o Partido de forma altruísta.
Existe espaço político para que o PACMA possa crescer? O interesse dos eleitores aumenta por uma força política como essa?
SB.- O crescimento exponencial que temos conseguido em todos os comícios, sem um orçamento de campanha, nos mostra isso. De 45.000 votos no Congresso, em 2008, a 102.000 em 2011; e de 132.000 a 374.000 no Senado.
Nossa referência é o Partido Animalista Holandês, que conta com dois deputados no Congresso e um senador. O tratamento que damos aos animais, e o relacionamento que temos com eles, é uma questão política que preocupa muita gente. Queremos superar essa visão antropocêntrica do mundo, na qual o ser humano é considerado o eixo central da criação. Uma nova barreira a transcender, além das de gênero, origem étnica, orientação sexual, é a de discriminar outros seres sensíveis pelo fato de não pertencerem a nossa espécie. Sob o âmbito político, podemos iniciar os mecanismos legais necessários para atingir essa meta. Trabalhamos por um mundo mais justo e, também, pelos animais.
O PACMA tem aspiração governamental ou procura ser uma força política de pressão, para atingir objetivos concretos com relação aos maus tratos contra animais?
SB.- Nosso objetivo é obter uma representação e incluir, na agenda política, as mudanças legais necessárias para a defesa dos interesses dos animais. O que a sociedade demanda da classe política atual é que suas reivindicações tenham eco, que suas inquietações sejam consideradas. É algo que perpassa as análises partidárias e interesses em manter o status quo na política; não seria mais democrático atingir um arco parlamentar representativo e plural?
Atualmente, qual é a situação dos animais na Espanha?
SB.- Em média, por ano, 150.000 cães e gatos são sacrificados nas carrocinhas, enquanto que os de raça continuam sendo criados e vendidos nas lojas como se fossem um artigo de consumo. 18.000 touros morrem em comemorações populares e corridas de touros que, literalmente, deixam as ruas dos povoados manchadas de sangue. Os zoos espanhóis têm sido denunciados pela Comissão Europeia; caçadores e galgueiros deixam o país apinhado de animais abandonados, após o fim da temporada de caça. Essa é a realidade deixada por um país como a Espanha aos nossos companheiros de viagem, os animais.
Qual seria a maneira mais eficaz de se lutar contra uma barbárie como o abandono de cães, que sempre parece ficar impune?
SB.- É importante incluir no currículo escolar o respeito aos animais como matéria. Realizar campanhas de conscientização sobre a necessidade da adoção e realização de campanhas de esterilização. Seria conveniente também criar uma imagem para o Defensor dos Animais com capacidade de inspecionar e denunciar, assim como de aumentar as sanções por abandono e maltrato de animais.
Com relação aos touros, na Espanha, caminha-se um passo para frente e outro para trás, pois acabam de transmitir corridas na RTVE; o que significa, para vocês, que as corridas de touros sejam transmitidas de novo?
O lobby taurino encontrou no Partido Popular o seu grande aliado, que não hesitou em modificar o manual de estilo do Ente Público para voltar a transmitir corridas de touros, apoiando, assim, uma festa em decadência. Eles me fazem lembrar da época em que a TV era em branco e preto, embora não se possa esquecer que Canal Sur, em uma autonomia governada pelo PSOE, continua transmitindo-as também. Isso foi no governo socialista anterior, que transpassou as competências em assuntos taurinos do Ministério de Interior a Cultura, com o apoio que isso tem significado para a festa.
Terminemos de modo otimista, conte-nos as últimas vitórias ocorridas graças ao trabalho do PACMA.
SB.- Uma vitória é o nosso crescimento como partido. Cada vez temos mais apoio e isso nos dá energia. Se há algo que nos torna otimistas é que, graças a nossa campanha de pressão e à polêmica gerada sobre a festa do Toro de la Vega, todos os meios do país agora questionam sua sobrevivência.