Meio ambiente
Surto de gastroenterite provoca preocupação no Báltico
A mudança do clima induzida pelo homem é o principal impulsionador da emergência inesperada de um grupo de bactérias no norte da Europa. Elas podem causar gastroenterite, mostra uma pesquisa feita por um grupo de especialistas internacionais.
O trabalho, publicado no Nature Climate Change, forneceu algumas das primeiras evidências de que os padrões de aquecimento no Mar Báltico coincidem com a emergência das infecções por vibrios no norte da Europa.
Os vibrios são um grupo de bactérias que geralmente crescem em ambientes quentes e tropicais. Elas podem causar infecções sérias em humanos, desde cólera a gastroenterite, pela ingestão de carne crua ou frutos do mar ou pela exposição à água do mar.
Um equipe de cientistas de instituições da Grã-Bretanha, Finlândia, Espanha e Estados Unidos examinou temperaturas de superfície do mar e dados de satélites, assim como estatísticas de casos de vibrio no Báltico.
Eles descobriram que o número e a distribuição de casos na região estavam fortemente ligados a picos de temperatura. A cada ano que ela subiu um grau, os casos aumentaram em quase 200 por cento.
“Os grandes aumentos aparentes que vimos de casos durante anos de ondas de calor tendem a indicar que a mudança do clima está na verdade induzindo infecções,” disse à
Craig Baker-Austin, do Centro Para Ciência do Ambiente, Pesca e Aquacultura, da Grã-Bretanha, e um dos autores do estudo.
Estudos do clima mostram que emissões crescentes de gases estufa fizeram temperaturas médias de superfície subirem cerca de 0.17Cº por década de 1980 a 2010.
O estudo do vibrio focou no Mar Báltico em particular porque ele aqueceu em uma taxa sem precedentes de 0.063 a 0.078 Cº por ano de 1982 a 2010, ou em 6.3 a 7.8 Cº em um século.
“Isto representa, até onde sabemos, o maior aquecimento em um sistema marinho já verificado na Terra,” diz o estudo.
Muitas bactérias marinhas floresccem em águas mornas e de baixa salinidade. Além do aquecimento, a mudança do clima causou chuvas mais frequentes e fortes, o que reduziu o conteúdo de sal de estuários e pântanos em costas. Isto vai fazer também que os vibrios apareçam em novas áreas, afirmam os cientistas.
Os surtos de vibrio ocorreram ainda em regios temperadas e frias no Chile, Perú, Israel, noroeste do Pacífico e Noroeste da Espanha, e isto pode estar ligado a padrões do clima, diz o estudo. “Poucos estudos examinaram o risco destas infecções em altas latitudes,” afirmou Baker-Austin. “Certamente, as chances de se contrair uma infecção por vibrio são consideradas relativamente baixa, e precisamos de mais pesquisas focadas em áreas onde estas doenças são endêmicas ou pelo menos mais comuns.”
Surtos anteriores de vibrio em regiões mais frias foram atribuídos frequentemente a eventos esporádicos ou condições especiais, e não à mudança do clima no longo prazo. Isto porque os efeitos do aquecimento global podem ser mais pronunciados em latitudes mais altas e em áreas com falta de dados detalhados sobre o clima, diz o estudo.
fonte:planetasustentavel
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