sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Jaguatiricas de Itaipu recebem inseminação artificial inédita


A inseminação artificial busca auxiliar na luta contra a extinção das espécies. Foto: Caio Coronel/Itaipu Binacional/Divulgação
A inseminação artificial busca auxiliar na luta contra a extinção das espécies
Foto: Caio Coronel/Itaipu Binacional/Divulgação

Três jaguatiricas - espécie ameaçada de extinção - foram submetidas nesta semana a uma técnica de fertilização inédita no Brasil: a inseminação artificial por meio de sêmen congelado (criopreservação de gametas). O material genético, que soma quase 60 amostras, foi coletado dos machos do Hospital Veterinário do Refúgio Biológico Bela Vista (RBV) de Itaipu entre fevereiro e julho deste ano.
O procedimento mobilizou quase 20 pessoas, entre veterinários e biólogos do RBV, pesquisadores de várias universidades e até um engenheiro biomédico. A mobilização é proporcional à importância da iniciativa. Caso seja bem-sucedida, a inseminação das jaguatiricas pode ser transformada em um protocolo para o congelamento de sêmen desta espécie (Leopardus pardalis) e também de outras.
Na prática, a ação pode salvar animais da extinção e também possibilitar o intercâmbio genético de felídeos separados pelas barreiras geográficas. Outra inseminação em mais três fêmeas foi feita no dia 25 de outubro. Ambos os procedimentos - o desta semana e o primeiro - fazem parte de uma pesquisa científica desenvolvida por meio de uma parceria entre a Itaipu, a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), a Universidade Federal do Paraná (UFPR) e a Faculdade Assis Gurgacz.
"A criopreservação pode permitir a reprodução de animais daqui com outros de São Paulo e da Argentina, por exemplo. Isso é extremamente positivo", disse o professor e diretor do curso de medicina veterinária de PUC, Renato Herdina Erdmann. "Em todo o mundo, há apenas quatro relatos de jaguatiricas nascidas por este tipo de inseminação", conta.
Procedimentos
Antes de receber o sêmen, as fêmeas foram submetidas a um tratamento hormonal para estimular a ovulação. Durante a intervenção, a jaguatirica permanece sedada, enquanto o sêmen é injetado no útero por meio de videolaparoscopia, técnica cirúrgica feita com auxílio de uma microcâmera, inserida no corpo do animal. O material é depositado próximo aos óvulos.
O resultado será conhecido em 45 dias, quando será feito um exame de ultrassonografia para constatar se houve fecundação dos óvulos. Até lá, as jaguatiricas não serão examinadas, para evitar o estresse dos animais e a perda dos possíveis embriões. Caso seja confirmada a gestação, os filhotes devem nascer em cerca de 70 dias. O primeiro ultrassom, das fêmeas fertilizadas em outubro, será feito em dezembro. As últimas três jaguatiricas serão avaliadas no início de 2012.
A escolha das possíveis mamães foi feita com base na idade reprodutiva das jaguatiricas, férteis entre dois e dez anos de idade. No RBV, há 11 fêmeas da espécie, seis delas em condições de procriação. O plantel do Refúgio possui 15 jaguatiricas, quatro machos e 11 fêmeas.
Os últimos filhotes de jaguatirica nascidos no RBV pelo método natural estão com dois anos de idade. Na natureza, as jaguatiricas podem ter até quatro filhotes. A partir deste tipo de inseminação, não há previsão da quantidade de animais que podem nascer.

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