A tentativa de um quati resgatar o filhote atropelado nas proximidades do Parque dos Poderes, em Campo Grande, na última sexta-feira (25), trouxe à tona um sério problema em todo o estado: o atropelamento de animais silvestres. Desde a metade do ano, somente no trecho da BR 262 entre Anastácio e Corumbá houve o registro de 261 animais atropelados, 22 deles envolvendo espécies raras ou ameaçadas de extinção.
Os dados são disponibilizados pelo Programa de Monitoramento de Atropelamento de Fauna, executado pelo Instituto Tecnológico de Transportes e Infraestrutura (ITTI-UFPR) em convênio com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) para a Gestão Ambiental de obras de melhorias e implantação de acostamento da rodovia. O programa tem coordenação da bióloga Marcela Barcelos Sobanski.
Formada em 2002 pelo Centro Universitário de Brasília e no ITTI desde 2009, Sobanski explica na entrevista a seguir como são realizadas as inspeções e o que será feito a partir dos dados coletados.
O caso do quati atropelado em Campo Grande teve grande repercussão na mídia nacional. Qual é a real situação do problema de atropelamento de animais no MS?
A fatalidade ocorrida no Parque dos Poderes não é um caso isolado. Vários animais silvestres têm sido vítimas de atropelamentos nas rodovias brasileiras, tornando-se uma realidade constante. Nas estradas do MS é comum ver animais silvestres caminhando próximos à pista e é quase impossível não observar atropelamentos na rodovia, principalmente quando a mesma adentra o Bioma Pantanal.
Essas fatalidades ocorrem, na maioria dos casos, devido ao excesso de velocidade praticada pelos motoristas, que ao enxergar o animal na pista não têm mais tempo para desviar ou dar passagem. Temos inclusive visto casos em que jacarés são atropelados propositalmente nos acostamentos ao longo da rodovia.
Assim, o primeiro passo para reduzir o número de atropelamentos de animais silvestres é conscientizar o motorista da importância da fauna local e do respeito aos limites de velocidade da rodovia. Ainda que exista precariedade em muitas estradas brasileiras, o transporte rodoviário ainda é o principal modal utilizado no país, e a cada ano aumenta a frota nacional de veículos.
Qual o objetivo do Programa de Monitoramento de Atropelamento de Fauna na BR 262?
Nossa equipe percorre semanalmente os 284 km do trecho entre Anastácio e Corumbá. Quando avistam uma carcaça, param e registram a espécie, as coordenadas geográficas, fazem análise da vegetação e da situação da pista. Por fim, o animal é retirado da pista para não atrair outros.
O Programa conta com o apoio da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), campus Pantanal, em Corumbá. O professor Nelson Rufino Albuquerque, coordenador do curso de Biologia e do laboratório de Zoologia da UFMS, acompanha o monitoramento.
Com os dados que estão sendo coletados pretendemos identificar pontos de maior concentração de atropelamentos. A partir daí, serão testadas alternativas para diminuir as incidências. Entre elas, telamento em trechos da rodovia, redutores de velocidade e educação ambiental.
Além disso, será trabalhada a vistoria das passagens de fauna – as pontes por onde os animais podem atravessar por baixo da pista – por meio de armadilhas fotográficas. A rodovia corta o habitat do animal. Queremos saber se ele realmente tem utilizado as passagens.
Quais os resultados do monitoramento até agora?
De junho a outubro, foram registrados 261 animais atropelados, 77% deles são mamíferos. Também foram registrados atropelamentos de espécies raras e/ou ameaçadas de extinção, que é o caso da anta, tamanduá-bandeira, lontra e jaguatirica.
Mas é bom lembrar que esses números são subestimados, algumas bibliografias dizem que em até 50%. Isso porque existem animais pequenos que são logo carregados por animais necrófagos e outros que não morrem imediatamente na beira da estrada e acabam não sendo contabilizados.
Qual é o público do programa de educação ambiental?
Escolas, turistas e motoristas, principalmente caminhoneiros. As estatísticas da Polícia Rodoviária Federal mostram que, em 2010, foram registrados 173 acidentes nesse trecho e 70% são de saída da pista e atropelamento de fauna. Muitas saídas da pista são para desviar de animais.
