Não importa o número de cães e gatos que um protetor de animais mantém sob seus cuidados. Os problemas enfrentados por quem trabalha sozinho ou tem o apoio de uma grande organização não governamental (ONG) são praticamente os mesmos: falta de recursos e de espaço, além da dificuldade para encontrar um novo lar para os bichos resgatados. E para não abandonar a causa, vale o improviso e a ajuda de voluntários.
A atuação dos protetores é apontada como fundamental para minimizar os problemas causados pelo abandono de cães e gatos, já que o Estado não dá conta de abrigar todos os bichos deixados nas ruas ou vítimas de maus-tratos.
“Acompanhamos o trabalho de uma grande quantidade de ONGs que patrocinam a comida e a estadia de animais abandonados, para que não pereçam e causem um problema maior de saúde pública. Elas são extremamente importantes”, diz a advogada Thaís Leonel, secretária-geral da Comissão de Sustentabilidade e Meio Ambiente da OAB-SP.
Nem o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) nem as ONGs têm espaço suficiente para abrigar todos os animais abandonados ou vítimas de maus-tratos. O jeito é recorrer à casa de voluntários e amigos, pagar canis e gatis particulares e procurar hotéis exclusivos para animais.
Para cobrir os gastos com oito canis particulares, a médica Patrícia de Arruda Cancellara, de 41 anos, criadora da entidade Pitcão, que atua no resgate de pit bulls, precisa de quatro empregos. “Já resgatamos mais de 500 bichos, e vê-los recuperados e vivendo bem com uma nova família não tem preço”, alega. A solução encontrada pela ONG Adote um Gatinho foi criar uma rede de voluntários dispostos a receber os gatos temporariamente em suas casas. “Dos nossos 450 gatos, 120 estão em um abrigo na Barra Funda e 330 ficam nas casas de 50 voluntários”, disse Susan Yamamoto, presidente da organização Adote um Gatinho.
A paixão pelos animais levou Angélica Chantren Palharini, de 48 anos, a largar a carreira de produtora de uma dupla sertaneja para montar um serviço de táxi dog. Há quatro anos, Angélica cobra para transportar animais até o veterinário, por exemplo, e atende a chamados de vizinhos preocupados com cachorros abandonados no bairro. Para a tarefa, seu marido, Aírton Diniz Lourenço, de 44 anos, confeccionou uma armadilha para cães – que não machuca os animais. “Se olhar minhas fotos de criança, sempre tem um bichinho. É um caso de amor. Minha felicidade é poder ajudar os animais”, diz Angélica.
Para driblar a dificuldade de adoção, protetores recorrem à internet, compartilhando fotos de cães e gatos por e-mails, em blogs e no Facebook. Já a falta de verba é mais difícil de ser resolvida. Além das doações em dinheiro, as entidades podem recorrer à Justiça para conseguir o dinheiro da transição penal de processos de acusados de maus-tratos. “Pode-se entrar com uma liminar pendido ao juiz do caso para que o réu da ação arque com as despesas durante o processo”, diz a promotora Vânia Tuglio, do Ministério Público.
Membro de um grupo de combate a crimes ambientais, ela diz que uma de suas prioridades é repassar às ONGs as multas pagas por quem é condenado por maus-tratos. Segundo ela, trata-se de uma obrigação prevista na lei que não vinha sendo cumprida.
“A verba das ações envolvendo maus-tratos devem, obrigatoriamente, ser repassadas a instituições da área de proteção animal ou ambiental, não a hospitais ou afins, como vinha ocorrendo”, diz a promotora.
“A verba das ações envolvendo maus-tratos devem, obrigatoriamente, ser repassadas a instituições da área de proteção animal ou ambiental, não a hospitais ou afins, como vinha ocorrendo”, diz a promotora.
Fonte: Estadão
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