sexta-feira, 26 de abril de 2013

Embarcação chinesa é flagrada com mais de 10 toneladas de carne de pangolim


ANIMAL PROTEGIDO POR LEI


Por Monika Schorr (da Redação)
Barco chinês capturado nas Filipinas, contendo 400 caixas com carne de pangolim congelada. Tripulação foi presa por caça e tentativa de suborno. (Foto: TMO / AFP / Getty Images)
Barco chinês capturado nas Filipinas, contendo 400 caixas com carne de pangolim congelada. Tripulação foi presa por caça e tentativa de suborno. (Foto: TMO / AFP / Getty Images)
Um barco chinês que colidiu com recife de corais protegido por lei nas Filipinas escondia o  produto do segundo desastre ambiental ocorrido naquela região: milhares de pangolins mortos. O pangolim é uma espécie de mamífero que tem o corpo coberto de escamas, muito valorizado na China tanto por sua carne como pelas escamas. As informações são do jornal inglês The Guardian.
A embarcação atingiu, em 8 de abril, o atol no Parque Nacional Marinho Tubbataha, na Ilha Palawan, designado pela UNESCO como patrimônio mundial e que também havia sido atingido, em janeiro, por um caça-minas americano. De acordo com o porta-voz da Guarda Costeira, Armand Balilo, aproximadamente 400 caixas contendo mais de 10 toneladas de pangolins congelados foram descobertas durante uma segunda inspeção no barco.
O comércio internacional das quatro espécies asiáticas do pangolim é proibido e ilegal desde 2002, mas o apetite dos consumidores chineses pela sua carne, considerada uma iguaria, e também por suas escamas que, acredita-se, sejam benéficas para mulheres lactantes, praticamente dizimou a população desses animais na China, Vietnã, Laos e Camboja. Os caçadores dos pangolins, que se utilizam de cães e de armadilhas para capturar esses animais selvagens, estabeleceram-se nos últimos habitats remanescentes dessa espécie, ainda encontrados em Java, Sumatra e na península Malaia, diminuindo drasticamente sua população e aumentando exorbitantemente seus lucros neste comércio ilegal.
Chris Shepherd, especialista no assunto e integrante do TRAFFIC, rede que monitora o comércio de vida selvagem com base na Malásia, disse ao jornal britânico “The Guardian”: “Não há meios de uma espécie como a do pangolim, que se reproduz lentamente, de suportar por muito tempo tamanha devastação.” Shepherd comentou, ainda, que a aplicação das leis não tem conseguido acompanhar o ritmo acelerado da demanda pela carne e escamas do pangolim que podem alcançar o valor de centenas de dólares por quilo na China. “Temos visto quantidades realmente obscenas de apreensões, mas pouquíssimas pessoas são presas e, menos ainda, condenadas.”
Os doze tripulantes da embarcação destruída estão detidos sob a acusação de invasão de santuário protegido por lei, caça e tentativa de suborno, disse Adelina Villena, advogada do Parque Marinho, e enfrentam outras acusações, tais como, danificar os recifes de coral e posse de carne de pangolim. O recife de Tubbataha é um santuário marinho e popular local apreciado para mergulho a 640 km do sudoeste de Manila e que já havia sido prejudicado por um navio da Marinha dos Estados Unidos que ficou preso no recife, em janeiro, e que teve de ser desmontado.
Os militares filipinos citaram os pescadores que disseram ter vindo da Malásia e que, “acidentalmente”, acabaram vagando em águas filipinas. Os tripulantes chineses estão sujeitos a uma condenação de 12 anos de prisão e multas de até $300,000 (trezentos mil dólares, equivalentes a cerca de R$600.000,00) pela violação das leis de vida selvagem do país e a seis anos de prisão, mais multas, pela carga de carne de pangolim, explicou Villena.
A carga apreendida de carne de pangolim filipino é uma das maiores já registradas até agora. Em 2010, pouco menos de oito toneladas de pangolim congelado e 1,8 toneladas de escamas foram confiscadas de um barco pesqueiro por funcionários da alfândega, na província chinesa de Guangdong, enquanto que no Vietnã, uma sequência de apreensões reuniu o equivalente a 23 toneladas de carne de pangolim congelada, em uma semana.
Ainda não ficou esclarecido qual das quatro espécies de pangolins asiáticos deu origem à carne encontrada. A União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) tem em seus registros duas espécies de pangolins ameaçadas de extinção: “Sunda” ou Pangolim Malaio e o Pangolim Chinês. Duas outras espécies, incluindo o Pangolim Filipino, endêmico em Palawan, são classificadas como “quase ameaçadas de extinção”, apesar de o Governo Filipino considerar o pangolim nativo como já ameaçado de extinção por causa da grande dificuldade de se combater o comércio ilícito da espécie. A IUCN declarou que a crescente demanda está eliminando os pangolins de seu habitat no sudeste asiático, junto com outras espécies, deixando um rastro de “florestas-fantasmas” despojadas de vida selvagem. Em 2007, uma “Arca de Noé” abandonada, contendo cinco mil animais de espécies raras, foi encontrada flutuando à deriva na costa da China.
“As Agências de Fiscalização são muito acomodadas”, disse Shepherd. “As investigações sobre os bastidores das redes de tráfico são insuficientes.” Em março, a autoridade máxima mundial do órgão que monitora o comércio de animais selvagens disse ao jornal “The Guardian” que as organizações criminosas e terroristas estão intimidando os que atuam na linha de frente da proteção da vida selvagem e representam ameaça mortal, tanto para humanos, como para os animais.
Foto: Divulgação
Foto: Divulgação
Nova apreensão em Palawan
Após a enorme apreensão de pangolins na embarcação chinesa, na última terça-feira, 23 de abril, a guarda costeira das Filipinas se deparou com novo caso de contrabando da espécie. Outros 23 pangolins foram encontrados em um porto da ilha ocidental de Palawan. Contrabandistas destes animais raros pensavam em comerciá-los na capital. Dos animais encontrados, 22 estavam vivos e 1 estava morto. Todos estavam escondidos em situações precárias, na seção de carga da embarcação, segundo informações da Agência Informativa Latinoamericana.
Os fatos mostram que mesmo com as leis proibitivas, o tráfico e o comércio continuam fortes.
Foto: Divulgação
Foto: Divulgação
O porta-voz do Conselho para o Desenvolvimento Sustentável de Palawan, Alex Marciada, informou que os pangolins sobreviventes foram encaminhados a um centro de resgate com o objetivo de reabilitá-los, pois estavam em péssimas condições. Ele lembrou também que a caça e o comércio de pangolins vivos ou mortos é uma violação grave às normas internacionais de conservação.
fonte: anda

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