Mais da metade dos 21 cavalos de corrida que sofreram colapsos fatais
no Hipódromo Aqueduct em Nova York neste ano poderia ter sido salva
caso as autoridades responsáveis pelas corridas tivessem monitorado mais
de perto a saúde e o uso liberal de drogas prescritas para mantê-los
correndo, de acordo com uma investigação solicitada pelo governador de
Nova York, Andrew M. Cuomo.
Tanto os servidores quanto os veterinários controladores, que deveriam proteger os cavalos, frequentemente ignoravam os sinais de que os animais estavam adoecendo e permitiam que eles corressem por bolsas de apostas cheias de dinheiro, graças a um cassino próximo à pista de corrida, segundo pessoas que tiveram acesso direto ao relatório da investigação.
A investigação deu conta de que tanto os veterinários quanto os diretores da Associação de Corridas de Nova York frequentemente se importavam mais em encher corridas que geravam renda para os treinadores, proprietários e as pistas de corrida que com a saúde dos cavalos.
Cuomo, que assumiu o controle das corridas no estado neste verão do Hemisfério Norte, está prestes a anunciar uma série de mudanças, que restringiriam o uso de drogas anti-inflamatórias potentes, conhecidas como corticosteroides, assim como clenbuterol, um broncodilatador comumente usado em excesso que pode desenvolver músculos se usado de maneira inadequada.
“Na Associação de Corridas de Nova York, a preocupação com a saúde dos cavalos terminou perdendo para a economia”, afirmou em uma entrevista Howard B. Glaser, diretor de operações do estado do governo Cuomo. “Nossas reformas, que entrarão em vigor imediatamente, colocarão em primeiro lugar a saúde dos cavalos e a segurança do jóquei.”
As descobertas do Aqueduct surgem enquanto as corridas de cavalos lutam contra uma cultura de drogas que muitos de seus funcionários mais experientes reconhecem estar diminuindo o esporte. Sessões no congresso dos Estados Unidos têm sido realizadas, e o órgão responsável pelas corridas criou novas regulamentações e está considerando uma ação ainda mais radical. Algumas autoridades defendem uma proibição total de drogas no esporte.
Mortes são comuns
Uma investigação do New York Times descobriu que 24 cavalos morrem por semana nas pistas de corridas dos Estados Unidos, uma taxa maior que em países onde o uso de drogas é severamente restrito.
A força-tarefa do governador foi criada em março para investigar o aumento súbito de fatalidades com cavalos no início do ano em Aqueduct. Essas fatalidades coincidiram com a abertura do Resort World Cassino por lá, o que aumentou radicalmente o volume das apostas.
Mesmo quando o número de fatalidades subiu em Aqueduct, as autoridades responsáveis pelas corridas não reagiram ou tentaram examinar as condições que poderiam estar contribuindo para as mortes, de acordo com pessoas que tiveram acesso ao relatório.
O relatório de 100 páginas apresenta uma cultura na qual os veterinários preocupados com a saúde dos cavalos eram questionados e frequentemente ignorados por pessoas que não eram veterinários e sim responsáveis pelo preenchimento das corridas. Alguns veterinários de pista, segundo o painel, foram treinados inadequadamente no reconhecimento de cavalos doentes.
Dan Silver, porta-voz da Associação de Corridas de Nova York, disse que ninguém da agência recebeu uma cópia do relatório e se recusou a comentar.
O principal item da reforma do governador é um plano de dar aos veterinários regulamentadores nas três pistas de corrida do estado – cujo trabalho é assegurar que os cavalos que competem estão saudáveis – mais independência dos administradores responsáveis pelas pistas de corrida, permitindo que relatem mais facilmente desvios de conduta e impeçam cavalos machucados de correr. Nova York também irá contratar um diretor médico estadual para os equinos a fim de garantir que a segurança seja a preocupação maior em Aqueduct, Belmont e Saratoga.
Cuomo, cuja ação de assumir o controle das corridas de cavalos em Nova York chegou depois de décadas de escândalos, falências e auxílio financeiro dado pelo governo, irá indicar um novo painel para a associação de corrida nas próximas semanas.
O painel composto por quatro pessoas foi liderado por dois veterinários, o Dr. Scott Palmer, especializado em cirurgia de equinos, e a Dra. Mary Scollay, diretora de medicina de equinos da Comissão de Corridas de Cavalos de Kentucky. Ainda incluso está o jóquei do Hall da Fama Jerry Bailey e Alan Foreman, advogado e presidente da Associação de Cavaleiros de Puro Sangue.
