segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Organizações fazem campanhas para proibição de touradas no Peru


Os movimentos contra touradas no Peru começaram uma intensa campanha para conseguir a proibição desse tipo de evento no país, onde mais de 400 festas são realizadas por ano, em uma tradição que começou no século XVI.
Desde 2009, diversos movimentos contra as touradas percorrem o país com iniciativas que procuram "não só beneficiar os animais, mas também a sociedade, porque a violência afeta a todos", afirmou à Agência Efe o diretor da Fundação Franz Weber, o argentino residente na Espanha Leonardo Anselmi.
Anselmi, diretor da iniciativa que conseguiu a proibição das touradas na Catalunha, chegou a Lima para apoiar a campanha promovida pela organização local Peru Antitaurino e que também recebeu apoio de congressistas de diversos partidos políticos.
"Nós consideramos que as touradas são a forma mais cruel que uma pequena parte da sociedade tem para expressar a violência contra os animais em geral", afirmou à Efe o representante da Peru Antitaurino, Luis Berrospi.
A última pesquisa sobre o tema, realizada em 2008 pela empresa privada Datum, indicou que 68% dos peruanos eram contra as touradas, enquanto apenas 9% eram a favor.
A pesquisa também revelou que 66% dos entrevistados gostariam que a prática fosse proibida por lei, frente a 16% que opinaram o contrário.
As iniciativas contra as touradas no Peru começaram em 2009, quando dezenas de ativistas se manifestaram em frente à Praça de Acho.
Em 2010, os ativistas, cujo número chegou a 100, realizaram um protesto disfarçados de "vacas viúvas", que choravam e velavam os touros mortos enquanto diziam frases de ordem como "a morte e a tortura, não é arte nem cultura".
Atualmente, representantes de 11 cidades do país se uniram ao movimento, e um grupo de congressistas de diferentes partidos formou o Bloco Multipartidário para a Proteção dos Animais.
A Peru Antitaurino também começou a coleta de 60 mil assinaturas para apresentar uma iniciativa legislativa cidadã ao Congresso da República para que a proibição das touradas seja debatida pelo plenário do legislativo.
O analista Raúl Aramburu destacou, em artigo publicado na revista "Qué hacer", que as touradas representam "um ritual profundamente enraizado na cultura peruana", pois datam de 1538, além de informar que a cada ano "são realizadas aproximadamente 400 festividades desse tipo no país", que recebem mais público do "que os jogos de futebol".
Alguns defensores do ritual e associações taurinas alegaram que as tradições e expressões culturais do país devem ser protegidas e que as touradas devem ser reconhecidas como Patrimônio Mundial Cultural Imaterial da Unesco. Já a Peru Antitaurino anunciou que está trabalhando para impedir que essa iniciativa seja aceita pela ONU.
Berrospi também disse que o país está atrasado quanto a iniciativas contra as touradas, já que medidas como essas foram tomadas em 1823, no Chile; em 1918, no Uruguai; em 1954, na Argentina; e em 2010 na Nicarágua e na Catalunha (Espanha).

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