segunda-feira, 8 de julho de 2013

Envenenamento de animais continua e cerca de 150 já morreram em Rio Paranaíba


Foto:  Divulgação
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Alimentos envenenados nas ruas e dentro das casas para matar animais. Este é o cenário que assusta, há mais de um mês, moradores da cidade de Rio Paranaíba, na região do Alto Paranaíba. A Polícia Civil investiga o caso e estima que cerca de 150 cães e gatos já morreram envenenados no município. A cidade tem pouco mais de 11 mil habitantes, e parte está empenhada em resolver o mistério e chegar aos autores, estes que a população já considera como verdadeiros “monstros”. No mês passado, a ANDA publicou uma matéria relatando a matança dos animais em Rio Paranaíba. Na ocasião havia registro de pelo menos 50 mortes de animais. O número, desde então, subiu consideravelmente. Até uma recompensa no valor de R$ 2 mil chegou a ser oferecida para quem encontrar o suspeito.
Segundo o investigador da Polícia Civil, Fabrício Martins Ribeiro Silva, a polícia está empenhada com a causa e desde o início dos envenenamentos vem fazendo rastreamentos, até mesmo no período da noite, em várias partes da cidade. Cerca de dez pessoas estão envolvidas na ação.
Ainda de acordo com Fabrício Martins, a polícia acredita que os envenenamentos são realizados por mais de uma pessoa e que deve haver um mandante por trás dos crimes. “Estamos fazendo análise de imagens das câmeras de segurança e esperamos chegar aos culpados o mais rápido possível. É preciso que a população ajude a polícia repassando qualquer informação que possa levar à conclusão dos fatos”, explicou.
Veneno mais forte
Na última semana, o veneno utilizado pelos criminosos apresentou ser mais forte e poucos animais conseguiram escapar da morte após ingerí-lo. Pedaços de alimentos envenenados foram recolhidos e enviados para a perícia da Polícia Civil.
A Secretaria do Meio Ambiente também disse estar empenhada para resolver a situação. O secretário Jader Rocha afirmou que a Prefeitura está dando todo o apoio e contribuindo com as investigações da polícia. Ele também salientou que os servidores que trabalham com a limpeza e com a guarda noturna na cidade estão atentos em qualquer atitude suspeita.
Sobre o destino que é dado aos animais mortos, o secretário informou que o Município terceirizou um caminhão para recolhimento dos animais, que estão sendo enterrados.
Apesar do empenho dos órgãos, a situação para muitos já fugiu do controle. O zootecnista Miller Mendes contou que desde que a onda de envenenamentos começou na cidade ele já atendeu, de forma voluntária, mais de 300 animais. Os gastos de Miller já ultrapassam R$ 700, mas o amor pelos animais é o que o motiva a continuar e tentar salvar vidas. “Muitas vezes deixo o meu trabalho no Pet Shop e corro para ajudar os animais envenenados. Meu psicológico já está abalado com tanta covardia”, desabafou.
Segundo o zootecnista, os envenenamentos pararam por uns dias, mas essa semana voltou com força total. No início, Miller contou que o veneno utilizado pelos criminosos parecia ser o Temik, conhecido por chumbinho. Já nas últimas mortes, o zootecnista notou que a salivação dos animais estava mais branca e as convulsões mais frequentes. “Não é possível afirmar, mas parece que o veneno desta vez é mais forte e está cada dia mais difícil salvar os animais”.
O produto estava sendo colocado em alimentos e distribuído pelas ruas da cidade. “Está vergonhosa essa situação. Não vemos mais tantos animais nas ruas. Se tiver 20 cachorros é muito. Se a situação continuar, em 30 dias não teremos mais animais. Não sei mais o que pensar.”, ressaltou.
Foto:  Divulgação
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Em um dos atendimentos, o zootecnista conseguiu salvar uma cachorrinha abandonada e este foi um dos fatos que marcou a vida do profissional. “Ela já estava quase morta. Tratei dela, levei-a para tomar soro e até fiz comida. Ela não mexia nem o olho e essa semana, por milagre, ela deu cria. Xena e os filhotinhos me fizeram sentir melhor diante da tristeza que nos tem envolvido. Acabei adotando-os”, relatou emocionado.
Perdas
Por amor aos animais, a locutora e estudante Paloma Silva recolheu das ruas cerca de 20 gatos. Eles foram levados para a casa dela e, desde então, ela cuida, brinca e dá amor aos bichinhos. Nesta semana, quatro gatos foram envenenados e não resistiram. “É muito triste. Jogaram carne envenenada dentro da minha própria casa. Depois de envenenado, os gatos ficaram violentos e morreram em minutos”, lamentou.
Paloma disse, ainda, que ouviu uma pessoa que faz a limpeza na cidade falando que havia 15 animais mortos em um só quarteirão.
E assim como Paloma, o auxiliar administrativo Carlos Roberto da Cruz Júnior também perdeu quatro dos seus cinco animais, devido aos envenenamentos na cidade. Um dos cães de Carlos Roberto convivia há 13 anos com ele. “Foi uma perda e também uma frustração”, comentou.
A cachorrinha que restou, segundo Carlos Roberto, está desamparada e se sentindo sozinha. “Já cheguei a pensar em arrumar uma companhia para ela, mas enquanto essa situação não se resolver, prefiro não arriscar e ter que passar novamente pelo que estou passando”, disse.
Recompensa
A polêmica já invadiu as redes sociais com direito a recompensa. Na página do grupo da Associação dos Defensores e Amigos do Meio Ambiente (ADAMA) está sendo realizada uma campanha para arrecadação de dinheiro.
Claudiane Carvalho faz parte do Conselho Deliberativo da ADAMA e, de acordo com ela, foram espalhados cartazes por toda a cidade com a recompensa de R$ 2 mil para quem denunciasse o autor ou os autores dos envenenamentos dos cães e gatos de Rio Paranaíba. “Esta é uma situação complicada. Mais de 20 pessoas já ajudaram com dinheiro. Arrecadamos até o momento R$ 1,1 mil, mas temos um doador que se comprometeu a completar o valor da recompensa a qualquer momento caso o assassino de animais seja denunciado”, contou.
Segundo Claudiane, a recompensa surgiu como objetivo de incentivar as pessoas a fazerem uma vigilância maior para que o mistério seja solucionado.
Fonte: G1

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