Outras recomendações refletem a preocupação do painel quanto à aplicação de corticosteroides muito próximo da hora da corrida, e quanto ao uso de clenbuterol em demasia.
O painel irá recomendar que um dos corticosteroides mais fortes, o Depo-Medrol, não seja administrado a um cavalo a menos de 15 dias da corrida. Em abril, o New York Times encontrou vários casos de aplicação de corticosteroides em cavalos em dias próximos a suas corridas fatais, de acordo com os registros veterinários.
Por exemplo, uma versão genérica da droga estava entre as 17 injeções aplicadas em Coronado Heights, um cavalo sangue puro de quatro anos que teve diagnosticada uma doença degenerativa nas articulações, na semana anterior à sua corrida fatal.
Pelo plano, corticosteroides menos potentes não poderão ser injetados nas articulações menos de sete dias antes da corrida e corticosteroides de ação curta não poderão ser administrados menos de cinco dias antes da corrida. As regulamentações em vigor proíbem o uso de corticosteroides apenas dentro de 48 horas antes da corrida.
Essas propostas têm a intenção de reduzir o efeito farmacológico das drogas nos cavalos que possam vir a correr quando machucados. Veterinários responsáveis pela regulamentação há muito expressam a preocupação de que analgésicos e anti-inflamatórios tornem mais difícil encontrar os problemas durante as inspeções antes das corridas.
Investigadores se preocuparam com o clenbuterol quando descobriram que alguns cavalos estavam tomando esse remédio quase que continuamente com seus veterinários particulares. O clenbuterol tem aprovação apenas para tratamento de curto prazo de doenças respiratórias, e ele é muito eficiente. Mas, quando usado em grandes doses em um período longo, ele cria músculos e também pode causar problemas de saúde ou até a morte.
Pelas regras em vigor, o clenbuterol tem que ser suspenso quatro dias antes da corrida. Esse prazo mudará para vinte e um dias. Vários outros estados, inclusive a Califórnia, já tomaram medidas para restringir o uso da droga.
Apenas veterinários podem prescrever legalmente medicamentos para cavalos; apesar disso, veterinários frequentemente permitem que treinadores, que são pagos para ganhar corridas, tomem decisões médicas, inclusive quais drogas usar. Também esses veterinários têm incentivo financeiro poderoso para prescrever as drogas. Eles são tanto médicos quanto drogarias, de forma que, quanto mais drogas prescreverem, mais dinheiro ganham. A venda e a aplicação de drogas respondem pela maior parte da renda dos veterinários.
As informações são do The New York Times News.
Fonte: R7
Tanto os servidores quanto os veterinários controladores, que deveriam proteger os cavalos, frequentemente ignoravam os sinais de que os animais estavam adoecendo e permitiam que eles corressem por bolsas de apostas cheias de dinheiro, graças a um cassino próximo à pista de corrida, segundo pessoas que tiveram acesso direto ao relatório da investigação.
A investigação deu conta de que tanto os veterinários quanto os diretores da Associação de Corridas de Nova York frequentemente se importavam mais em encher corridas que geravam renda para os treinadores, proprietários e as pistas de corrida que com a saúde dos cavalos.
Cuomo, que assumiu o controle das corridas no estado neste verão do Hemisfério Norte, está prestes a anunciar uma série de mudanças, que restringiriam o uso de drogas anti-inflamatórias potentes, conhecidas como corticosteroides, assim como clenbuterol, um broncodilatador comumente usado em excesso que pode desenvolver músculos se usado de maneira inadequada.
“Na Associação de Corridas de Nova York, a preocupação com a saúde dos cavalos terminou perdendo para a economia”, afirmou em uma entrevista Howard B. Glaser, diretor de operações do estado do governo Cuomo. “Nossas reformas, que entrarão em vigor imediatamente, colocarão em primeiro lugar a saúde dos cavalos e a segurança do jóquei.”
As descobertas do Aqueduct surgem enquanto as corridas de cavalos lutam contra uma cultura de drogas que muitos de seus funcionários mais experientes reconhecem estar diminuindo o esporte. Sessões no congresso dos Estados Unidos têm sido realizadas, e o órgão responsável pelas corridas criou novas regulamentações e está considerando uma ação ainda mais radical. Algumas autoridades defendem uma proibição total de drogas no esporte.
Mortes são comuns
Uma investigação do New York Times descobriu que 24 cavalos morrem por semana nas pistas de corridas dos Estados Unidos, uma taxa maior que em países onde o uso de drogas é severamente restrito.
A força-tarefa do governador foi criada em março para investigar o aumento súbito de fatalidades com cavalos no início do ano em Aqueduct. Essas fatalidades coincidiram com a abertura do Resort World Cassino por lá, o que aumentou radicalmente o volume das apostas.
