sábado, 5 de julho de 2014

Estudo mostra que o Aquífero Guarani está contaminado por agrotóxicos

Aquífero Guarani
O Aquífero Guarani, manancial subterrâneo de onde sai 100% da água que abastece Ribeirão Preto, cidade do nordeste paulista localizada a 313 quilômetros da capital paulista, está ameaçado por herbicidas.
A conclusão vem de um estudo realizado a partir de um monitoramento do Departamento de Água e Esgotos de Ribeirão Preto (Daerp) em parceria com um grupo de pesquisadores, que encontrou duas amostras de água de um poço artesiano na zona leste da cidade com traços de diurom e haxazinona, componentes de defensivo utilizado na cultura da cana-de-açúcar.
No período, foram investigados cem poços do Daerp com amostras colhidas a cada 15 dias. As concentrações do produto encontradas no local foram de 0,2 picograma por litro – ou um trilionésimo de grama. O índice fica muito abaixo do considerado perigoso para o consumo humano na Europa, que é de 0,5 miligrama (milésimo de grama) por litro, mas, ainda assim, preocupa os pesquisadores, que analisam como possível uma contaminação ainda maior.
No Brasil, não há níveis considerados inseguros para as substâncias. Ainda assim, a presença do herbicida na zona leste – onde o aquífero é menos profundo – acende a luz amarela para especialistas. Segundo Cristina Paschoalato, professora da Unaerp que coordenou apesquisa, o resultado deve servir de alerta. “Não significa que a água está contaminada, mas é preciso evitar a aplicação de herbicidas e pesticidas em áreas de recarga do aquífero”, disse ela.
O monitoramento também encontrou sinais dos mesmos produtos no Rio Pardo, considerado como alternativa para captação de água para a região no longo prazo. “Isso mostra que, se a situação não for resolvida e a prevenção feita de forma adequada, Ribeirão Preto pode sofrer perversamente, já que a opção de abastecimento também será inviável se houver a contaminação”.
Aquífero ameaçado
O Sistema Aquífero Guarani, que faz parte da Bacia Geológica Sedimentar do Paraná, cobre uma superfície de 1,2 milhão de quilômetros quadrados, sendo 839., 8 mil no Brasil, 225,5 mil quilômetros na Argentina, 71,7 mil no Paraguai e 58,5 mil no Uruguai. Com uma reserva de água estimada em 46 mil quilômetros quadrados, a população atual em sua área de ocorrência está em quase 30 milhões de habitantes, dos quais 600 mil em Ribeirão Preto.
A água do SAG é de excelente qualidade em diversos locais, principalmente nas áreas de afloramento e próximo a elas, onde é remota a possibilidade de enriquecimento da água em sais e em outros compostos químicos. É justamente o caso de Ribeirão, conhecida nacionalmente pela qualidade de sua água.
Para o engenheiro químico Paulo Finotti, presidente da Sociedade de Defesa Regional do Meio Ambiente (Soderma), Ribeirão corre o risco de inviabilizar o uso da água do aquífero in natura. “A zona leste registra plantações de cana em áreas coladas com lagos de água do aquífero. É um processo de muitos anos, mas esses defensivos fatalmente chegarão ao aquífero, o que poderá inviabilizar o consumo se nada for feito”, explica.
Já para Marcos Massoli, especialista que integrou o grupo local de estudos sobre o aquífero, aconstrução de casas e condomínios na cidade, liberada através de um projeto de lei do ex-vereador Silvio Martins (PMDB) em 2005, é extremamente prejudicial à saúde do aquífero. “Prejudica muito a impermeabilidade, o que atinge em cheio o Aquífero”, diz.
Captação
Outro problema que pode colocar em risco o abastecimento de água de Ribeirão no médio prazo é a extração exagerada de água do manancial subterrâneo. Se o mesmo ritmo de extração for mantido, o uso da água do Aquífero Guarani pode se tornar inviável nos próximos 50 anos em Ribeirão Preto.
A alternativa, além de reduzir a captação, pode ser investir em estruturas de captação das águas de córregos e rios que, além de não terem a mesma qualidade, precisam de investimentos significativamente maiores para serem tratadas e tornadas potáveis. A perspectiva já é considerada pelos estudiosos do chamado Projeto Guarani, que envolveu quatro países com território sobre o reservatório subterrâneo. O cálculo final foi entregue no fim do ano.
O mapeamento mostrou que a velocidade do fluxo de água absorvida pela reserva é mais lenta do que se supunha. Pelas contas dos especialistas, a cidade extrai 4% mais do que poderia do manancial. A média de consumo diário de água em Ribeirão é de 400 litros por habitante, bem acima dos 250 litros da média nacional. Por hora, a cidade tira do aquífero 16 mil litros de água. Vale lembrar que a maior parcela de água doce do mundo, algo em torno de 70%, está localizada, em forma de gelo, nas calotas polares e em regiões montanhosas.
Outros 29% estão em mananciais subterrâneos, enquanto rios e lagos não concentram sequer 1% do total. Entretanto, em se tratando da água potável, aproximadamente 98% se encontram no subsolo, sendo o Aquífero Guarani a maior delas. A alternativa para não desperdiçar esses recursos é investir em reflorestamento para garantir a recarga do aquífero, diz o secretário-geral do projeto, Luiz Amore.
Reportagem do DCI, socializada pelo MST.
EcoDebate, 19/05/2011
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fonte:http://www.ecodebate.com.br/2011/05/19/estudo-mostra-que-o-aquifero-guarani-esta-contaminado-por-agrotoxicos/

