terça-feira, 20 de novembro de 2012

A pirâmide alimentar vegetariana que incentiva o consumo de derivados animais


Pirâmide alimentar ovolactovegetariana. Imagem: Divulgação
Vem circulando no Facebook uma imagem no mínimo controversa. É uma pirâmide alimentar que dispensa as carnes mas, em compensação, considera obrigatório o consumo de laticínios e opcional o de ovos, ambos notadamente frutos de exploração animal com mortes.
É perceptível que essa pirâmide ovolactovegetariana, à parte as informações possivelmente válidas sobre o consumo de vegetais, acaba mais atrapalhando do que ajudando em termos de orientação de vegetarianos, já que estimula as pessoas a se estagnarem na fase ovolacto ao invés de continuarem uma transição comprometida ao vegetarianismo estrito e ao veganismo. Além do fato de recomendar o consumo de alimentos que não são saudáveis – os de origem animal.
A figura em questão coloca os laticínios na segunda camada superior da pirâmide, recomendando o consumo de três porções diárias – presumivelmente um total equivalente a 600ml de leite. E também inclui um consumo semanal de até quatro gemas de ovos, embora o faça considerando-as opcionais. E omite qualquer vegetal ou suplementação (da vitamina B12 e eventualmente da D) dessa camada, dando a ideia de que uma alimentação vegetariana estrita seria insuficiente e não proveria uma pirâmide alimentar completa.
No que tange ao domínio dos alimentos de origem animal na segunda camada superior, a imagem é desinformativa, por pelo menos três motivos:
a) Induz seus leitores a estagnarem seu vegetarianismo na fase ovolacto, não dando uma recomendação que os incentive a continuar diminuindo até zero o consumo de laticínios e ovos, substituí-los por alternativas veganas e assim caminhar rumo ao vegetarianismo estrito e ao veganismo;
b) Passa a impressão de que laticínios são essenciais à alimentação humana, dominando uma camada inteira da pirâmide alimentar e alegadamente não podendo ser substituídos por alternativas vegetais ou suplementares;
c) Indica o consumo de dois tipos de alimento que não são saudáveis. Os ovos, mesmo sendo questionada sua contribuição para a alta das taxas de colesterol ruim, ainda correm risco de provocar salmonelose se não forem devidamente tratados com armazenamento e refrigeração rigorosos. Já os laticínios aumentam os riscos de problemas como alergias e mesmo câncer de ovário ou próstata e podem vir com pus diluído e traços de hormônios e antibióticos veterinários.
Além do mais, o consumo de laticínios e ovos, assim como o de carne, envolve escravidão, mutilação, sofrimento e também morte precoce para inúmeros animais, especificamente as fêmeas “produtoras” de leite e ovos e seus filhotes (bezerros, cabritos, cordeiros e pintos machos). Aliás, a vida de fêmeas leiteiras e poedeiras é ainda mais sofrida e escravizada do que a de animais “de corte”, já que é mais longa e marcada por uma exploração constante de extração de secreções e também é encerrada no abate.
Pirâmides ovolactovegetarianas não só deveriam ser evitadas, como também sua reprodução desencorajada. Afinal, o ovolactovegetarianismo jamais deve ser encarado como uma fase permanente, mas sim como uma transição ao veganismo que deve ser a mais provisória e breve possível. Nessa época, idealmente acessível apenas a pessoas que têm dificuldades de adotar imediatamente o vegetarianismo estrito, deve-se procurar conhecer a culinária vegetariana estrita e as condições locais de se obter alimentos veganos. E a transição deve ser praticada como uma forma de, no final, laticínios e ovos passarem a ser considerados pelo indivíduo como “não alimentos”.
fonte:anda

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