Há 15 dias, Vanderlei Ávila Pinheiro encontrou um cavalo deitado dentro de um valetão na rua 1 de Maio, bem em frente ao local de seu trabalho. Segundo ficou sabendo mais tarde, este animal ficou cerca de quatro dias amarrado a uma árvore sem conseguir baixar a cabeça para comer. “Foi um vizinho que se compadeceu e o soltou. Mas ele estava tão fraco que caiu mais adiante, dentro do valetão”, conta Vanderlei.
Quando o viu dentro do valetão, Vanderlei estava indo para casa, na Vila Maria, no final do expediente. Continuou seu caminho. Mas não conseguiu esquecer da imagem do cavalo “esturricado de tão magro, fraco que nem levantava mais a cabeça, cheio de feridas espalhadas pelo corpo, deixado em abandono para morrer porque não tinha mais serventia para quem o usou de maneira desumana”.
Mal entrou em casa e decidiu voltar. “Estava muito frio aquela noite e eu não consegui parar de pensar no sofrimento daquele cavalo. Voltei e consegui a muito custo tirar ele da valeta. Trouxe ele andando até minha casa. Levamos horas, pois ele não andava 50 metros sem parar para descansar. Praticamente o arrastei para minha casa”.
Vanderlei resolveu então chamar a Patrulha Ambiental. Esta foi até sua casa e registrou boletim de ocorrência, mas nada pôde fazer pois não tem veículo e nem local para recolher animais. “Mas chamaram o pessoal da prefeitura. Estes sim, até agora não apareceram. Se dependesse deles o pobre bicho estaria morto”, frisa Vanderlei.
Quem viu o cavalo antes e o vê agora, no pátio de Vanderlei, percebe grandes mudanças. Mesmo com o sofrimento de muito tempo estampado no corpo, o cavalo já começa a ganhar peso. As feridas, inúmeras, já estão cicatrizadas, outras em fase de cicatrização. O pelo já voltou a crescer e ele já permanece o tempo inteiro em pé. Já tomou três injeções para “garrotilho”, ou gripe equina. Também está sendo medicado com antibiótico. A ração também aumentou e Vanderlei gasta agora R$ 80,00. “Um saco de milho custa R$ 25,00 e dá para uma semana. Como uma pessoa deixa um animal chegar neste estado de inanição?”, pergunta ele indignado.
Vanderlei, que gosta muito de animais, já arrumou até uma baia, junto ao espaço que divide com mais dois cavalos, animais que possui por amor e não para o trabalho. O problema é que se preocupa com o verdadeiro tutor do animal, aquele que o abandonou para morrer. “Minha preocupação é que venha buscar o cavalo e me acuse de roubo”.
Também pensou em doar o cavalo, mas entre ficar e dar em adoção, prefere ficar. “Para dar é só para quem realmente sei que vai cuidar, e não colocar ele em carroça, porque tirar um animal que está sendo bem cuidado para entregar para quem vai só usar até atirar em uma outra valeta, é o mesmo que matar o pobre bicho”. Ele pensa em conseguir a guarda do cavalo para permanecer com ele e gostaria da ajuda de quem pudesse encaminhá-lo. “Se alguém puder me ajudar, eu ficaria realmente grato”, conclui o homem que deu valor à vida do animal.
Fonte: Jornal Agora
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