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Vírus Ebola volta com tudo e o consumo de carne está ajudando a alastrar a doença

Embora os noticiários brasileiros estejam tomados apenas por notícias da Copa do Mundo, uma nova epidemia do vírus Ebola explodiu na África nas últimas semanas. Segundo Dr. Bart Janssens, diretor de operações da organização Médicos Sem Fronteias (MSF), o surto está fora de controle e a MSF chegou ao seu limite e precisa de ajuda internacional (leia aqui).
O Ebola surgiu nos anos setenta, mas, na época, afetava apenas cidades pequenas e aldeias afastadas. Desta vez, o vírus surgiu em três países simultaneamente: Guiné, Libéria e Serra Leoa. Capitais e cidades de grande porte com aeroportos internacionais estão na lista de mais de 60 localidades com casos confirmados. Nunca o Ebola havia chegado a uma capital.
O vírus causa a morte da vítima em até 90% dos casos e é transmitido pelo contato com o suor, saliva, sangue ou qualquer outro fluido corporal do infectado. O paciente tem febre, vômitos e sangramentos internos. A pessoa literalmente sangra até morrer.
Em um mundo globalizado, considerando a facilidade do contágio e a agressividade da doença, especialistas da Organização Mundial de Saúde (OMS) temem que o surto possa ter impacto internacional, espalhando-se por todos os continentes. Esta epidemia já é considerada por alguns especialistas como uma das piores da história.
O jornalista norte-americano Kaj Larsen, da Vice News, foi até a Liberia e encontrou uma situação trágica: parte da população simplesmente não acredita no Ebola e continua com costumes que têm feito com que a doença se espalhe ainda mais rapidamente. Em muitos países da África há a tradição do consumo da chamada Bushmeat (Carne de Caça), especialmente em comunidades pobres, onde os habitantes alegam necessidade para comer este tipo de carne. Bushmeat é a carne de várias espécies misturadas e vendidas à céu aberto. Normalmente a Bushmeat é carne de macacos, morcegos, ratos, cobras e outros animais. A reportagem da Vice News pode ser conferida apenas em inglês e sem legendas (assista aqui).
Uma espécie de morcego frugívoro africano é considerado o transmissor natural da infecção. Esta espécie de morcego só come frutas, por isso, a suspeita é de que o vírus chegue aos macacos quando os primatas comem frutas com a saliva ou fezes do morcego. Quando humanos caçam macacos, morcegos e outros animais e comem sua carne, tornam-se transmissores da doença. O vírus tem um período de encubação que varia de 2 a 21 dias, por isso, uma pessoa infectada pode passar semanas infectando outras sem demonstrar sintomas. O período de encubação é um agravante, pois uma pessoa pode viajar de avião por um ou mais países espalhando o vírus e dificilmente o passageiro seria barrado, pois não apresentaria nenhum sintoma da doença.
Nos últimos quatro meses, cerca de 327 pessoas morreram por conta do Ebola. Médicos da MSF precisam trabalhar com roupas especiais e qualquer parte do corpo que fique exposta pode custar suas vidas. A pressão psicológica é tão grande que os profissionais não conseguem ficam mais de dois meses em campo.
Todos os grandes portais do mundo como CNN e BBC estão noticiando sobre esta epidemia. Apenas pesquise “Ebola” no Google para ter mais referências.
fonte: http://vista-se.com.br/

