Uma reflexão sóbria sobre a relação entre os seres humanos e os animais
Eduardo Corassa, carioca crudívoro e autor dos livros “Saúde Frugal”, ”O Jejum Higienista” e “Culinária Frugal – Receitas do Paraíso”, publicou nesta quarta-feira, em seu blog, o primeiro capítulo de seu próximo livro: “A Revolução Vegana”. O tetxo pode ser conferido, na íntegra, abaixo:
Exploração (subtítulo do capítulo 1 livro “A Revolução Vegana” de Eduardo Corassa, sem data de lançamento)
“Utilizar a palavra humanitário a qualquer ato de extermínio o transforma em um oximoro.” Joanne Stepaniak M.S
Indefesos animais são explorados pelo homem há milênios. Desde o advento da agricultura, no período neolítico, iniciamos com a exploração dos mais mansos, logo facilmente domesticados (ex: a vaca, dócil e fácil de ser domada, que nos fornece leite e maior quantidade de carne, face ao seu tamanho), bem como os animais úteis as nossas necessidades, como o cavalo, animal forte para arar o solo e ágil, boa montaria, com isso nos auxiliando a encurtar distâncias.
O ser humano os explora, não só com a função de comida e trabalho, mas com a ideia de que consegue obter a salvação de seus maus hábitos. Muitos povos antigos acreditavam que torturar animais, sacrificando-os como oferenda aos “deuses”, apaziguaria a ira desses, fazendo com que não jogassem “doenças” sobre nós. Destorcido entendimento de que nossas doenças fossem capricho dos deuses, ao invés de um estilo de vida errôneo.
Conseguimos literalmente explorar todo o reino animal. Desde os mais variados animais terrestres, também os aéreos e marítimos, tornaram-se “prazeres degustativos”. Certas culturas chegam a comer até cavalos, golfinhos, cabras, cobras, ursos, jacarés. Australianos comem carne de canguru, enquanto chineses comem cérebro de macacos e carne de cachorro. A culinária japonesa e seus peixes crus, usa inclusive o baiacu, que tem um veneno letal, que se não removido devidamente, pode matar o gourmandisse. O sushi de baiacu é uma “iguaria”, que, apesar de poder causar morte, muitos pagam e demasiado caro para comê-lo.
“A gelatina que comemos desde nossa infância, saída de uma linda caixinha colorida, não é nada além do que ossos, pele e outras partes do tecido conectivo de animais derretidos através do cozimento.”
Genitálias de certos animais são ingeridas como afrodisíacos. Fígado de ganso super alimentado, mais famoso pelo requintado nome francês “foie gras”. A pata do boi não se salva e vira mocotó e gelatina, ou seja, a gelatina que comemos desde nossa infância, saída de uma linda caixinha colorida, não é nada além do que ossos, pele e outras partes do tecido conectivo de animais derretidos através do cozimento.
Até os pobres e ínfimos insetos não fugiram da maldade do homem, por exemplo, as abelhas trabalham durante meses laborando seu mel, e lá vamos nós e roubamos sua comida.
O bicho da seda é literalmente cozido vivo, para que roubemos sua seda. Gafanhotos, cigarras, grilos, cupins, baratas e outros insetos são comidos em diferentes culturas pelo mundo grelhados e servidos em espetinhos.
Devido à imposição lucrativa da máquina “indústria pecuária”, todo subproduto da produção de animais é reaproveitado e transformado em algo para gerar mais e mais capital. O couro utilizado na produção de roupas, sapatos, cintos, bancos de carros e inúmeros outros utensílios do nosso dia a dia, provém em sua maioria da pele do boi, pois milhares deles são mortos todos os dias. O couro desse animal é abundante e, portanto, bem barato, o que o torna o mais utilizado. No entanto, em menor proporção, as peles de outros animais também são utilizadas como a de cangurus, jacarés, cobras, porcos.
