O incêndio aconteceu 12 andares acima, mas na portaria do prédio
antigo na rua Barata Ribeiro, uma via de trânsito pesado em Copacabana,
já se sente o cheiro de queimado.
Lá em cima, na cobertura dúplex onde moram o marchand Jean Boghici, 84, sua mulher, Geneviève, e a filha Sabine, 38, peritos de seguradoras tentam descobrir o que causou o fogo que, na segunda-feira passada, destruiu obras simbólicas do modernismo brasileiro, como a tela “Samba”, de Di Cavalcanti, e matou dois dos 16 gatos que a família criava. Tentam, também, estimar o prejuízo.
Por causa da perícia, o acesso ao apartamento é restrito aos proprietários e aos técnicos, mas pela porta entreaberta é possível ver um pouco do estrago. A sala está coberta de fuligem negra, assim como as telas que ainda estão penduradas na parede e os móveis. Por enquanto, nada pode sair de onde está.
Para circular pelo local e acompanhar os trabalhos, o casal usa máscaras cirúrgicas. “A garganta e os olhos ardem; a cabeça dói quando saímos”, diz Geneviève.
Apesar do estragos no apartamento, é no salão de festas do prédio ao lado, onde têm outra cobertura, que está salvo o que os Boghici dizem ser seu grande tesouro: 14 gatos e duas cadelas.
Os dois prédios são colados, padrão arquitetônico comum no Rio dos anos 40 e 50. Uma porta no terraço dá passagem para a outra cobertura, menor. Foi por ela que Sabine salvou os animais.
“Os bombeiros diziam que eu tinha de sair, mas não obedeci. Buscava os gatos, levava ao apartamento ao lado e voltava para buscar mais.”
Quando não conseguiu mais descer ao primeiro andar, contou dez bichanos -as duas cadelas, a collie Maya e a rottweiler Lady estavam na rua com Boghici quando o incêndio começou. Ainda faltavam seis. Quatro apareceram no dia seguinte -”não sei onde eles se esconderam, mas conseguiram se salvar”, conta Sabine.
Dois não escaparam. Pretinha, que deitava sobre o peito de Boghici todas as noites para dormir, morreu no quarto do casal; Meu Amor, 12, no quarto de Sabine.
Como o entra e sai de pessoas entre as coberturas estressava os animais, eles foram levados para o salão de festas do segundo prédio.
É lá que Sabine e os pais dormem, em colchonetes e sofás improvisados como camas, para que os animais não fiquem sozinhos. Durante o dia, Boghici e Geneviève acompanham os trabalhos no apartamento incendiado e à noite se reúnem à Sabine, que cuida dos animais.
“Ainda não tive coragem ir ao apartamento. Não sei se um dia vou conseguir entrar nos quartos onde Meu Amor e Pretinha morreram”, diz Sabine, que é vegetariana e atua como protetora de animais, recolhendo aqueles maltratados ou abandonados e lhes arrumando novos tutores.
Veja mais fotos aqui.
Com informações da Folha de S. Paulo
Lá em cima, na cobertura dúplex onde moram o marchand Jean Boghici, 84, sua mulher, Geneviève, e a filha Sabine, 38, peritos de seguradoras tentam descobrir o que causou o fogo que, na segunda-feira passada, destruiu obras simbólicas do modernismo brasileiro, como a tela “Samba”, de Di Cavalcanti, e matou dois dos 16 gatos que a família criava. Tentam, também, estimar o prejuízo.
Por causa da perícia, o acesso ao apartamento é restrito aos proprietários e aos técnicos, mas pela porta entreaberta é possível ver um pouco do estrago. A sala está coberta de fuligem negra, assim como as telas que ainda estão penduradas na parede e os móveis. Por enquanto, nada pode sair de onde está.
Para circular pelo local e acompanhar os trabalhos, o casal usa máscaras cirúrgicas. “A garganta e os olhos ardem; a cabeça dói quando saímos”, diz Geneviève.
Apesar do estragos no apartamento, é no salão de festas do prédio ao lado, onde têm outra cobertura, que está salvo o que os Boghici dizem ser seu grande tesouro: 14 gatos e duas cadelas.
Os dois prédios são colados, padrão arquitetônico comum no Rio dos anos 40 e 50. Uma porta no terraço dá passagem para a outra cobertura, menor. Foi por ela que Sabine salvou os animais.
“Os bombeiros diziam que eu tinha de sair, mas não obedeci. Buscava os gatos, levava ao apartamento ao lado e voltava para buscar mais.”
Quando não conseguiu mais descer ao primeiro andar, contou dez bichanos -as duas cadelas, a collie Maya e a rottweiler Lady estavam na rua com Boghici quando o incêndio começou. Ainda faltavam seis. Quatro apareceram no dia seguinte -”não sei onde eles se esconderam, mas conseguiram se salvar”, conta Sabine.
Dois não escaparam. Pretinha, que deitava sobre o peito de Boghici todas as noites para dormir, morreu no quarto do casal; Meu Amor, 12, no quarto de Sabine.
Como o entra e sai de pessoas entre as coberturas estressava os animais, eles foram levados para o salão de festas do segundo prédio.
É lá que Sabine e os pais dormem, em colchonetes e sofás improvisados como camas, para que os animais não fiquem sozinhos. Durante o dia, Boghici e Geneviève acompanham os trabalhos no apartamento incendiado e à noite se reúnem à Sabine, que cuida dos animais.
“Ainda não tive coragem ir ao apartamento. Não sei se um dia vou conseguir entrar nos quartos onde Meu Amor e Pretinha morreram”, diz Sabine, que é vegetariana e atua como protetora de animais, recolhendo aqueles maltratados ou abandonados e lhes arrumando novos tutores.
Veja mais fotos aqui.
Com informações da Folha de S. Paulo
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