Só carros pequenos danificados são registrados, porque acionam seguro. Como os caminhões simplesmente passam por cima, mas não ficam comprometidos, então não entram nas estatísticas.
Os dados são disponibilizados pelo Programa de Monitoramento de Atropelamento de Fauna, executado pelo Instituto Tecnológico de Transportes e Infraestrutura (ITTI-UFPR) em convênio com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) para a Gestão Ambiental de obras de melhorias e implantação de acostamento da rodovia. O programa tem coordenação da bióloga Marcela Barcelos Sobanski.
Formada em 2002 pelo Centro Universitário de Brasília e no ITTI desde 2009, Sobanski explica na entrevista a seguir como são realizadas as inspeções e o que será feito a partir dos dados coletados.
O caso do quati atropelado em Campo Grande teve grande repercussão na mídia nacional. Qual é a real situação do problema de atropelamento de animais no MS?
A fatalidade ocorrida no Parque dos Poderes não é um caso isolado. Vários animais silvestres têm sido vítimas de atropelamentos nas rodovias brasileiras, tornando-se uma realidade constante. Nas estradas do MS é comum ver animais silvestres caminhando próximos à pista e é quase impossível não observar atropelamentos na rodovia, principalmente quando a mesma adentra o Bioma Pantanal.
Essas fatalidades ocorrem, na maioria dos casos, devido ao excesso de velocidade praticada pelos motoristas, que ao enxergar o animal na pista não têm mais tempo para desviar ou dar passagem. Temos inclusive visto casos em que jacarés são atropelados propositalmente nos acostamentos ao longo da rodovia.
Assim, o primeiro passo para reduzir o número de atropelamentos de animais silvestres é conscientizar o motorista da importância da fauna local e do respeito aos limites de velocidade da rodovia. Ainda que exista precariedade em muitas estradas brasileiras, o transporte rodoviário ainda é o principal modal utilizado no país, e a cada ano aumenta a frota nacional de veículos.
Qual o objetivo do Programa de Monitoramento de Atropelamento de Fauna na BR 262?
Nossa equipe percorre semanalmente os 284 km do trecho entre Anastácio e Corumbá. Quando avistam uma carcaça, param e registram a espécie, as coordenadas geográficas, fazem análise da vegetação e da situação da pista. Por fim, o animal é retirado da pista para não atrair outros.
O Programa conta com o apoio da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), campus Pantanal, em Corumbá. O professor Nelson Rufino Albuquerque, coordenador do curso de Biologia e do laboratório de Zoologia da UFMS, acompanha o monitoramento.
Com os dados que estão sendo coletados pretendemos identificar pontos de maior concentração de atropelamentos. A partir daí, serão testadas alternativas para diminuir as incidências. Entre elas, telamento em trechos da rodovia, redutores de velocidade e educação ambiental.
Além disso, será trabalhada a vistoria das passagens de fauna – as pontes por onde os animais podem atravessar por baixo da pista – por meio de armadilhas fotográficas. A rodovia corta o habitat do animal. Queremos saber se ele realmente tem utilizado as passagens.
Quais os resultados do monitoramento até agora?
De junho a outubro, foram registrados 261 animais atropelados, 77% deles são mamíferos. Também foram registrados atropelamentos de espécies raras e/ou ameaçadas de extinção, que é o caso da anta, tamanduá-bandeira, lontra e jaguatirica.
Mas é bom lembrar que esses números são subestimados, algumas bibliografias dizem que em até 50%. Isso porque existem animais pequenos que são logo carregados por animais necrófagos e outros que não morrem imediatamente na beira da estrada e acabam não sendo contabilizados.
Qual é o público do programa de educação ambiental?
Escolas, turistas e motoristas, principalmente caminhoneiros. As estatísticas da Polícia Rodoviária Federal mostram que, em 2010, foram registrados 173 acidentes nesse trecho e 70% são de saída da pista e atropelamento de fauna. Muitas saídas da pista são para desviar de animais.
Só carros pequenos danificados são registrados, porque acionam seguro. Como os caminhões simplesmente passam por cima, mas não ficam comprometidos, então não entram nas estatísticas.
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