Por Patricia Tai (da Redação)
Em maio deste ano, a ANDA publicou o adorável vídeo de Frostie, um pequeno filhote de cabra que foi resgatado pelo Edgar’s Mission Farm Sanctuary , um santuário de animais da Austrália. Frostie era portador de uma doença infecciosa que incapacitava as suas pernas traseiras, mas com a ajuda de uma cadeira de rodas, Frostie conseguiu ficar de pé e voltar a caminhar. Ele ficou conhecido como “Frostie, the snow goat” (Frostie, o cabrito de neve), devido à cor branca de sua pelagem.
Pouco tempo depois, o Edgar’s Mission postou um vídeo chamado “Ain’t No Mountain High Enough” (“Nenhuma montanha é alta o bastante”), atualizando a situação do pequeno Frostie, então sem a cadeira. Sua infecção havia tido uma melhora e ele estava correndo, pulando e brincando. O filhote estava vivendo feliz no santuário junto aos outros cabritos e animais.
A notícia triste é que Frostie morreu no dia 23 de junho. As informações são da Ecorazzi.
No dia seguinte, a sua cuidadora Pam Ahern escreveu a seguinte mensagem na página do santuário no Facebook:
“Por que?
Nas últimas 24 horas eu fui consumida por um entorpecimento esmagador, que tanto me protegeu quanto me paralisou. Ainda que esta dormência tenha me protegido de um tsunami de dor, ela também me impediu de ser capaz de escrever esse texto, e parece que só agora me está sendo permitido digitar que Frostie, o cabrito de neve, partiu. Nas primeiras horas da manhã de segunda-feira, o pequeno campeão me disse que não estava bem, quando o seu estômago começou a inchar rapidamente. Após alertar a veterinária que o atendia, ministrar a medicação e começar a massagem, a corrida era para levar meu pequeno amigo para receber os seus cuidados em tempo hábil. Mas não era para ser. Quando o pequeno deu seus últimos suspiros, ele olhou nos meus olhos cheios de lágrimas enquanto eu implorava a ele para ficar. Eu disse que o amava e que iria amá-lo para sempre. Foi quando eu soube de sua passagem e gritei ‘Por que?’ com toda a força dos meus pulmões, e chorei inconsolável sobre seus doces e quentes pelos brancos.
Ainda que fosse levar muitas horas até chegar a resposta clínica que explicaria por que Frostie nos deixou, todo o tempo de minha existência ainda não será suficiente para me fornecer uma resposta satisfatória quanto aos motivos da vida ser tão injusta com tão inocentes criaturas.
A necrópsia revelou que a coluna de Frostie estava cheia de abscessos, como se esta se recusasse a reconhecer a força e a determinação do rapaz, bem como o arsenal de antibióticos e medicamentos que foram utilizados nessa batalha. Um abscesso era tão grande que estava pressionando e comprometendo seu pequeno rúmen, compartimento do estômago que é fundamental para manter as cabras vivas.
Que Frostie era um filhote doente, isso nós soubemos desde que ele adentrou no nosso santuário. Incapaz de ficar em pé e de caminhar, severamente desidratado e cheio de piolhos, as previsões para Frostie não eram boas, mas ninguém disse isso a ele. Ele queria viver, e foi exatamente isso que prometemos ajudá-lo a conseguir. Desde o primeiro dia ele começou a melhorar, sempre mostrando a melhor das disposições, e apaixonou-se por mim como eu por ele. Esse fato era óbvio a qualquer um que nos visse juntos. Ele adorava morder meu cabelo e transformá-lo em dreadlocks cheios de saliva. Ele chorava quando não podia me ver, e iluminava-se como uma estrela quando me via. Ele tinha uma deliciosa e contagiante alegria de viver quando deslizou pela primeira vez em sua cadeira de rodas, parecendo dizer ‘ei, olhe pra mim’, e depois ‘veja, agora estou sem as rodinhas’, quando deu os seus primeiros passos sem a cadeira e conquistou corações ao redor do mundo.
Uma pergunta que me fazem constantemente em relação a Frostie é ‘Por que? Por que ir a tantos lugares, mobilizar tantos esforços e gastar tanto dinheiro para salvar um pequeno cabrito doente e abandonado?’. Eu vi Frostie não como um objeto de fazenda para consumo humano, mas como uma criatura com problemas, uma criatura em desesperada necessidade de receber bondade, compaixão e ajuda. Em uma nação que gasta bilhões de dólares a cada ano com animais que dividem conosco os nossos lares, alguém não pensaria duas vezes em fazer tudo o que estivesse ao seu alcance para salvar seu cão ou gato. O fato de Frostie pertencer a uma espécie um pouco diferente não era justificativa para que eu negasse a ele a chance de vida que ele tanto merecia.
O legado de Frostie será por muito tempo o lembrete de que os animais sempre serão um dos maiores testes para a humanidade. Quando vemos uma criatura sofrendo, podemos procurar protegê-la e aliviar a sua dor ou podemos escolher olhar para o outro lado e ignorá-la. O que escolhermos fazer não só irá escrever o nosso epitáfio, mas também moldar o mundo em que vivemos.
Para um tão pequeno cabrito, que somente dançou nesta terra por um curto período de tempo, seu alcance tem sido enorme e ele pode muito bem vir a ser o prenúncio de um bravo, novo e justo mundo para os animais e para a forma como as pessoas os vêem. Embora uma parte de mim sinta-se traída por Frostie não ter tido uma vida longa, sei que ele recebeu mais felicidade, alegria, amor, amizade, bondade e compaixão que muitos animais receberam em uma vida inteira. A lição de Frostie para mim tem sido esta – aproveitar cada minuto da vida como o mais precioso presente, usá-lo sabiamente e com amor pois você nunca sabe se será o último.
Eu sei que a passagem do tempo irá diminuir a dor que meu coração está sentindo agora, mas nada jamais irá apagar as minhas belas e felizes lembranças de um alegre, atrevido e conversador cabrito branco que o mundo conheceu como Frostie, o cabrito de neve.
Um jornalista me perguntou o que eu queria, ao contar a história de Frostie. Eu pensei por um segundo e respondi: ‘Eu quero que as pessoas sejam bondosas para com os animais’. E tenho certeza de que essa é a mensagem que Frostie também gostaria de deixar.”
Fonte:anda.jor
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