Por Claudia Doppler (da Redação)
O irmão da Duquesa da Cornualha – Camila, esposa do príncipe Charles, da Inglaterra – revela, nesta exposição chocante, como o bebê elefante Raja foi maltratado de maneira chocante enquanto esteve em cativeiro em Sumatra. Seguindo o desflorestamento da terra para a produção do óleo de palmeira, elefantes são obrigados a viver com humanos, destruindo fazendas, derrubando casas e às vezes matando pessoas. Aldeões capturaram Raja, exigindo compensação após sua família destruir plantações na área.
Em todos os trinta anos em que estive trabalhando na conservação do elefante asiático, pensei que havia visto tudo – corrupções óbvias, violação, total desrespeito a nosso lindo planeta e atrocidades doentias à vida selvagem,para nomear apenas algumas coisas. Tudo devido ao animal mais perigoso de todos: homo sapiens.
Não muito mais me choca, mas algo aconteceu nas últimas semanas que me sacudiu completamente, quando a instituição de caridade Elephant Family – organização que trabalha pela defesa do elefante asiático – e a Ecologist Film Unit – projeto operado pela Ecostorm (agência investigativa especializada em meio ambiente) – iniciou um projeto para documentar o genocídio ambiental que está fora de controle na ilha de Sumatra, na Indonésia.
Sumatra é especial para mim porque passei muito tempo lá quando era jovem. Era um paraíso – vastas florestas imaculadas, recifes de coral intactos e vida selvagem abundante.
Tudo isso mudou e os elefantes de lá são os mais ameaçados do planeta. Em apenas uma geração, a população foi diminuiu pela metade, com inúmeros outros animais desaparecendo rapidamente.
Durante a filmagem, um impotente e macilento bebê elefante chamado Raja, que mal havia completado um ano, foi encontrado em uma vila e algemado a uma árvore com pesadas correntes. Ele foi capturado pelos aldeões, que exigiam compensação do governo de Sumatra pelo dano que sua família havia feito ás suas plantações.
Você pode imaginar que nós, agora, vivemos em um mundo onde as pessoas capturam bebês elefantes para pedir resgate? Isto é quase inimaginável. Mas, olhe as fotografias – olha para Raja, como ele estica suas correntes, balançando seu pequeno tronco, buscando por comida e conforto. Ele está gritando desesperadamente por sua mãe.
Escutei o som de filhotes muitas vezes em minha vida. Isso nunca me assombrou. Mas seus olhos têm me assombrado mais do que qualquer coisa – suplicando por ajuda – inocente, desesperado e impotente.
Uma guerra está sendo travada na Ásia. Em face do implacável desflorestamento, elefantes estão sendo forçados a sair de seu habitat natural e eles não tem escolha a não ser dividir seu espaço com humanos. Enquanto o lar dos elefantes é destruído, manadas estressadas e famintas fogem das motosserras, e vão direto para as aldeias.
Eles demolem tudo à vista, esmagando as plantações, derrubando casas e frequentemente matando pessoas. Francamente, você não pode culpar os aldeões por tomares tal atitude drástica, no desespero absoluto de sobreviver e alimentar suas famílias.
Capturar um bebê elefante e mantê-lo preso a fim de pedir resgate é horrendo e deprimente, mas é realidade enquanto humanos e elefantes lutam por espaço.
As pessoas têm que saber que isto está acontecendo. Elas têm que entender o que está conduzindo esta loucura.
A causa é um inocente produto chamado óleo de palmeira. É um componente de quase tudo que consumimos – biscoitos, margarina, sorvete, sabão, xampu. A lista é inesgotável.
E a culpa encontra-se firmemente com a ganância das grandes corporações no Oriente, que a produzem como cultivo comercial para abastecer o consumismo insaciável do Ocidente.
A sede pelo óleo de palmeira é aparentemente inextinguível e o seu cultivo está arrasando as grandes florestas tropicais.
Embora a destruição de florestas e seu impacto letal sobre espécies ameaçadas sejam simples de se ver, o óleo de palmeira é praticamente invisível, listado sob o termo genérico “óleo vegetal”.
April, Duta Palma, Sinar Mas and Sime Darby podem não ser nomes familiares, mas são apenas algumas das companhias produtoras de óleo de palma na Indonésia, e vendem o produto ao mercado por aproximadamente £ 500 por tonelada.
L’Occitane, Ferrero, Cadbury, pastelão de carne Ginster, margarina Clover, Prinles, Kellog´s, Haribo, Nestlé e Mars são apenas alguns dos nomes mais familiares de empresas que usam óleo de palma.
