O médico veterinário Francisco Anilton Alves Araújo, um dos maiores especialistas em leishmaniose canina (Calazar) e zoonoses do Brasil, esteve reunido no Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Aracaju nesta quarta-feira, 10, para apresentar os benefícios da aplicação preventiva da vacina contra a doença em cães sadios. Francisco Anilton é coordenador de Zoonoses do Laboratório Hertape Calier Saúde Animal, empresa produtora da vacina Vacina Leish-Tec (Anti-Leishmaniose Visceral Canina), em Brasília.
O especialista veio a Aracaju a convite da coordenadora do CCZ, Roseane Nunes. “Eu conversei com o médico sobre a possibilidade de fazermos a vacinação sem custo ou num custo mais baixo aqui em Aracaju, então, ele veio apresentar a ideia para nós. Se der certo, nossa meta é fazer a vacinação no bairro 17 de Março, um dos mais problemáticos da capital”, afirmou.
Ao se referir ao veterinário Francisco Anilton, Roseane Nunes disse que ele é um profissional com currículo abrangente, que além de professor doutor na área, trabalhou 25 anos como consultor do no Ministério da Saúde, participando da criação da campanha nacional de vacinação de cães e gatos contra raiva. Sem dúvida, tem muito a contribuir para que possamos avançar no combate a endemias. A vacina pode vir a ser uma ferramenta a mais para prevenção de medidas drásticas como a eutanásia de cães com leishmania, afirmou.
Prevenção
O veterinário Francisco Anilton debateu sobre a eficácia da imunização de cães contra leishmaniose. Segundo explicou ele, a eficácia da vacina é reconhecida pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e Ministério da Saúde.
Os testes com a Vacina Leish-Tec comprovam que 96,5% dos animais devidamente vacinados responderam ao tratamento e foram protegidos contra a doença. Um resultado jamais visto até então com outros testes, disse. O veterinário reforçou que a vacina pode vir a ser uma alternativa eficaz para prevenção e redução de casos do calazar, sobretudo nas regiões mais pobres onde a população canina é grande e os tutores de animais não têm acesso a médicos veterinários que possam orientar para diagnóstico precoce e prevenção da doença.
Segundo ele, o Brasil já tem experiências exitosas em municípios onde a vacina foi introduzida e testada, como Porteirinha, no Norte de Minas, que tinha elevado número de casos de cães com calazar. Após vacinar mais de mil cães, foi feita a finalização do estudo com inquérito sorológico amostral, onde foi observada uma redução significativa na prevalência da doença em cães do município, explicou.
O veterinário ainda explicou que a imunização com a vacina Leish-Tec é feita no cão comprovadamente sadio que, no primeiro ano de vacinas, recebe três doses da vacina com intervalo de 20 dias e uma dose final no ano seguinte. Em termos de investimento no setor público de zoonoses isso significa que caso um CCZ utilize a vacina nos primeiros anos de implantação, se gasta mais recursos financeiros, mas com a continuidade da imunização da população canina nos anos seguintes o gasto tende à redução, disse.
O especialista enfatizou que a eutanásia não é uma forma eficaz de combate à leishmaniose e que a imunização de cães contra a doença não interfere na vigilância e controle do programa de saúde pública.
O encontro com veterinário Francisco Anilton aconteceu na sede do CCZ, no bairro Capucho, e contou com as presenças das equipes de técnicos e profissionais do centro, da coordenação da Vigilância Epidemiológica de Aracaju, da gerente de Endemias da Secretaria do Estado da Saúde, Sidney Sá, além dos presidentes do Sindicato dos Médicos Veterinários do Estado de Sergipe (Sindvese), José Paixão, e a presidente da ONG de Educação e Legislação Animal (Elan), Nazaré Moraes.