Oliver, um yorkshire de 4 anos, nunca entrou na pet shop onde tomava banho, no Engenho de Dentro, conduzido pela coleira. Quando se aproximava de lá, empacava, deitado no chão. A técnica em enfermagem Isis Alvaro Duarte, de 23 anos, era obrigada a pegá-lo no colo.
— Achava só que ele não gostava de tomar banho. Nunca desconfiei de nada.
Oliver era um dos cães que apareceram nas imagens feitas por um cinegrafista amador, enquanto eram agredidos. As imagens foram feitas há cerca de quatro meses, por um ex-funcionário da loja, mas só foram divulgadas ontem, pelo “RJTV”.
Daniel Barroso, filho da dona da pet shop, era quem dava o banho. O problema era o que ele fazia antes disso. Numa das imagens, dá socos e amordaça um vira-lata. Em outra, dá garrafadas no focinho de um Labrador. Depois, bate a cabeça do cão contra a parede.
Cadela prenha
Mel, uma Golden Retriever de 7 anos que era levada à pet shop, está prenha e deve dar cria nos próximos seis dias. Embora não estivesse prenha na época das gravações, a cadela pode ter sofrido outras agressões, já que ia regularmente à pet shop.
A última ida ocorreu há três semanas. E a cadela voltou de lá abatida, segundo depoimento dado pelo tutor do animal na 26ª DP (Todos os Santos), ontem à tarde.
— Ela estava bem triste e tinha caroços na cabeça. Quando eu colocava a mão na cabeça dela, para acariciá-la, ela desviava. Mas nunca iria imaginar que ela estivesse passando por esse tipo de situação — disse o tutor de Mel, um professor de 41 anos, que não se identificou.
A prefeitura confirmou o fechamento da pet shop, até o fim das investigações. Caso as agressões sejam confirmadas, a loja perderá o alvará em definitivo.
Protesto
As imagens revoltaram moradores e tutores de animais, que cercaram a pet shop instantes depois da divulgação da reportagem. Cerca de 50 pessoas foram à loja, para protestar. Uma funcionária foi obrigada a fechar o local às pressas e algumas pessoas chutaram a porta. O estabelecimento só não foi depredado porque policiais do 3º BPM (Méier) chegaram ao local.
Donos do imóvel
A situação também causou dores de cabeça aos proprietários do imóvel, alugado à dona da pet shop. “As pessoas querem depredar o imóvel, que é alugado. É um absurdo isso. E o pior é que o aluguel foi renovado há duas semanas”, disse, revoltado, o advogado Fabiano Costa, filho dos donos.
Pata quebrada – Três clientes, tutores de animais que frequentavam a pet shop, prestaram depoimento, ontem à tarde, na 26ª DP (Todos os Santos). Um dos animais está com a pata quebrada. Segundo a tutora do cão, ele voltou da pet shop mancando, há três meses.
Intimação
A dona da pet shop, Solange Barroso, e o filho dela, Daniel, que aparece agredindo os animais no vídeo, devem ser intimados a depor ainda hoje. O caso será investigado pela Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente.
Pena de até 1 ano
A ocorrência foi registrada pelo artigo 32 da Lei de Crimes Ambientais, “por praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos”. A pena de detenção varia de três meses a 1 ano.
Primeira pet shop
O caso também está sendo acompanhado pela Secretaria Municipal de Promoção e Defesa dos Animais. “É a primeira vez que isso acontece em pet shop no Rio. É uma situação muito triste”, disse o veterinário Alceu Cardoso, coordenador técnico da secretaria.
Outros casos em 2012
Neste ano, a secretaria registrou três casos de maus tratos a animais. Em Paquetá, na Baía de Guanabara, um homem foi autuado por maltratar um cavalo usado em passeios turísticos. Em Santa Cruz, na Zona Oeste, 80 cães foram encontrados numa casa. Na Tijuca, dois macacos-prego, em extinção, ficavam em cativeiro.
Fonte: Paraíba
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