terça-feira, 1 de julho de 2014

Morre Frostie, o cabrito paraplégico que lutou pela vida




Por Patricia Tai (da Redação)
Foto: Ecorazzi
Pam Ahern, do Santuário, com Frostie. Foto: Ecorazzi
Em maio deste ano, a ANDA publicou o adorável vídeo de Frostie, um pequeno filhote de cabra que foi resgatado pelo Edgar’s Mission Farm Sanctuary , um santuário de animais da Austrália. Frostie era portador de uma doença infecciosa que incapacitava as suas pernas traseiras, mas com a ajuda de uma cadeira de rodas, Frostie conseguiu ficar de pé e voltar a caminhar. Ele ficou conhecido como “Frostie, the snow goat” (Frostie, o cabrito de neve), devido à cor branca de sua pelagem.
Pouco tempo depois, o Edgar’s Mission postou um vídeo chamado “Ain’t No Mountain High Enough” (“Nenhuma montanha é alta o bastante”), atualizando a situação do pequeno Frostie, então sem a cadeira. Sua infecção havia tido uma melhora e ele estava correndo, pulando e brincando. O filhote estava vivendo feliz no santuário junto aos outros cabritos e animais.
A  notícia triste é que Frostie morreu no dia 23 de junho. As informações são da Ecorazzi.
No dia seguinte, a sua cuidadora Pam Ahern escreveu a seguinte mensagem na página do santuário no Facebook:
Por que?
Nas últimas 24 horas eu fui consumida por um entorpecimento esmagador, que tanto me protegeu quanto me paralisou. Ainda que esta dormência tenha me protegido de um tsunami de dor, ela também me impediu de ser capaz de escrever esse texto, e parece que só agora me está sendo permitido digitar que Frostie, o cabrito de neve, partiu. Nas primeiras horas da manhã de segunda-feira, o pequeno campeão me disse que não estava bem, quando o seu estômago começou a inchar rapidamente. Após alertar a veterinária que o atendia, ministrar a medicação e começar a massagem, a corrida era para levar meu pequeno amigo para receber os seus cuidados em tempo hábil. Mas não era para ser. Quando o pequeno deu seus últimos suspiros, ele olhou nos meus olhos cheios de lágrimas enquanto eu implorava a ele para ficar. Eu disse que o amava e que iria amá-lo para sempre. Foi quando eu soube de sua passagem e gritei ‘Por que?’ com toda a força dos meus pulmões, e chorei inconsolável sobre seus doces e quentes pelos brancos.
Ainda que fosse levar muitas horas até chegar a resposta clínica que explicaria por que Frostie nos deixou, todo o tempo de minha existência ainda não será suficiente para me fornecer uma resposta satisfatória quanto aos motivos da vida ser tão injusta com tão inocentes criaturas.
A necrópsia revelou que a coluna de Frostie estava cheia de abscessos, como se esta se recusasse a reconhecer a força e a determinação do rapaz, bem como o arsenal de antibióticos e medicamentos que foram utilizados nessa batalha. Um abscesso era tão grande que estava pressionando e comprometendo seu pequeno rúmen, compartimento do estômago que é fundamental para manter as cabras vivas.
