sexta-feira, 11 de maio de 2012

Maus-tratos de cães na Universidade Federal de Santa Maria são investigados pelo MPF




Denúncias mostraram cachorros em situação precária, mas doutorando nega maus-tratos aos animais Foto: Jean Pimentel / Agencia RBS
O Ministério Público Federal (MPF) abriu um inquérito, ontem, para apurar o que aconteceu com os cães que teriam sido vítimas de maus-tratos em decorrência de um experimento feito por um aluno da pós-graduação do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
Nesta sexta-feira (11), o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) deve decidir se iniciará um processo para também verificar o que ocorreu com os animais.
A pesquisa consistiu em criar e testar uma placa de titânio para recompor mandíbulas e maxilares de cães vítimas de câncer na boca. O projeto testou o desempenho de próteses humanas e de uma placa específica desenvolvida pelo doutorando Cristiano Gomes, com ajuda de engenheiros, para a anatomia dos cães. O estudante usou cães cobaias que tiveram parte ou toda a mandíbula retirada para a colocação e teste das placas.
O Diário de Santa Maria recebeu queixas sobre o experimento cruel. As dúvidas não giravam em torno da importância da pesquisa, mas do uso de animais saudáveis, do suposto abandono dos bichos e da eutanásia de alguns cães. Gomes e seu orientador, Ney Luis Pippi, negaram os maus-tratos.
Com base em reportagem publicada ontem, a procuradora da República Jerusa Burmann Viecieli abriu inquérito para investigar a pesquisa. A reportagem tentou contato com ela ontem, mas não obteve retorno.
O chefe substituto do Ibama no escritório regional de Santa Maria, Alexandre Barnewitz, disse que deve se reunir hoje com o chefe do escritório, Tarso Isaia, para definir qual o procedimento será adotado. O Comitê de Ética em Experimentação Animal da UFSM também começou uma investigação, após receber reclamação formal na terça-feira. Membros do comitê foram até as instalações onde o experimento foi feito.
Além de avaliar o local, o comitê vai esclarecer se houve ou não maus-tratos, quantos animais foram usados – as queixas apontam para uma quantidade maior do que os 12 mencionados no projeto – e o fato de alguns cães terem sido submetidos a eutanásia.

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