Lisboa
A definição de animais de companhia vai ser levada muito a sério no sábado durante um concerto de piano, na capela da Lapa, em Lisboa, aberto a cães, gatos ou outros.
Uma das voluntárias da organização, Rita Jacobetty, contou à Lusa que já foi feito um ensaio “mas discreto” para experimentar ter animais na plateia.
E correu bem. No sábado, será mais a sério com a peça ‘Fado para piano solo’ de Alexandre Rey Colaço, com a interpretação por uma das voluntárias da associação Animais de Rua, Vera Prokic.
A autorização para os animais estarem presentes foi fácil de obter uma vez que a capela é gerida pela pianista, que tem dois cães, um dos quais com 21 anos e que fica debaixo do piano durante as atuações.
Segundo a coordenadora do núcleo de Lisboa e de Sintra da associação, a capela tem uma lotação para 60 pessoas e espera-se que encha.
Bianca Santos admite a vontade de “fomentar a possibilidade” de os animais acompanharem as pessoas em mais lugares.
“Estamos sempre abertos a novas iniciativas, mas a abertura em Portugal ainda não é a mesma da restante Europa”, disse à Lusa.
Quem quiser levar companhia ao concerto terá de cumprir a lei aplicada a qualquer local público e ter o “bom senso de levar animais sociáveis e que se saibam comportar em público”.
De qualquer forma, “existe um espaço fora da capela, onde é possível estar com o animal, caso ele não aprecie a música”, acrescentou Bianca Santos.
Antes do concerto, decorre um lanche para pessoas e animais para angariar fundos. O preço do bilhete é de 10 euros, valor que reverte para a associação, que existe desde 2005 e que se concentra em esterilizar animais de rua.
“Fazemos um trabalho a nível da higiene urbana e de melhoria das condições de vida dos animais”, notou a voluntária Rita Jacobetty.
Reconhecida pela World Society for the Protection of Animals (WSPA, Sociedade Mundial de Proteção dos Animais) e seguindo o método oficial usado em Espanha, o lema da Animais de Rua é: CED – capturar, esterilizar e devolver.
“O número de animais que precisam de um lar é muito superior ao número de famílias dispostas a adotá-los”, lembrou ainda Bianca Santos, sublinhando que a associação tenta “diminuir o sofrimento desses animais e proporcionar-lhes melhores condições de vida na rua”.
Até ao momento foram feitas 8.689 esterilizações. A maior parte dos animais são sinalizados por cuidadores, habitualmente pessoas que dão alimentos aos animais abandonados.
Depois de esterilizados, os animais são devolvidos à proveniência e acompanhados. Nesses locais, acabam por surgir outros animais, que face à vigilância também são esterilizados.
No caso de pessoas carenciadas, a associação também garante a esterilização e no caso de animais encontrados e que visivelmente são domesticados promovem a denominada adoção responsável.