sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Abandono de cães da raça pit bull se torna frequente em Ribeirão Preto

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Universitária Ieda Bonini e a pit bull Valentina, adotada há um anoães pit bull têm sido abandonados frequentemente em Ribeirão Preto. Um dos motivos é a falta de preparo dos donos com o cuidado exigido pelo animal. Considerada uma raça forte fisicamente, os pit bulls ainda são vistos como agressivos.

O CCZ (Centro de Controle de Zoonoses de Ribeirão Preto) recolhe de dois a três animais da raça por mês. Até o dia 23 de novembro havia 11 pit bulls disponíveis para adoção.

De acordo com a chefe do centro, Eliana Collucci, a procura pelos cães dessa raça é pequena.  Ela afirma que todos estão no CCZ há mais de um mês e que alguns esperam a adoção há mais de um ano.

Eliana fala que o número de pit bulls adotados por mês não supera o de recolhidos. Por isso, são feitas feiras de adoção específicas para cães de grande porte, como a que está marcada para o dia 3 de dezembro.

Nessa feira os interessados em adotar um cachorro de guarda vão receber as orientações necessárias para a criação do animal (veja mais informações abaixo).

Segundo Eliana, agentes do CCZ farão uma visita no mesmo dia ao local elencado pelo adotante para abrigar o animal. Dessa forma, as adoções poderão ser efetivadas no dia da feira.

Recentemente uma cachorra da raça pit bull foi encontrada por moradores amarrada em uma árvore no bairro Ipiranga, em Ribeirão Preto. Ela estava infestada de carrapatos e havia suspeitas de estar prenhe – o que foi descartado após exames. Uma moradora de Batatais soube do caso pela imprensa e a adotou alguns dias depois. 

Boa convivência

A universitária Ieda Peron Chiucchi Bonini, 29, decidiu ter um cachorro de grande porte quando se mudou de um apartamento para uma casa.

Ela procurou a ONG Cão Paixão para conhecer os animais disponíveis para adoção e recebeu a indicação da pit bull Valentina. Ieda passou algum tempo conhecendo a cachorra e afirma que desde o começo percebeu que era dócil. Elas estão juntas há um ano.

Valentina, que tem aproximadamente quatro anos, ficou marcada pela violência do abandono.  Ela tem uma cicatriz de seis centímetros no pescoço, resultado de uma facada.

De acordo com Natália Camargo, da diretoria da ONG e quem encontrou a cachorra, ela estava bastante debilitada e sua recuperação foi “inacreditável”. Valentina foi encontradaesfaqueada no pescoço e na cabeça no bairro Avelino Palma.

“Nem foi eu quem a escolheu, ela é que me escolheu”, afirma Ieda. A universitária disse que diversos amigos seus tinham cachorros da raça e que sempre foram dóceis, item que a ajudou na hora de adotar Valentina.

“Ela é forte, vem brincar e pega a minha mão com a boca. Mas eu vejo que é porque ela quer brincar. É o que todos falam, o cachorro é um reflexo do dono”, disse.

Cuidados

Segundo o adestrador Luis André Daniel, que tem 26 anos de profissão, os pit bulls são agressivos e isso é natural da raça. Porém, ele afirma, é um excelente cachorro. “Tudo depende da criação. Se for desde filhote, dar educação, ele vai ser um ótimo cão”, disse.

Daniel fala ainda que muitas pessoas admiravam os pit bulls por eles serem fortes e pularem até três metros de altura. De acordo com ele, o animal foi cobiçado para ser cão de guarda. “Tem gente que fica estimulando a agressividade. Isso aumenta o estresse do cachorro. Não tem que fazer ele morder pneu”, disse.

Sobre os cuidados, Daniel afirma que os donos de animais dessa raça devem dedicar um tempo para passear e ter um espaço grande para deixá-los. O porte da raça não suporta ficar confinada, segundo ele.

Legislação
O abandono de animais é crime previsto pela lei federal 9605/98 de crimes ambientais. A pena varia de três meses a um ano de detenção e multa para maus-tratos.

As denúncias podem ser feitas pelo número 181 ou na Delegacia de Proteção aos Animais de Ribeirão Preto pelo telefone             (16) 3610-6067      .

No Estado de São Paulo uma lei determina que donos de pit bulls coloquem uma focinheira no animal sempre que sair de casa com ele, além da coleira e guia.

Em alguns Estados, como Rio de Janeiro e Santa Catarina, a legislação impõe regras sobre a importação, venda e criação de cães de grande porte. A multa por descumprimento pode chegar a R$ 10 mil.

No Rio de Janeiro, por exemplo, é proibido levaresses animais a praias e locais de grande circulação. O condutor do cão deve ser maior de 18 anos.

Em outubro deste ano, o TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) declarou inconstitucional uma lei em Campinas que obrigava a castração dos cachorros da raça pit bull. 
ribeiraopretoonline.com.br

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