domingo, 24 de junho de 2012

Milhares de aves do Pantanal viajam para se reproduzir


Todos os anos, milhares de aves fazem uma longa viagem do Pantanal até a Bahia para se reproduzir. As aves tem um destino certo: uma fazenda de Malhada, na região sudoeste da Bahia. Lá encontram uma fartura de alimentos e proteção.
Quando o dia amanhece começa a revoada. São tantas aves que o céu do sertão fica irreconhecível. Mergulhões, garças, jaburus. Aves do Pantanal que estão em temporada de reprodução. Todo o ano elas voam mais de 2 mil km até o município de Malhadas, nas margens do Rio São Francisco. As aves transformam a caatinga em uma grande maternidade. A área é uma Reserva Particular do Patrimônio Natural que fica dentro de uma fazenda de pecuária. As aves se espalham por mais de cinco mil árvores. Não há ninho que não esteja ocupado com três, quatro recém-nascidos.
A capacidade de localização desses animais impressiona. O casal sai para pescar e na volta, entre milhares de árvores, identifica o ponto exato do ninho dos filhos. Sabe-se apenas que cada uma das árvores mais altas concentra em média, cinquenta ninhos.
Até o segundo mês de vida, quando começam a voar, os filhotes dependem dos pais e da sorte. Os predadores estão sempre por perto. Mas segundo os donos da área, são os caçadores os grandes inimigos.
“As estradas, o acesso, tudo a gente procura dificultar, justamente isso, porque o que não falta é caçador”, explica o fazendeiro Ruy Moura.
A fiscalização é feita pelos empregos da fazenda. Os dois vaqueiros passam o dia vigiando a região para evitar a entrada de caçadores.
Só a cavalo se chega às áreas inundadas do ninhal. Os mergulhões e os jaburus ocupam cerca de mil hectares da caatinga. Biólogos de uma universidade do sudoeste baiano começaram a trabalhar na contagem dos ninhos e calculam que a população chega a 500 mil aves.
A bióloga Drielle Menezes, diz que a explicação para esse fenômeno é a comida favorável para a reprodução dos animais. Ela diz que nas fazendas baianas, há bastante alimento para as aves. A fonte para as comidas são as 32 lagoas que ficam perto do ninhal. As aves se alimentam de peixe e as lagoas recebem cardume de várias partes do São Francisco, quando o rio transborda.
“Quando as águas começam a baixar a maior parte desses peixes retornam ao São Francisco e a outra parte permanece aqui nessas lagoas e é o que vai servir para alimentar essas aves aquáticas”, diz o geólogo Paulo Laranjeira Moura.
Além de comida farta, ambiente bem preservado é tudo o que as aves precisam para procriar. A temporada na Bahia dura de três a quatro meses. Os donos da fazenda já imaginam o momento em que elas voarão de volta para o Pantanal. “Nós já estamos tão acostumados com essa convivência com eles aqui todos os anos que quando eles vão embora, nos fazem muita falta. Nós ficamos aqui torcendo e na expectativa deles retornarem no próximo ano”, conclui Moura. 
fonte: 180graus

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