Mesmo quando o número de fatalidades subiu em Aqueduct, as autoridades responsáveis pelas corridas não reagiram ou tentaram examinar as condições que poderiam estar contribuindo para as mortes, de acordo com pessoas que tiveram acesso ao relatório.
O relatório de 100 páginas apresenta uma cultura na qual os veterinários preocupados com a saúde dos cavalos eram questionados e frequentemente ignorados por pessoas que não eram veterinários e sim responsáveis pelo preenchimento das corridas. Alguns veterinários de pista, segundo o painel, foram treinados inadequadamente no reconhecimento de cavalos doentes.
Dan Silver, porta-voz da Associação de Corridas de Nova York, disse que ninguém da agência recebeu uma cópia do relatório e se recusou a comentar.
O principal item da reforma do governador é um plano de dar aos veterinários regulamentadores nas três pistas de corrida do estado – cujo trabalho é assegurar que os cavalos que competem estão saudáveis – mais independência dos administradores responsáveis pelas pistas de corrida, permitindo que relatem mais facilmente desvios de conduta e impeçam cavalos machucados de correr. Nova York também irá contratar um diretor médico estadual para os equinos a fim de garantir que a segurança seja a preocupação maior em Aqueduct, Belmont e Saratoga.
Cuomo, cuja ação de assumir o controle das corridas de cavalos em Nova York chegou depois de décadas de escândalos, falências e auxílio financeiro dado pelo governo, irá indicar um novo painel para a associação de corrida nas próximas semanas.
O painel composto por quatro pessoas foi liderado por dois veterinários, o Dr. Scott Palmer, especializado em cirurgia de equinos, e a Dra. Mary Scollay, diretora de medicina de equinos da Comissão de Corridas de Cavalos de Kentucky. Ainda incluso está o jóquei do Hall da Fama Jerry Bailey e Alan Foreman, advogado e presidente da Associação de Cavaleiros de Puro Sangue.
Outras recomendações refletem a preocupação do painel quanto à aplicação de corticosteroides muito próximo da hora da corrida, e quanto ao uso de clenbuterol em demasia.
O painel irá recomendar que um dos corticosteroides mais fortes, o Depo-Medrol, não seja administrado a um cavalo a menos de 15 dias da corrida. Em abril, o New York Times encontrou vários casos de aplicação de corticosteroides em cavalos em dias próximos a suas corridas fatais, de acordo com os registros veterinários.
Por exemplo, uma versão genérica da droga estava entre as 17 injeções aplicadas em Coronado Heights, um cavalo sangue puro de quatro anos que teve diagnosticada uma doença degenerativa nas articulações, na semana anterior à sua corrida fatal.
Pelo plano, corticosteroides menos potentes não poderão ser injetados nas articulações menos de sete dias antes da corrida e corticosteroides de ação curta não poderão ser administrados menos de cinco dias antes da corrida. As regulamentações em vigor proíbem o uso de corticosteroides apenas dentro de 48 horas antes da corrida.
Essas propostas têm a intenção de reduzir o efeito farmacológico das drogas nos cavalos que possam vir a correr quando machucados. Veterinários responsáveis pela regulamentação há muito expressam a preocupação de que analgésicos e anti-inflamatórios tornem mais difícil encontrar os problemas durante as inspeções antes das corridas.
Investigadores se preocuparam com o clenbuterol quando descobriram que alguns cavalos estavam tomando esse remédio quase que continuamente com seus veterinários particulares. O clenbuterol tem aprovação apenas para tratamento de curto prazo de doenças respiratórias, e ele é muito eficiente. Mas, quando usado em grandes doses em um período longo, ele cria músculos e também pode causar problemas de saúde ou até a morte.
Pelas regras em vigor, o clenbuterol tem que ser suspenso quatro dias antes da corrida. Esse prazo mudará para vinte e um dias. Vários outros estados, inclusive a Califórnia, já tomaram medidas para restringir o uso da droga.
Apenas veterinários podem prescrever legalmente medicamentos para cavalos; apesar disso, veterinários frequentemente permitem que treinadores, que são pagos para ganhar corridas, tomem decisões médicas, inclusive quais drogas usar. Também esses veterinários têm incentivo financeiro poderoso para prescrever as drogas. Eles são tanto médicos quanto drogarias, de forma que, quanto mais drogas prescreverem, mais dinheiro ganham. A venda e a aplicação de drogas respondem pela maior parte da renda dos veterinários.
As informações são do The New York Times News.
Fonte: R7
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