Devido à imposição lucrativa da máquina “indústria pecuária”, todo subproduto da produção de animais é reaproveitado e transformado em algo para gerar mais e mais capital. O couro utilizado na produção de roupas, sapatos, cintos, bancos de carros e inúmeros outros utensílios do nosso dia a dia, provém em sua maioria da pele do boi, pois milhares deles são mortos todos os dias. O couro desse animal é abundante e, portanto, bem barato, o que o torna o mais utilizado. No entanto, em menor proporção, as peles de outros animais também são utilizadas como a de cangurus, jacarés, cobras, porcos.
Parece, simplesmente, não existir limites ao paladar do homem e ao nosso desejo por matar e metamorfosear todo tipo de pedaço animal em “comida” ou seus “restos” em utensílios. Complementando a afirmativa acima, pode haver extermínio humanitário? Isto não soa, no mínimo, incoerente?
É óbvio que o consumo de produtos animais é antiético, pois não necessitamos deles para nos nutrir, ainda assim os escravizamos e matamos pelo simples “gosto”, que algumas de suas partes nos fornecem.
Mais degradante do que a produção de animais para o consumo alimentar é a utilização para esportes, entretenimento, rituais e comércio de animais, que seres humanos desenvolveram nos últimos milênios. A caça, as touradas, sacrifícios para rituais, esportes como corridas de cavalo, rinhas (briga de galos, cachorros etc.), enjaular animais e vendê-los como mercadoria, assim como qualquer tipo de exploração animal, em prol barbáries, com entretenimento e lucro, denota o nível ao qual o ser humano desceu, optando pela exploração e sacrifício animal, quando a natureza lhe oferece gratuitamente seu alimento. Enfim, não conseguimos respeitar, zelar por outras formas de vida, que nunca se destinaram aos “propósitos” do homem.
Durante a segunda guerra mundial, os nazistas fizeram experiências nos judeus, em nome da “ciência” e o mundo entendeu como algo ultrajante, mas nos laboratórios, em todo o mundo, são utilizados milhares de animais, sendo cometidas as mais bizarras atrocidades. Desde serem submetidos a cancerígenos, todo tipo de drogas farmacêuticas, até cosméticas, bem como substâncias e teste de dietas.
Serão as vidas desses animais, seus sentimentos e sensações possíveis de serem negligenciadas? Será que cabe torturá-los e maltratá-los em prol dos luxos e “commodities” da vida moderna?
Infelizmente, registro que minha visão e atitudes nem sempre foram essas, não via gaiolas de animais como prisão. Tal conclusão, entre tantas outras, só adotei após seguir o veganismo. Hoje, não consigo entender como “donos” de animais conseguem manter seus queridos e preciosos companheiros presos atrás de grades por anos ou décadas. Será que o animal não merece sua liberdade natural, movimentar-se, escolher e buscar seu alimento, socializar-se com outros de sua espécie, ser livre?
Considero que inclusive alguns veganos de longa data não conseguem contemplar tamanha maldade e atrocidade, que acarretamos a esses seres e a nós mesmos nestes últimos milênios.
Considero que inclusive alguns veganos de longa data não conseguem contemplar tamanha maldade e atrocidade, que acarretamos a esses seres e a nós mesmos nestes últimos milênios.
Enquanto escravizarmos, explorarmos, abusarmos, escalpelarmos e matarmos esses animais, enquanto infligirmos à dor, mesmo aos “animais denominados inferiores”, nunca poderemos esperar vivenciar uma existência harmoniosa a saúde, pois segundo dizem velhos ditados: “colhemos o que plantamos” e “o que fazemos aos outros, volta em dobro”.
Existem leis proibindo o maltrato de animais. Elas não se aplicam a todos animais? Serão restritas somente a algumas espécies consideradas “domésticas”? E como se enquadram os pobres animais torturados e criados exclusivamente para virarem comida?
Capítulos do livro ” A Revolução Vegana”Capitulo 1 – Por que ser vegano
Capítulo 2 – Alimentos patogênicos
Capitulo 3 – Os pioneiros médicos veganos
Capitulo 4 – Estudos científicos
Capítulo 5 – Doenças de afluência
Capitulo 6 – Comparação entre civilizações onívoras e “quase-veganas” através do mundo
Capitulo 7 – Como são produzidos nossos “alimentos”
Capítulo 8 – Perguntas e respostas
Capitulo 9 – O veganismo na prática
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