Acontece no dia 28 de abril de 2012 a segunda edição da Manifestação Nacional contra a Vivissecção e a Experimentação Animal. Até o momento, foram listadas 47 cidades participantes, sendo que em 2011 apenas cinco capitais conseguiram mobilizar seus ativistas para a participação. No exterior, movimentos atrelados ao tema acontecerão também na Austrália (em Melbourne e Perth), em Portugal (Lisboa), no Reino Unido (Birmingham) e nos EUA (California).
A organização nacional do manifesto foi idealizada pelo grupo "CADEIA PARA QUEM MALTRATA OS ANIMAIS", sob coordenação de Norah André, com apoio da WEEAC (World Event to End Animal Cruelty). No exterior, quem encabeça a iniciativa é Dawn Groth. As organizações regionais foram lideradas por ativistas sensibilizados com a causa, que se voluntariaram para aderir ao projeto.
Em Campinas, o coordenador do evento é João Manoel Aguilera Júnior, que concedeu uma entrevista prévia exclusiva à equipe do portal Notícia Animal. Confira!
Notícia Animal - Qual a finalidade da manifestação programada para o dia 28/04?
João Manoel Aguilera Júnior - A II Manifestação Nacional Anti-Vivissecção ocorre neste ano, simultaneamente no dia 28/04 em 47 cidades do Brasil (e em algumas no exterior também) e tem como objetivo é focar a questão do uso de animais na educação e na pesquisa e mobilizar a opinião pública para a sociedade se conscientize que os testes em animais não são apenas prejudicais aos animais, mas também para os seres humanos, uma vez que as pesquisas em animais tem atrasado o desenvolvimento de fármacos e de formas de tratamento eficazes para a maioria das doenças que afetam hoje a humanidade. Testar em animais não é eficiente, pois os resultados da aplicação dos testes em animais muitas vezes são bem diferentes dos resultados apresentados em humanos.
Neste ano, o nosso tema central é "Indignação e Informação", na qual demonstraremos que a sociedade não tolera mais este abuso que é o uso de animais pela ciência, que a vivissecção (testes em animais) não passa de uma fraude científica e que os únicos beneficiados com estes testes são as indústrias farmacêuticas e de cosméticos, que querem lucrar e não estão verdadeiramente interessadas no bem estar humano.
Há lobbies milionários e verbas de pesquisa para que esta fraude científica (a vivissecção) continue ocorrendo. Observemos que a maioria das doenças se deve à falta de qualidade de vida e más condições de higiene e saneamento básico. Isto é que tem que ser melhorado.
A finalidade então desta manifestação é mostrar a nossa repulsa moral e ética diante das atrocidades sofridas pelos animais em laboratórios e faculdades de todo o Brasil: cães, gatos, porcos, macacos, ratos, coelhos, camundongos, etc. De um modo geral, nosso objetivo nesta manifestação é:
- promover a CORRETA informação científica a respeito do assunto;
- promover a necessidade de mais estudantes recorrerem à Objeção de Consciência, como forma de obrigar as faculdades a adequar seus métodos de ensino e pesquisa;
- promover o BOICOTE a produtos testados em animais;
- angariar apoio junto às autoridades brasileiras.
Notícia Animal - Existem alternativas para a vivissecção e para o uso de animais em experiências científicas?
João Manoel Aguilera Júnior - Existem métodos substitutivos ao uso de animais que são muito mais eficientes e baratos. Vou citar alguns:
- Modelos e simuladores mecânicos podem ser muito úteis ao estudo de anatomia, fisiologia e cirurgia;
- Simulação computadorizadas e realidade virtual: Recursos computadorizados podem ser altamente interativos e incorporar outros meios como gráficos de alta qualidade, filmes, e frequentemente CD-Roms;
- Filmes e vídeos interativos: Filmes são baratos, fáceis de obter, duradouros e fáceis de usar;
- Auto-experimentação: Estudantes de biologia e medicina de muitas universidades participam ativamente em práticas cuidadosamente supervisionadas onde eles são os animais experimentais para o estudo de fisiologia, bioquímica e outras áreas. Ingerindo substâncias como café ou açúcar, administrando drogas como diuréticos, e usando eletrodos externos para a mensuração de velocidade de sinais nervosos estão entre os muitos testes que podem ser aplicados em si mesmo ou nos colegas;
- Uso responsável de animais: Animais que morreram naturalmente, ou que sofreram eutanásia por motivos clínicos, ou que foram mortos em estradas, etc., são utilizados em algumas universidades para o estudo de anatomia e cirurgia;
-Experiências in vitro: Muitos procedimentos bioquímicos envolvendo tecido animal podem ser adequadamente experimentados em cultura de tecidos. Outros métodos in vitro, particularmente em toxicologia, podem ser utilizados micro-organismos, cultura de células, substituindo o uso de animais e oferecendo excelente preparação para profissões em pesquisas humanas.