Que Frostie era um filhote doente, isso nós soubemos desde que ele adentrou no nosso santuário. Incapaz de ficar em pé e de caminhar, severamente desidratado e cheio de piolhos, as previsões para Frostie não eram boas, mas ninguém disse isso a ele. Ele queria viver, e foi exatamente isso que prometemos ajudá-lo a conseguir. Desde o primeiro dia ele começou a melhorar, sempre mostrando a melhor das disposições, e apaixonou-se por mim como eu por ele. Esse fato era óbvio a qualquer um que nos visse juntos. Ele adorava morder meu cabelo e transformá-lo em dreadlocks cheios de saliva. Ele chorava quando não podia me ver, e iluminava-se como uma estrela quando me via. Ele tinha uma deliciosa e contagiante alegria de viver quando deslizou pela primeira vez em sua cadeira de rodas, parecendo dizer ‘ei, olhe pra mim’, e depois ‘veja, agora estou sem as rodinhas’, quando deu os seus primeiros passos sem a cadeira e conquistou corações ao redor do mundo.
Uma pergunta que me fazem constantemente em relação a Frostie é ‘Por que? Por que ir a tantos lugares, mobilizar tantos esforços e gastar tanto dinheiro para salvar um pequeno cabrito doente e abandonado?’. Eu vi Frostie não como um objeto de fazenda para consumo humano, mas como uma criatura com problemas, uma criatura em desesperada necessidade de receber bondade, compaixão e ajuda. Em uma nação que gasta bilhões de dólares a cada ano com animais que dividem conosco os nossos lares, alguém não pensaria duas vezes em fazer tudo o que estivesse ao seu alcance para salvar seu cão ou gato. O fato de Frostie pertencer a uma espécie um pouco diferente não era justificativa para que eu negasse a ele a chance de vida que ele tanto merecia.
O legado de Frostie será por muito tempo o lembrete de que os animais sempre serão um dos maiores testes para a humanidade. Quando vemos uma criatura sofrendo, podemos procurar protegê-la e aliviar a sua dor ou podemos escolher olhar para o outro lado e ignorá-la. O que escolhermos fazer não só irá escrever o nosso epitáfio, mas também moldar o mundo em que vivemos.
Foto: Edgard's Mission
Foto: Edgard’s Mission
Para um tão pequeno cabrito, que somente dançou nesta terra por um curto período de tempo, seu alcance tem sido enorme e ele pode muito bem vir a ser o prenúncio de um bravo, novo e justo mundo para os animais e para a forma como as pessoas os vêem. Embora uma parte de mim sinta-se traída por Frostie não ter tido uma vida longa, sei que ele recebeu mais felicidade, alegria, amor, amizade, bondade e compaixão que muitos animais receberam em uma vida inteira. A lição de Frostie para mim tem sido esta – aproveitar cada minuto da vida como o mais precioso presente, usá-lo sabiamente e com amor pois você nunca sabe se será o último.
Eu sei que a passagem do tempo irá diminuir a dor que meu coração está sentindo agora, mas nada jamais irá apagar as minhas belas e felizes lembranças de um alegre, atrevido e conversador cabrito branco que o mundo conheceu como Frostie, o cabrito de neve.
Um jornalista me perguntou o que eu queria, ao contar a história de Frostie. Eu pensei por um segundo e respondi: ‘Eu quero que as pessoas sejam bondosas para com os animais’. E tenho certeza de que essa é a mensagem que Frostie também gostaria de deixar.”
Fonte:anda.jor

