Foram encontradas mortas 34 aves oceânicas da espécie pardela-de-sobre-branco (Puffinus gravis) na praia de Mar Grande, na Ilha de Itaparica. A Organização Socioambientalista PRÓ-MAR socorreu outras três aves que recebem cuidados desde a última segunda-feira (11).
“Da Ilhota até a Penha você se assusta com a quantidade de aves mortas. Contabilizamos 34, mas, com certeza, este número é infinitamente superior, pois várias já devem ter sido levadas pelo mar”, alarmou o mergulhador científico da PRÓ-MAR, José Carlos. Ele tirou fotos e coletou os animais para enterrá-los.
Pescadores locais encontraram as aves e informaram a localização para a equipe da ONG, informou o vice-presidente da PRÓ-MAR, James Campbell. Os animais estavam muito debilitados e foram socorridos pela organização seguindo as orientações do Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS).
“Nós resgatamos as aves e estamos fazendo o possível para recuperá-los. Só que não possuímos veterinários na nossa equipe. Já entramos em contato com os órgãos responsáveis, mas nenhum pode vir buscar os animais. Estamos tendo muita dificuldade para encaminhá-los”, afirmou Campbell. As aves resgatadas estão na sede da PRÓ-MAR e aguardam a busca pelas instituições responsáveis.
A ONG informou que já entrou em contato com a Companhia de Polícia de Proteção Ambiental (COPPA), Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS), Zoológico de Salvador. Entretanto, estas instituições afirmaram não têm um veículo disponível para a busca. “Não sabemos mais como proceder. Se eles continuarem aqui, provavelmente irão morrer como os outros”, lamenta Campbell.
As aves
Durante a primavera e o verão, as aves encontradas, de acordo com o biólogo Dimas Gianuca, do Projeto Albatroz, se reproduzem em ilhas remotas do Atlântico Sul. No outono, os animais migram para o Atlântico Norte e utilizam a região Nordeste do Brasil como via de acesso.
“A aparição destes pássaros é resultado do movimento migratório que ocorre no outono. De abril a junho essas aves devem aparecer com mais frequência e maior abundância no alto mar do Nordeste do País”, explicou Gianuca. Segundo o biólogo, as aves pisam em terra somente para reproduzir, porque quando não estão voando, pousam sobre a água, inclusive para dormir.
Por ser uma das espécies que mais interagem com as pescarias, o petrel pardela-de-sobre-branco acaba se expondo a incidentes, segundo Gianuca. “Eles se agregam em volta das embarcações, buscando descartes de pesca e iscas dos anzóis para se alimentar. Nessa atividade, às vezes acabam se prendendo a redes e se afogando ou se machucando com o próprio anzol. Portanto, esses animais mortos e debilitados podem simplesmente não terem resistido à migração ou podem estar sendo impactados por alguma arte de pesca na região”, comentou Gianuca.
Fonte: iBahia
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