Todos os supermercados maiores usam o óleo de palmeira em produtos de marca própria. Alguns são melhores que outros em colher óleo de palmeira em fontes responsáveis, mas o ponto é que ele está em todos os lugares e em tudo. É um assassinato silencioso. Apenas em 2014 haverá um requisito legal para produtores para mencionar óleo de palma nos rótulos de seus produtos.
E, para piorar o problema, o único conselho certificador para monitorar o chamado óleo de palma “sustentável” é imensamente defeituoso. Indústrias consumidoras estão escondidas atrás de uma falácia.
A verdejante floresta tropical de Aceh, no norte de Sumatra, é uma das maiores que restaram ao Sudeste da Ásia. É o único lugar no mundo onde elefantes, tigres, orangotangos e rinocerontes ainda vivem juntos – uma verdadeira floresta do Jungle Book (refere-se à série de estórias protagonizadas por animais, de onde surgiu o personagem Mowgli, o menino lobo.)
Mas, atualmente, O governo de Aceh está perto de adotar um plano que abriria centenas de milhares de hectares da floresta para cultivo do óleo de palmeira. Isto, ironicamente, chamado de “Plano espacial”, que nada mais é do que um plano de desflorestamento – um plano de extinção, procurando legitimar a derrubada ilegal que já está acontecendo.
Ambientalistas concordam que precisamos proteger aproximadamente 65% das florestas de Aceh se quisermos salvar sua biodiversidade. O plano do governo permitiria apenas que 45% fossem protegidos – uma diferença de milhões de hectares, ou mais do que um milhão de campos de futebol. O resultado seria um sopro de morte para a vida selvagem.
Não apenas estas espécies icônicas serão empurradas à extinção, mas as comunidades locais que dependem das florestas, estarão mais expostas a desastres naturais.
O desmoronamento de áreas devastadas já carregaram edifícios, incluindo escolas inteiras.
Elas se tornarão áreas de terra rígida e vastas áreas de terra irão alagar.
Elas se tornarão áreas de terra rígida e vastas áreas de terra irão alagar.
A vida selvagem será forçada a enfrentar maiores conflitos com o homem. E elefantes como Raja não terão chance.
Tristemente, para ele, é tarde demais. Ele morreu sozinho, ainda acorrentado a aquela árvore, embora Elephant Family tenha trabalhado incansavelmente durante uma semana negociando sua soltura.
Tristemente, para ele, é tarde demais. Ele morreu sozinho, ainda acorrentado a aquela árvore, embora Elephant Family tenha trabalhado incansavelmente durante uma semana negociando sua soltura.
Nós descobrimos que outro filhote, este com apenas um mês, foi capturado por fazendeiros locais e é mantido preso para pedido resgate. Todos estão trabalhando contra o relógio para ter certeza que este filhote sobreviverá. Eu tenho dúvidas.
Mas, num esquema maior de coisas, há esperança. Se não houvesse esperança, eu teria feito as malas há muito tempo.
Se nós pudermos proteger as florestas e impedir o novo plano em Aceh de ir em frente, então nós estaremos dando um passo gigante na direção certa.
Centenas de defensores já escreveram para o governo de Aceh, insistindo que eles têm que parar de destruir suas florestas. Mas, precisamos de ajuda. Precisamos que todos escrevam.
O aumento do conhecimento do óleo de palmeira e a etiquetagem obrigatória finalmente permitirão que consumidores saibam o que estão comprando. Precisamos forçar produtores de alimentos e varejistas a apoiar a transformação da indústria em direção ao óleo de palmeira genuinamente sustentável, e precisamos fazer isso rapidamente.
Sei por fato que há um poder verdadeiramente potente que salvará estas florestas e estes animais.
Em 09 de julho, em Londres, Elephant Family realizará um magnífico baile de máscaras, o Animal Ball, para levantar fundos que nos ajudarão a continuar nosso trabalho em Sumatra e através da Ásia. Mais do que 600 convidados comparecerão para dar apoio.
Eu sei que deveria estar excitado por causa do baile. Dos muitos anos que tenho, devido à grande oportunidade que isto representa para a conservação, mas tenho certeza que eu não serei capaz de tirar Raja e os outros como ele da minha cabeça.
O elefante asiático dificilmente faz as manchetes, mas é um das maiores estórias da vida selvagem do nosso tempo. Nós estamos perto de perder uma das mais enigmáticas, icônicas e ecologicamente vitais espécies do planeta.
O tempo não para.
Por favor nos ajude a salvar os elefantes de Sumatra, contribuindo para o Fundo Raja, emelephantfamily.org.
fonte:anda.jor
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