quarta-feira, 25 de abril de 2012

Índios do Tumucumaque denunciam garimpo clandestino e tráfico de animais


Eles habitam extensa área preservada no Parque Nacional das Montanhas do Tumucumaque, são povos milenares os Apalai, Wayana, Tiryió, Waiãpi, Katxuyana. Para eles, os limites entre os estados do Pará e do Amapá não passam de mera formalidade, tanto que os órgãos governamentais que os atendem – ou assim deveriam proceder, respeitam a ausência dessas fronteiras em sua jurisdição. Lideranças e caciques das etnias do Parque reuniram-se, no último sábado, com o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) para denunciar garimpo clandestino e tráfico de animais.
Além dessas ameaças constantes à segurança das aldeias, os índios relataram o estado de abandono no qual se encontram. Não há assistência em saúde, a educação é precária, a sobrevivência cada dia mais difícil e a cultura, bem, essa é a parte que mais dói nos velhos caciques. Atraídos pelo estilo de vida dos não índios, que inclui brega, cachaça e comida industrializada, os jovens das aldeias estão cada dia mais distantes de suas raízes, sua língua e seus costumes.
Cansados de ouvir promessas, os caciques foram enfáticos com sua pauta de reivindicações mediada pelas entidades que os representam como APIWA, APITU e CCPIAW. Querem centro hospitalar, escolas estruturadas, casa de amparo aos jovens que estudam na capital, capacitação em artesanato e fiscalização constante para combater o avanço dos garimpeiros e traficantes de animais em suas terras. Só não querem mais promessas mirabolantes e vazias.
Em 2011, seu primeiro ano de mandato, o senador Randolfe destinou recursos de emenda parlamentar da ordem de R$ 320 mil para projeto de inclusão digital na aldeia Bona, uma das maiores na área do Parque. Outros R$ 300 mil foram destinados para aparelhamento da Polícia Federal no Amapá. “Vamos continuar trabalhando passo a passo”, disse Randolfe. Em seguida agendou reunião com o superintendente em exercício da Polícia Federal, Adalton Martins.
Com a presença dos representantes indígenas, a reunião ocorreu na segunda-feira (23) na sede da PF em Macapá. A principal queixa é o garimpo ilegal facilitado por pistas de pouso clandestinas. Em fevereiro de 2010 a Polícia Federal explodiu três dessas pistas no Parque durante a Operação Torre de Controle. “A área é muito extensa e de difícil acesso. Precisamos de apoio da Força Aérea Brasileira que tem aeronaves com maior autonomia de voo”, explicou o delegado Adalton.
Segundo Kutanã e Arinawaré, lideranças Apalai, os garimpeiros fazem bases fora da reserva e entram pela mata para explorar o minério dentro da área de preservação. Orientados pelo delegado, farão um ofício comunicando que o problema persiste, para que a PF possa abrir investigação. Randolfe vai organizar uma audiência pública envolvendo Polícia Federal; Instituto Chico Mendes da Biodiversidade; Aeronáutica; FUNAI e Exército Brasileiro. “Precisamos atuar articulados. As necessidades dos povos da região são diversas e sua solução depende de diversos setores”, explicou.

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