quinta-feira, 14 de junho de 2012

Caminhoneiros ganham kits de conscientização ambiental no Porto Seco em Corumbá



Mariana Cardoso
No último dia 6, motoristas na Agesa receberam um CD com músicas que retratam os problemas ambientais do Pantanal.
Em comemoração à Semana Nacional do Meio Ambiente, cerca de 60 caminhoneiros que passaram pelo Porto Seco em Corumbá no último dia 6 ganharam um kit de conscientização ambiental. O presente conta com um CD de músicas com ritmos típicos, como o guarânia e o sertanejo, que retratam os problemas ambientais recorrentes na região, como atropelamento de animais na rodovia e queimadas. A distribuição dos kits faz parte da campanha "BR 262 - Faço Parte deste Caminho", que acontece durante as obras de revitalização de 284,2 quilômetros da BR 262, no trecho que passa por Anastácio, Miranda e Corumbá.
O objetivo da distribuição é estimular os usuários da BR 262 a uma responsabilidade pessoal com a preservação da fauna e flora nativas, bem como com a diminuição dos principais problemas ambientais da região. Uma distribuição similar aconteceu no final de abril e atingiu cerca de 100 caminhoneiros na Armazéns Gerais Alfandegados de Mato Grosso do Sul (Agesa), empresa que administra o Porto Seco.
"As pessoas sabem que precisam cuidar do meio ambiente. Uma campanha como essa serve para todo mundo pensar que vale a pena mudar", comenta um dos caminhoneiros que ganhou o kit, José Mazieiro, de São Manoel (SP).
Um dos principais problemas abordados pela campanha foi o atropelamento de animais na rodovia. De junho de 2011 a maio de 2012, o Programa de Monitoramento de Atropelamento de Fauna, do ITTI-UFPR, catalogou 610 animais atropelados no trecho das obras. Cerca de 70% dos animais eram mamíferos, 23% répteis e 7% aves. O jacaré-do-pantanal foi a espécie mais atropelada.
"Os animais aparecem quando menos a gente espera", conta o caminhoneiro Sirineu José Bertoni, de São Paulo.
De janeiro a fevereiro deste ano, o ITTI realizou uma pesquisa de opinião com 83 caminhoneiros no Porto Seco. Destes, 79% afirmaram ter presenciado o atropelamento de algum animal e 21% já atropelaram ou eram passageiros de veículo que atropelou. "Ontem mesmo, na vinda vi três animais mortos: anta e jacarezinhos", conta Bertoni.
Mais de um terço dos entrevistados na pesquisa acredita que o acidente acontece por descuido, mas 21,87% apontam a falta de visibilidade e 18,75% a ausência de sinalização na pista como principais causas. Apenas 12,5% culpam o excesso de velocidade.
"Tem caso que por excesso de velocidade acontece a morte, mas têm casos repentinos. Você pode não estar em alta velocidade, mas se ele [o animal] entrar na pista correndo, não tem como frear", justifica Roberto da Conceição, caminhoneiro e morador de Corumbá. Ele acredita que os caminhoneiros ainda possuem uma vantagem sobre os motoristas de carros pequenos: "Nós temos rádio para nos comunicar e avisar quando há um animal na pista".
O funcionário da Agesa, Edi Jonni Dias de Moura, conta que os caminhoneiros recebem a campanha positivamente e sempre perguntam sobre o projeto do ITTI. "Os caminhoneiros estão sempre na rodovia e são eles que veem o que acontece, o atropelamento dos animais, as queimadas. É uma iniciativa muito importante e que não pode parar. Além de o CD chamar muita atenção", ressalta.
A campanha é uma ação do Instituto Tecnológico de Transportes e Infraestrutura da Universidade Federal do Paraná (ITTI-UFPR), que executa 15 programas ambientais paralelos à obra, como Monitoramento de Atropelamento de Fauna, Educação Ambiental e Prevenção de Acidentes. O ITTI é parceiro do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (DNIT), órgão responsável pela reforma na rodovia.

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