Por Patrícia Tai (da Redação)
A fêmea da ave australiana Superb Fairy-wrens (espécie Malurus cyaneus) canta para seus ovos por uma razão muito especial: para ensinar aos embriões uma única nota que equivale a uma “senha”. Após nascerem, os filhotes devem incorporar essa senha especial em suas chamadas a fim de obter alimento. As informações são da Care2.
Esta instrução pré-natal permite que estas aves possam identificar a sua prole e diferenciá-la de duas espécies de cucos que são consideradas “parasitas de cria”, pois rotineiramente colocam os seus ovos em ninhos de outros. Como relatam os pesquisadores, “o custo do erro de reconhecimento é alto para pais de aves”.
Os cientistas já sabiam que as aves Superb Fairy-wrens podem diferenciar as suas próprias crias das dos cucos com base nos chamados dos filhotes. Mas eles não sabiam que estas aves ensinam aos seus ovos ainda não eclodidos uma senha específica, disse Sonia Kleindorfer, Especialista em Comportamento Animal da Universidade de Flinders, em Adelaide, à Nature News. “Nunca havia sido antes mostrado que realmente há aprendizado dos animais nas fases embrionárias”, diz ela.
As senhas são mantidas dentro da espécie e as fêmeas também ensinam-nas aos machos.
Os cientistas só perceberam que as aves cantavam para os seus ovos quando foram fazer uma gravação dentro dos ninhos para estudar chamadas contra predadores; foi aí que eles notaram que as fêmeas estavam cantando para os ovos. Ao estudar as chamadas das crias durante todo um ciclo de nidificação, os cientistas descobriram que existe uma senha única para cada ninho e que continua a ser a mesma para todo o ciclo de criação dos filhotes.
Além disso, trocando os ovos de 22 ninhos, os pesquisadores observaram que os filhotes aprenderam as chamadas de mães adotivas, o que levou à conclusão de que as chamadas são aprendidas e não genéticas. “E quanto mais vezes os embriões ouvem as chamadas especiais, melhor é a sua imitação”, diz Mark Hauber, um dos autores do estudo e comportamentalista animal no Hunter College da Universidade de Nova Iorque, para o New York Times.
O que é intrigante sobre o estudo é que ele “abre a possibilidade de que os adultos podem comunicar informações aos seus filhotes mesmo antes de terem-nos chocado ou dado à luz”, nota Martin Stevens, ecologista comportamental da Universidade de Cambridge. Assim como muitas mães humanas cantam para o bebê que ainda está dentro do seu ventre e percebem que, depois que ele nasce, ele se anima ao ouvir o mesmo som, parece que o mesmo processo vale para os animais não humanos.
- fonte:anda
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