Projeto permite que alunos com deficiência visual conheçam bichos por meio do tato e do olfato
Ricardo Marques / Metro Brasília
Sentados em bancos feitos com troncos de madeiras, sete crianças aguardam ansiosas os bichos que vão conhecer naquele passeio ao Zoológico. Além de aprenderem sobre espécies de répteis e anfíbios, alunos com deficiência visual da Escola Classe da 410 Sul podem tocar e identificar a diferença física entre cada um dos bichos. A atividade é um programa especial do Zoológico de Brasília, chamado Zoo Toque, que dá às crianças a oportunidade de descobrir através do tato os animais que tanto escutam falar.
“A tartaruga tem umas escamas e o jabuti tem a pele mais riscada”, conta Mirela Pereira, 10. “A cobra é muito gelada. Todo mundo lá em casa vai saber”, diz Vitor Paz Rodrigues da Cunha, 12.
O grupo de alunos já visitou o Zoológico outras vezes dentro do projeto. Girafa, borboletas, hipopótamo e zebra foram alguns dos animais que os pequenos curiosos puderam alimentar, sentir e cheirar. Ontem, contudo, a ansiedade para tocar nas cobras, uma das espécies que mais assustam as pessoas, era enorme.
A primeira a sentir a pele de cada animal foi Mirela, que há quatro anos perdeu a visão por causa da Síndrome de Stevens-Johnson - reação alérgica equivalente a queimaduras - e nunca teve nenhum contato com anfíbios e répteis. “Conheço gato e cachorro, mas esses daqui não. É muito legal tocar neles”, contou, animada.
João Vitor Dornelas, 7, era um dos mais agitados do grupo. O garoto não sabia dizer qual bicho havia gostado mais. “O sapo. Não, a tartaruga. Não, a cobra!”, gritava. “Foi a cobra. Ela escorregou pela minha perna. Foi legal”, decidiu-se. Cego desde o nascimento, João disse que gostou muito de sentir a diferença entre os bichos secos e molhados.
Atividade lúdica
A animação tomava conta das crianças, que, no início, aguardavam com nervosismo e receio a chegada dos bichos. Conforme iam tocando e explorando o corpo dos répteis e anfíbios, o médico veterinário veterinários do Zoológico Thiago Lucizinski descrevia o formato dos animais e narravam cada parte que a mão dos pequenos alcançava. “É interessante, porque não basta descrever, aqui eles podem sentir e cheirar para comprovar o que falamos sobre os bichos”, disse.
Ana Paula Rosa, uma das professoras que acompanhava os alunos, aponta a importância do projeto para ajudar os meninos e meninas a compreender como os animais realmente são. “Eles têm um conhecimento abstrato dos animais e essa visita ao Zoológico ajuda a formar na mente deles a imagem dos bichos”, conta.
Projeto faz parceria com escolas
Funcionando desde o ano passado, o projeto Zoo Toque trabalha em parceria com escolas públicas do GDF destinadas a deficientes visuais ou que tenham turmas de inclusão social.
A bióloga Marcelle Cavalheiro é a coordenadora do programa, que a cada mês leva os deficientes a uma área do Zoológico. “Esse grupo da escola da 410 Sul já foi ao espaço África, onde existem mamíferos, como zebras, capivaras e hipopótamos, e também ao borboletário”, conta. Ela diz que a visita ao museu do lugar também é interessante porque permite que eles toquem em bichos que não ficam disponíveis. “Lá tem tigre, leão, aves”, explica.
Para Marcelle, o projeto tem função lúdica, porque diverte as crianças e permite que elas aprendam sobre os animais.
Por enquanto, o projeto só atende os deficientes visuais das escolas parceiras, mas o Zoo já estuda aumentar a abrangência do projeto.
Ricardo Marques / Metro Brasília
Fonte: band
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