Morre Frostie, o cabrito paraplégico que lutou pela vida




Por Patricia Tai (da Redação)
Foto: Ecorazzi
Pam Ahern, do Santuário, com Frostie. Foto: Ecorazzi
Em maio deste ano, a ANDA publicou o adorável vídeo de Frostie, um pequeno filhote de cabra que foi resgatado pelo Edgar’s Mission Farm Sanctuary , um santuário de animais da Austrália. Frostie era portador de uma doença infecciosa que incapacitava as suas pernas traseiras, mas com a ajuda de uma cadeira de rodas, Frostie conseguiu ficar de pé e voltar a caminhar. Ele ficou conhecido como “Frostie, the snow goat” (Frostie, o cabrito de neve), devido à cor branca de sua pelagem.
Pouco tempo depois, o Edgar’s Mission postou um vídeo chamado “Ain’t No Mountain High Enough” (“Nenhuma montanha é alta o bastante”), atualizando a situação do pequeno Frostie, então sem a cadeira. Sua infecção havia tido uma melhora e ele estava correndo, pulando e brincando. O filhote estava vivendo feliz no santuário junto aos outros cabritos e animais.
A  notícia triste é que Frostie morreu no dia 23 de junho. As informações são da Ecorazzi.
No dia seguinte, a sua cuidadora Pam Ahern escreveu a seguinte mensagem na página do santuário no Facebook:
Por que?
Nas últimas 24 horas eu fui consumida por um entorpecimento esmagador, que tanto me protegeu quanto me paralisou. Ainda que esta dormência tenha me protegido de um tsunami de dor, ela também me impediu de ser capaz de escrever esse texto, e parece que só agora me está sendo permitido digitar que Frostie, o cabrito de neve, partiu. Nas primeiras horas da manhã de segunda-feira, o pequeno campeão me disse que não estava bem, quando o seu estômago começou a inchar rapidamente. Após alertar a veterinária que o atendia, ministrar a medicação e começar a massagem, a corrida era para levar meu pequeno amigo para receber os seus cuidados em tempo hábil. Mas não era para ser. Quando o pequeno deu seus últimos suspiros, ele olhou nos meus olhos cheios de lágrimas enquanto eu implorava a ele para ficar. Eu disse que o amava e que iria amá-lo para sempre. Foi quando eu soube de sua passagem e gritei ‘Por que?’ com toda a força dos meus pulmões, e chorei inconsolável sobre seus doces e quentes pelos brancos.
Ainda que fosse levar muitas horas até chegar a resposta clínica que explicaria por que Frostie nos deixou, todo o tempo de minha existência ainda não será suficiente para me fornecer uma resposta satisfatória quanto aos motivos da vida ser tão injusta com tão inocentes criaturas.
A necrópsia revelou que a coluna de Frostie estava cheia de abscessos, como se esta se recusasse a reconhecer a força e a determinação do rapaz, bem como o arsenal de antibióticos e medicamentos que foram utilizados nessa batalha. Um abscesso era tão grande que estava pressionando e comprometendo seu pequeno rúmen, compartimento do estômago que é fundamental para manter as cabras vivas.
Que Frostie era um filhote doente, isso nós soubemos desde que ele adentrou no nosso santuário. Incapaz de ficar em pé e de caminhar, severamente desidratado e cheio de piolhos, as previsões para Frostie não eram boas, mas ninguém disse isso a ele. Ele queria viver, e foi exatamente isso que prometemos ajudá-lo a conseguir. Desde o primeiro dia ele começou a melhorar, sempre mostrando a melhor das disposições, e apaixonou-se por mim como eu por ele. Esse fato era óbvio a qualquer um que nos visse juntos. Ele adorava morder meu cabelo e transformá-lo em dreadlocks cheios de saliva. Ele chorava quando não podia me ver, e iluminava-se como uma estrela quando me via. Ele tinha uma deliciosa e contagiante alegria de viver quando deslizou pela primeira vez em sua cadeira de rodas, parecendo dizer ‘ei, olhe pra mim’, e depois ‘veja, agora estou sem as rodinhas’, quando deu os seus primeiros passos sem a cadeira e conquistou corações ao redor do mundo.
Uma pergunta que me fazem constantemente em relação a Frostie é ‘Por que? Por que ir a tantos lugares, mobilizar tantos esforços e gastar tanto dinheiro para salvar um pequeno cabrito doente e abandonado?’. Eu vi Frostie não como um objeto de fazenda para consumo humano, mas como uma criatura com problemas, uma criatura em desesperada necessidade de receber bondade, compaixão e ajuda. Em uma nação que gasta bilhões de dólares a cada ano com animais que dividem conosco os nossos lares, alguém não pensaria duas vezes em fazer tudo o que estivesse ao seu alcance para salvar seu cão ou gato. O fato de Frostie pertencer a uma espécie um pouco diferente não era justificativa para que eu negasse a ele a chance de vida que ele tanto merecia.
O legado de Frostie será por muito tempo o lembrete de que os animais sempre serão um dos maiores testes para a humanidade. Quando vemos uma criatura sofrendo, podemos procurar protegê-la e aliviar a sua dor ou podemos escolher olhar para o outro lado e ignorá-la. O que escolhermos fazer não só irá escrever o nosso epitáfio, mas também moldar o mundo em que vivemos.
Foto: Edgard's Mission
Foto: Edgard’s Mission
Para um tão pequeno cabrito, que somente dançou nesta terra por um curto período de tempo, seu alcance tem sido enorme e ele pode muito bem vir a ser o prenúncio de um bravo, novo e justo mundo para os animais e para a forma como as pessoas os vêem. Embora uma parte de mim sinta-se traída por Frostie não ter tido uma vida longa, sei que ele recebeu mais felicidade, alegria, amor, amizade, bondade e compaixão que muitos animais receberam em uma vida inteira. A lição de Frostie para mim tem sido esta – aproveitar cada minuto da vida como o mais precioso presente, usá-lo sabiamente e com amor pois você nunca sabe se será o último.
Eu sei que a passagem do tempo irá diminuir a dor que meu coração está sentindo agora, mas nada jamais irá apagar as minhas belas e felizes lembranças de um alegre, atrevido e conversador cabrito branco que o mundo conheceu como Frostie, o cabrito de neve.
Um jornalista me perguntou o que eu queria, ao contar a história de Frostie. Eu pensei por um segundo e respondi: ‘Eu quero que as pessoas sejam bondosas para com os animais’. E tenho certeza de que essa é a mensagem que Frostie também gostaria de deixar.”
Fonte:anda.jor

