Portugal
A Câmara de Viana do Castelo, Portugal, quer propor à Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) a criação de uma seção de municípios “contra as touradas” que terá como objetivo a “erradicação” deste tipo de evento.
O anúncio foi feito ontem à agência Lusa pelo autarca de Viana do Castelo, José Maria Costa, município que se tornou, em 2009, o primeiro a declarar-se “antitouradas” e que está tentando impedir a realização de uma corrida de touros na cidade, agendada para 19 de agosto.
Esta futura associação de municípios contra as touradas, que já está em estudo, servirá para “dar voz àqueles que no país se querem manifestar contra este tipo de tratamento aos animais”.
“Poderá ser através de uma secção da ANMP contra as touradas, um grupo que possa levar à erradicação, à libertação do país das touradas, como no passado aconteceu com a escravatura”, explicou José Maria Costa.
O autarca garante que têm sido “às centenas” as mensagens de apoio à intenção de impedir a realização da tourada do próximo domingo em Viana do Castelo, oriundas de todo o país, de Espanha e de países da América Latina como México, Argentina, Costa Rica, Peru, Colômbia e Brasil.
Também foram recebidas mensagens de apoio recebidas do Movimento Internacional Antitouradas e da direção da Fundação Franz Weber, alemã e uma das mais ativas na defesa dos direitos dos animais.
Em causa está a realização, neste domingo, de uma corrida de touros em Viana do Castelo, município que em 2009 adquiriu a Praça de Touros da cidade e que aprovou, no Executivo, uma declaração assumindo-se como “antitouradas” e em defesa dos direitos dos animais.
A organização pertence à “Prótoiro”, federação que reúne as várias associações do setor tauromáquico em Portugal e que anunciou pretender “acabar com o regime de censura cultural” que diz existir no município há mais de três anos.
Entretanto, a Câmara deduziu esta semana oposição à decisão do Tribunal Administrativo e Fiscal de Braga (TAFB), que autorizou a instalação da arena, alegando violação do Plano Diretor Municipal (PDM) se isso se concretizar.
O presidente da autarquia, José Maria Costa, afirma estar “seguro que não haverá tourada” em Viana do Castelo, apesar da suspensão do indeferimento da autarquia à instalação da arena, pelo TAFB, depois de uma providência cautelar interposta pela “Prótoiro”.
Essa instalação arrancou na quarta-feira e espaço terá capacidade para 2.800 pessoas, mas a autarquia ainda espera reverter judicialmente a realização da tourada.
Segundo a oposição deduzida pelo município com regime de urgência, a instalação do recinto no local previsto, uma zona de emparcelamento agrícola junto à costa, configura um “desrespeito pelo ambiente e pelo ordenamento do território” e por isso o pedido foi indeferido a 02 de agosto.
Os terrenos em causa, na freguesia de Areosa, cidade de Viana do Castelo, estão classificados como Reserva Agrícola Nacional (RAN) e Reserva Ecológica Nacional (REN) e como tal não podem receber qualquer instalação do género, à luz do PDM, aprovado em 2008.
Para a direção da “Prótoiro”, a decisão do tribunal, de permitir a instalação da arena – o evento em si já está licenciado pela Inspeção-Geral das Atividades Culturais e Sociedade Portuguesa de Autores -, foi tomada “já com conhecimento” dos motivos invocados pelo município para o indeferimento.
“São manobras de diversão. Infelizmente ainda não perceberam que não são bem vindos a Viana do Castelo”, atirou ainda o autarca.
Fonte:anda
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