sexta-feira, 29 de junho de 2012

Gabão queima cinco toneladas de marfim para salvar elefantes

Foto: Wils Yanick Maniengui/AFP

As autoridades do Gabão queimaram nesta quarta-feira (27) cinco toneladas de marfim, algo inédito na África Central, para dizer aos caçadores e traficantes que o Governo está empenhado em salvar os elefantes.
Como sinal da importância dada a esta operação, foi o Presidente do Gabão, Ali Bongo Ondimba, quem deitou fogo à pilha de marfim – com 4825 quilos, composta por peças em bruto e esculturas –, na presença do primeiro-ministro Raymond Ndong Sima e outros membros do Governo. Esta quantidade de marfim representa a morte de 850 elefantes, disse a WWF (Fundo Mundial da Natureza), organização parceira da operação.
O valor do que foi destruído atinge os 7,5 milhões de euros, à razão de 1600 a 2000 euros por quilo vendido no mercado negro asiático, de acordo com os dados da Agência Nacional de Parques Nacionais.
Esta operação surge depois de um período intenso de caça na África Central, quando o número de elefantes mortos por causa do marfim atingiu níveis recorde, disse, em comunicado, a organização TRAFFIC, especializada no combate ao comércio de espécies, com sede no Reino Unido. O comércio internacional de marfim está proibido desde 1989 pela CITES (Convenção sobre o comércio internacional de espécies selvagens de fauna e de flora ameaçadas de extinção).
Para o Presidente do Gabão – o país da África Central com mais elefantes, estimados em cerca de 50.000 – esta é uma questão de segurança nacional e a morte dos elefantes pelo marfim é “inaceitável”. Por isso criou uma brigada especial na Agência de Parques Nacionais para travar os caçadores furtivos. Além disso, Ali Bongo Ondimba anunciou que vai cooperar com o Ministério da Justiça para endurecer as penas e garantir que as pessoas envolvidas em crimes contra a vida selvagem sejam condenadas e mandadas para a prisão.
“Em termos econômicos, o desenvolvimento do turismo, que está a crescer, pede que preservemos a nossa fauna e flora”, disse o Presidente Ali Bongo Ondimba. “Aquilo que estamos a tentar fazer, além do valor simbólico, tem um verdadeiro valor de preservação econômica”, acrescentou. “É preciso traduzir o capital natural em receitas e transmiti-lo às gerações futuras.
“A incineração é importante, é um símbolo. Envia a mensagem de que o Gabão tem tolerância zero para com a caça e que não está interessado no comércio de marfim, mas sim em parar o massacre dos elefantes”, disse o director do programa Global Species da WWF, Carlos Drews. “O crime contra a fauna selvagem é um crime sério. O marfim vendido financia os grupos rebeldes e as guerras civis na África Central… Isso desestabiliza a sociedade. As vidas humanas estão em jogo” acrescentou, referindo-se aos guardas florestais que são assassinados.
O marfim vem de elefantes da floresta (mais pequenos do que os da savana) que só vivem na Bacia do rio Congo. “São uma espécie muito ameaçada de extinção e já desapareceram de algumas zonas por causa da caça ilegal.”
Segundo o director da Agência de Parques Nacionais, Lee White, “a África florestal perdeu 80% dos seus elefantes nos últimos 20 anos” e o Gabão, “com 13% da Bacia do Congo, tem mais de 50% dos elefantes de floresta”.
Fonte: Ecosfera

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