Morre Frostie, o cabrito paraplégico que lutou pela vida




Por Patricia Tai (da Redação)
Foto: Ecorazzi
Pam Ahern, do Santuário, com Frostie. Foto: Ecorazzi
Em maio deste ano, a ANDA publicou o adorável vídeo de Frostie, um pequeno filhote de cabra que foi resgatado pelo Edgar’s Mission Farm Sanctuary , um santuário de animais da Austrália. Frostie era portador de uma doença infecciosa que incapacitava as suas pernas traseiras, mas com a ajuda de uma cadeira de rodas, Frostie conseguiu ficar de pé e voltar a caminhar. Ele ficou conhecido como “Frostie, the snow goat” (Frostie, o cabrito de neve), devido à cor branca de sua pelagem.
Pouco tempo depois, o Edgar’s Mission postou um vídeo chamado “Ain’t No Mountain High Enough” (“Nenhuma montanha é alta o bastante”), atualizando a situação do pequeno Frostie, então sem a cadeira. Sua infecção havia tido uma melhora e ele estava correndo, pulando e brincando. O filhote estava vivendo feliz no santuário junto aos outros cabritos e animais.
A  notícia triste é que Frostie morreu no dia 23 de junho. As informações são da Ecorazzi.
No dia seguinte, a sua cuidadora Pam Ahern escreveu a seguinte mensagem na página do santuário no Facebook:
Por que?
Nas últimas 24 horas eu fui consumida por um entorpecimento esmagador, que tanto me protegeu quanto me paralisou. Ainda que esta dormência tenha me protegido de um tsunami de dor, ela também me impediu de ser capaz de escrever esse texto, e parece que só agora me está sendo permitido digitar que Frostie, o cabrito de neve, partiu. Nas primeiras horas da manhã de segunda-feira, o pequeno campeão me disse que não estava bem, quando o seu estômago começou a inchar rapidamente. Após alertar a veterinária que o atendia, ministrar a medicação e começar a massagem, a corrida era para levar meu pequeno amigo para receber os seus cuidados em tempo hábil. Mas não era para ser. Quando o pequeno deu seus últimos suspiros, ele olhou nos meus olhos cheios de lágrimas enquanto eu implorava a ele para ficar. Eu disse que o amava e que iria amá-lo para sempre. Foi quando eu soube de sua passagem e gritei ‘Por que?’ com toda a força dos meus pulmões, e chorei inconsolável sobre seus doces e quentes pelos brancos.
Ainda que fosse levar muitas horas até chegar a resposta clínica que explicaria por que Frostie nos deixou, todo o tempo de minha existência ainda não será suficiente para me fornecer uma resposta satisfatória quanto aos motivos da vida ser tão injusta com tão inocentes criaturas.
A necrópsia revelou que a coluna de Frostie estava cheia de abscessos, como se esta se recusasse a reconhecer a força e a determinação do rapaz, bem como o arsenal de antibióticos e medicamentos que foram utilizados nessa batalha. Um abscesso era tão grande que estava pressionando e comprometendo seu pequeno rúmen, compartimento do estômago que é fundamental para manter as cabras vivas.
Que Frostie era um filhote doente, isso nós soubemos desde que ele adentrou no nosso santuário. Incapaz de ficar em pé e de caminhar, severamente desidratado e cheio de piolhos, as previsões para Frostie não eram boas, mas ninguém disse isso a ele. Ele queria viver, e foi exatamente isso que prometemos ajudá-lo a conseguir. Desde o primeiro dia ele começou a melhorar, sempre mostrando a melhor das disposições, e apaixonou-se por mim como eu por ele. Esse fato era óbvio a qualquer um que nos visse juntos. Ele adorava morder meu cabelo e transformá-lo em dreadlocks cheios de saliva. Ele chorava quando não podia me ver, e iluminava-se como uma estrela quando me via. Ele tinha uma deliciosa e contagiante alegria de viver quando deslizou pela primeira vez em sua cadeira de rodas, parecendo dizer ‘ei, olhe pra mim’, e depois ‘veja, agora estou sem as rodinhas’, quando deu os seus primeiros passos sem a cadeira e conquistou corações ao redor do mundo.
Uma pergunta que me fazem constantemente em relação a Frostie é ‘Por que? Por que ir a tantos lugares, mobilizar tantos esforços e gastar tanto dinheiro para salvar um pequeno cabrito doente e abandonado?’. Eu vi Frostie não como um objeto de fazenda para consumo humano, mas como uma criatura com problemas, uma criatura em desesperada necessidade de receber bondade, compaixão e ajuda. Em uma nação que gasta bilhões de dólares a cada ano com animais que dividem conosco os nossos lares, alguém não pensaria duas vezes em fazer tudo o que estivesse ao seu alcance para salvar seu cão ou gato. O fato de Frostie pertencer a uma espécie um pouco diferente não era justificativa para que eu negasse a ele a chance de vida que ele tanto merecia.
O legado de Frostie será por muito tempo o lembrete de que os animais sempre serão um dos maiores testes para a humanidade. Quando vemos uma criatura sofrendo, podemos procurar protegê-la e aliviar a sua dor ou podemos escolher olhar para o outro lado e ignorá-la. O que escolhermos fazer não só irá escrever o nosso epitáfio, mas também moldar o mundo em que vivemos.
Foto: Edgard's Mission
Foto: Edgard’s Mission
Para um tão pequeno cabrito, que somente dançou nesta terra por um curto período de tempo, seu alcance tem sido enorme e ele pode muito bem vir a ser o prenúncio de um bravo, novo e justo mundo para os animais e para a forma como as pessoas os vêem. Embora uma parte de mim sinta-se traída por Frostie não ter tido uma vida longa, sei que ele recebeu mais felicidade, alegria, amor, amizade, bondade e compaixão que muitos animais receberam em uma vida inteira. A lição de Frostie para mim tem sido esta – aproveitar cada minuto da vida como o mais precioso presente, usá-lo sabiamente e com amor pois você nunca sabe se será o último.
Eu sei que a passagem do tempo irá diminuir a dor que meu coração está sentindo agora, mas nada jamais irá apagar as minhas belas e felizes lembranças de um alegre, atrevido e conversador cabrito branco que o mundo conheceu como Frostie, o cabrito de neve.
Um jornalista me perguntou o que eu queria, ao contar a história de Frostie. Eu pensei por um segundo e respondi: ‘Eu quero que as pessoas sejam bondosas para com os animais’. E tenho certeza de que essa é a mensagem que Frostie também gostaria de deixar.”
Fonte:anda.jor

