sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Animais e tutores: um relacionamento para toda a vida


Por Josiele Souza (da Redação)
A história de Hachi, um cão akita que ficou conhecido por ser leal ao tutor, ganha vida todos os dias quando ouve-se na mídia sobre a fidelidade de animais aos seu companheiros humanos. Nascido em 1923, no Japão, Hachiko (diminutivo de Hachi, em japonês), teve como tutor um professor da Universidade de Tóquio que amava os animais. Desde pequeno, Hachi costumava acompanhá-lo até a estação de trem e voltava ao local no momento do retorno do professor. Em 1925, porém, o tutor faleceu após sofrer um AVC. Mesmo após inúmeras tentativas da família em cuidar do animal, o cão permaneceu na estação do trem até a sua morte em 1935.
Outro caso interessante de destacar aconteceu em setembro deste ano, em Santa Catarina. Clifford é um sdr que foi adotado pela família de Gabriel e acompanha o garoto, sua irmã gêmea e mais uma amiga, todos com 11 anos, desde os tempos da creche. Naquela época apenas levava a garotada para a escola, e voltava pra casa. Há quatro anos, no entanto, o cão leva e espera até o final da aula. Quem trabalha na escola ou passa pelo local já conhece Clifford, que faça sol, chuva, frio ou calor fica sempre na porta da instituição. Mas o que mais impressiona é o carinho que o cão demonstra ao ver Gabriel. O afeto é tanto que é impossível não reparar na relação de amor entre o menino e o animal. (Veja a matéria completa aqui.).
Clifford (Foto: Alvarélio Kurossu/Agencia RBS)
No exemplo de Hachi, que esperou anos pelo professor, e Clifford, companheiro inseparável de Gabriel, será que após uma separação os cães poderiam esquecer os tutores? De acordo com a veterinária especialista em comportamento animal Luelyn Jockymann, o cão nunca esquece. E a protetora de animais Ana Luz concorda. Há cinco anos cuidando de animais abandonados e apaixonada por eles, Ana afirma com convicção de que os cães não esquecem seus tutores e, principalmente, quem os ajudou. “Todos os cães que doei me reconhecem. Eles demonstram afeto por mim, mesmo após um tempo, mas eles não esquecem”. Porém faz uma ressalva: “Cerca de cinco meses após a doação se o animal manter o mesmo nível de afeto que possuía antes com você é sinal de que há algo errado. Isso já aconteceu comigo e a família que havia adotado não queria mais o cão”,
comenta Ana.
Os fatos citados servem para alertar a todos que os animais não são diferentes dos humanos como ainda muitos insistem em afirmar. Eles aprendem a conviver com as pessoas e criam laços conosco. Quando alguém abandona um animal, a sensação é de medo e insegurança. Muitos acabam morrendo nos primeiros dias por não saberem lidar com a vida nas ruas.
Imagine uma criança de três anos que sempre teve tudo, abandonada, jogada ao relento. O sentimento de uma criança e um animal (como cães e gatos) é a mesma nessa situação. Para Irvênia Prada, veterinária e referência na comunidade científica sobre neuroanatomia animal, as sociedades se formaram com base no modelo antropocêntrico, em que o que importa é somente o bem-estar do ser humano, por isso os animais são tratados dessa forma, como objetos e muitos ainda têm como destino o abandono. “O sistema nervoso dos animais e do homem é organizado segundo o mesmo modelo. De uma espécie animal para outra, existem diferenças anatômicas no sistema nervoso, que atendem às necessidades de cada um deles, mas basicamente, o modelo é o mesmo. O modelo foi um só! E como é esse modelo? Ele é essencialmente constituído por medula espinhal, tronco encefálico, cérebro e cerebelo”.
Mona (Foto: Arquivo pessoal/Maria Regina Muller)
Assim, dizer que um cão abandonado não esquece do seu antigo tutor é uma afirmação bem fundamentada. Protetora de animais há 12 anos, Maria Regina Muller não hesita em concordar com esta questão. Para ela, os animais, principalmente os cães, não esquecem seus antigos tutores. Uma de suas “protegidas”, a cadela Mona (a de maior porte na foto acima) mesmo após ser doada reconhecia Regina de longe.
Logo, ver a relação de Hachi e Clifford com seus respectivos tutores é mais um exemplo de que os animais são mais parecidos com os humanos do que muita gente pensa. E a ciência comprova isso.
fonte: anda

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