Fonte: http://www.1rnet.org/
- Há ainda a possibilidade dos estudantes dos cursos de medicina, enfermagem, etc...observarem os procedimentos cirúrgicos nos hospitais e pronto-socorros sendo orientados pelos professores.
Notícia Animal - O manifesto acontecerá em diversos municípios brasileiros simultaneamente e em alguns no exterior também. Qual foi a motivação para incluir Campinas no contexto deste manifesto?
João Manoel Aguilera Júnior - Como em todas as cidades do Brasil, em Campinas ocorre este fenômeno muito interessante e promissor que é o crescimento do movimento em defesa da libertação animal. Em Campinas já é proibida a exploração de animais em circos e rodeios. O uso de animais em tração de carroças também é proibido em vias pavimentadas. Há uma tradição na cidade de preocupação com os direitos dos animais.
O uso de animais em experimentos é um tema que causa indignação na sociedade e a abolição da vivissecção é umas das próximas etapas a serem vencidas, e portanto os ativistas de Campinas não se omitirão. Se na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) temos um canil e um biotério onde animais são assassinados em nome da ciência, na mesma Universidade, temos um Instituto de Filosofia e Ciências Sociais que se interessa pelo estudo dos direitos dos animais e está sempre questionando as torpezas dos vivisseccionistas da Universidade.
No Congresso da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) ocorrido em 2008 na Unicamp houve um protesto contra os experimentos em animais. Neste Congresso houve uma série de conferências (de vivisseccionistas) com o tema “Experimentação com Animais de Laboratório”. O protesto dos ativistas teve tanta repercussão que naquele ano, o tema da redação do vestibular da Unicamp foi “A relação entre o homem e os animais”.
É importante então, que esta luta contra a vivissecção em Campinas continue.
Notícia Animal - A região de Campinas é reconhecida pelo seu potencial universitário. Há conhecimento do uso de animais em experimentos científicos na região?
João Manoel Aguilera Júnior - No momento a preocupação maior aqui em Campinas é o biotério e o canil do CEMIB (Centro Multidisciplinar para Investigação Biológica na Área da Ciência de Animais de Laboratório) da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) que fomenta a produção de ratos e camundongos. E o pior: este biotério da Unicamp está reformando e ampliando o canil, sendo que a Universidade está sinalizando assim que vai intensificar o uso de cães em pesquisa, indo na contramão da tendência mundial de se abolir o uso de animais em experimentos. Para esta reforma e ampliação do canil está sendo gasto R$ 636 mil, numa obra financiada pelo FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos) que é uma empresa pública vinculada ao MCT (Ministério da Ciência e Tecnologia), portanto um dinheiro público usado para a tortura de animais. A Unicamp não informa para a sociedade quantos cães vai matar, de onde os cães virão e para que experimentos macabros os cães serão usados.
Sobre este assunto vejam em http://www.ativismo.com/site/index.php?option=com_content&view=article&id=5210:unicamp-gasta-r-636-mil-para-reforma-e-ampliacao-do-canil-do-bioterio&catid=33:noticias-em-tempo-real&Itemid=89
Notícia Animal - Como você, que é organizador do evento em Campinas, se envolveu com este tema?
João Manoel Aguilera Júnior - Eu me sinto na obrigação moral de me engajar nesta causa contra a vivissecção porque por acaso e por um triz eu mesmo quase fui vítima desta enganação que são os testes em animais: a minha mãe quando estava grávida (ano 1960) tomava um medicamento chamado talidomida. Este remédio, como todos sabem, foi testado em animais e segundo os testes não apresentou problemas, mas em seres humanos a droga, quando consumida por gestantes: durante os 3 primeiros meses de gestação interfere na formação do feto. Felizmente nasci sem má formação, mas a história poderia ter sido diferente. Talvez a minha mãe tomou a droga depois dos 3 primeiros meses de gravidez.
Depois aos 18 anos, me senti muito incomodado quando tomei conhecimento da prática da vivissecção em Universidades e laboratórios. Há 12 anos estou no movimento em defesa dos animais, e, portanto me engajo em tudo que se liga ao tema: animais em circo, animais para consumo, rodeios, touradas, vaquejadas, touradas, indústria de filhotes, carroças, carrocinhas (CCZs) etc. e logicamente contra a vivissecção.
Notícia Animal - Qual o cronograma previsto para o dia 28? Haverá passeata após a concentração? Qual o percurso?
João Manoel Aguilera Júnior - Em Campinas a manifestação será na entrada principal da Lagoa do Parque Taquaral às 15 hs no sábado (dia 28). Estaremos com faixas e distribuindo panfletos contra a vivissecção. Não prevemos fazer uma passeata. Porém, se na hora o grupo decidir, poderemos caminhar com as faixas nas imediações em algum momento.
Foto: Arquivo Notícia Animal
fonte:noticiaanimal
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