Autonomia indígena: município mexicano ganha na justiça direito de se autogovernar


Cherán não é uma comunidade comum no México. Formado em sua maioria por indígenas de etnia purépecha, localizado no Estado de Michoacán, o município se organizou em abril de 2011 para se defender de grupos de "talamontes" – dedicados ao corte clandestino de árvores e ligados a cartéis de drogas. A ação foi urgente, pois os bosques originários da região estavam sendo completamente destruídos.
Eneas/Wikicommons

Jovens de Cherán vigiam as ruas com os rostos cobertos para evitar represálias dos "talamontes" e do crime organizado

Com reuniões tradicionais na rua ao redor das fogueiras, forma de organização típica dos purépecha, os habitantes de Cherán conseguiram reorganizar a Ronda Comunitária e expulsar não apenas os criminosos, mas também eliminar tanto o presidente municipal como os partidos políticos, instituindo um Conselho Maior.
O órgão é formado por 12 pessoas eleitas nos quatro bairros do povo, onde vivem cerca de 11 mil pessoas. Nem o Congresso local, nem o governo do Estado, quiseram reconhecer a autoridade indígena de Cherán, a qual até pouco tempo consideravam “rebelde”.

No entanto, em 26 de maio, por meio de uma resolução histórica, a Suprema Corte de Justiça da Nação (SCJN) reconheceu a autoridade da comunidade indígena de Cherán para eleger suas autoridades seguindo seus usos e costumes, como garantido pelo artigo 2 da Constituição mexicana.

“Acredito que os povos e comunidades indígenas podem se organizar de diferentes formas, uma delas sendo os municípios indígenas”, disse, durante a discussão, o ministro Arturo Zaldívar, um dos 9 – de 11 – que votaram a favor da decisão.
Leia mais: Terra sem lei, município mexicano pega em armas para expulsar "Cavaleiros Templários" 

Em Cherán, o Conselho Maior funciona como a máxima autoridade indígena do município, onde a figura do presidente municipal já não garantia a correta gestão do poder. As rondas tradicionais sempre tinham sido parte da gestão da segurança nas comunidades Purépecha e, em Cherán, se transformaram em uma força de polícia que substituiu a polícia municipal, acusada pelos habitantes de corrupção e conluio com os grupos criminosos da região.


O exemplo de auto-organização é tão bem sucedido que inspirou todos os grupos de autodefesas e de polícias comunitárias que surgiram no Estado de Michoacán a partir de fevereiro de 2013.
Leia mais: Michoacán: autodefesas surgem em contexto de paramilitarização do México 

Vitória parcial

Junto à luta armada, os moradores de Cherán fizeram um esforço legal para ver reconhecido seu direito à autodeterminação e ao autogoverno a partir de seus usos e costumes indígenas. Porém, de acordo com o advogado David Romer, membro do Conselho de Honra e Justiça de Cherán, o órgão comunitário que se encarrega da administração da justiça e é responsável pela Ronda Comunitária, ainda não é o momento para festejar.
“Não existe ainda uma postura do Conselho Maior a respeito”, explicou David em entrevista a Opera Mundi. “Mas é possível destacar alguns pontos-chave”, continuou. Um deles, segundo o membro da instituição indígena, é que finalmente “a SCJN reconhece o governo de Cherán como diferente, regido por nossos usos e costumes e no mesmo nível de qualquer outro governo municipal do México.”

Em 2012, o Congresso de Michoacán aprovou uma reforma constitucional do Estado que afetava as comunidades indígenas sem consultar seus representantes. Os deputados locais tinham argumentado a inexistência de uma autoridade formal na localidade para fazer uma consulta popular, não reconhecendo o Conselho Maior como autoridade legítima. Agora, o plenário da SCJN declarou inválidas essas reformas, impugnadas pelo município de Cherán.

A decisão da Suprema Corte reconhece que o município indígena de Cherán tem legitimidade para impugnar a reforma na Constituição estatal em matéria de povos indígenas promulgada em 2012.  No entanto, a reforma feita na lei do Estado de Michoacán será invalidada apenas no caso de Cherán, mas não acontecerá o mesmo com os outrosmunicípios afetados, uma vez que só Cherán se pronunciou a tempo sobre a controvérsia constitucional frente à SCJN.
Eneas/Wikicommons

As fogueiras são elementos centrais da organização popular de Cherán. Ao redor delas são decididos importantes questões locais

“Isso quer dizer que não é automático que o que foi decidido a nosso favor vai representar um precedente para todas as comunidades indígenas do país”, destacou Romero. E, além disso, afirmou, “agora, o poder legislativo de Michoacán terá de ditar os prazos e a agenda para cumprir a determinação da SCJN, o que pode ser levar um tempo indefinido."

Trata-se de uma vitória parcial para os povos indígenas do México que anseiam por uma autonomia que garanta e reconheça seu direito e sua organização tão válida como a do Estado mexicano.

Em sua autonomia, o Conselho Maior de Cherán se negou a implementar o Mando Único de Polícia [Comando Único Policial, em tradução livre] em Michoacán, um projeto promovido pelo comissário federal, Alfredo Castillo, por causa da violência dos últimos meses em Michoacán.

O município de Cherán se negou a substituir a Ronda Comunitária por uma polícia estatal. A segurança de seu município ficará nas mãos de sua própria polícia, porque o Conselho Indígena não aceita que estranhos entrem em sua comunidade para controlar sua segurança, que é um dos temas centrais das autoridades purépecha: “É uma questão de prioridades”, ressaltou Romero. “Os atores criminais em Michoacán estão se reposicionando e é fundamental manter a atenção alta na questão da segurança”.
fonte:operamundi