Por Lobo Pasolini e Noelia Gigli (da Redação – EUA)
Sob o slogan de “abolição das touradas”, os manifestantes se reuniram dia 1º de outubro perto do Teatro de la Zarzuela, em Madri, onde Blancanieves foi projetado com música ao vivo composta por Alfonso de Vilallonga.
O advogado da plataforma “La Tortura no es cultura”, Blake Sanz, disse à Agência Efe que já apresentou uma queixa aos tribunais por violação de leis de proteção animal.
No entanto, o produtor do filme se negou a recebê-lo, e negou qualquer tipo de abuso, alegando que as sequências filmadas com os touros foram feitas sob a supervisão de veterinários.
Gritando “tortura não é arte ou cultura” e “os direitos dos animais”, os manifestantes pacificamente receberam convidados para a exibição de “Branca de Neve”, entre os quais o ministro da Educação, cultura e Desporto José Ignacio Wert.
Também estava presente o diretor do filme, Paul Berger, acompanhado dos atores Maribel Verdú, que interpreta a madrasta malvada, Inma Cuesta e Garcia Macarena.
“Branca de Neve” é o filme candidato para representar a Espanha na próxima edição do Oscar.
Segundo um relato do Blog Veterinario, nove animais foram assassinados durante a filmagem.
Leia o relato extraído do Blog Veterinário e traduzido para o português:
Sr. Berger, onde estão os nove touros?
O filme “Branca de Neve”, dirigido por Pablo Berger, vai representar a Espanha como candidato ao Oscar de Hollywood, já tendo sido premiada no Festival de Cinema de San Sebastián, com o Premio Especial do Júri.
Em junho de 2011, a Plataforma A Tortura não é Cultura recebeu um testemunho telefônico de uma vizinha de Aranjuez: junto à praça da Villa, estava uma caminhão com “carne de touro de tourada” e da praça taurina saíam cadáveres que eram carregados para dentro de tal caminhão. Até aí, nada de tão estranho nessa cena que se repete inúmeras vezes em várias cidades da Espanha. No entanto, desta vez, havia sim algo de estranho: essa imagem dantesca coincidia com a rodagem de um filme.
Todo mundo sabe que, quando se roda um filme que contém cenas com animais, nos créditos do mesmo, aparece uma mensagem na qual se esclarece que nenhum deles sofreu danos durante a filmagem e que, inclusive, as tais cenas são de ficção.
A pergunta que não quer calar é: como é possível que, durante a rodagem de um filme, touros de tourada estejam sendo assassinados, sendo que existem leis que proíbem tais práticas? Existem leis que explicitam que nenhum animal pode sofrer maltrato, crueldade ou sofrimento se for utilizado para a filmagem de cenas para o cinema ou televisão.
Logo, o que restava para tentar esclarecer tais fatos era contatar os órgãos que pudessem ter alguma relação com a concessão das autorizações para filmagem em uma praça de touros, neste caso a de Aranjuez.
Na ocasião, entrou-se em contato com a Direção de Meio Ambiente Área de Proteção Animal da Comunidade de Madrid, Prefeitura de Aranjuez, Colégio Oficial de Veterinários de Madrid e praça de touros de Aranjuez, além da Área de Espetáculos Taurinos do Ministério de Presidência da CAM.
A Direção de Meio Ambiente, órgão que deveria ter em seu poder o expediente dos fatos e cuja entrega tínhamos solicitado, não se manifestou. A Prefeitura de Aranjuez e os responsáveis pela praça nos informaram que, nos dias 27 e 28 de junho de 2011, duas touradas, a portas fechadas, estavam autorizadas na praça taurina da cidade. Essa circunstância ficou comprovada com uma nota que recebemos do Colégio Oficial de Veterinários de Madrid, na qual está constada a presença dos veterinários designados e na qual se afirma que nas touradas “não se refletem incidências dignas de resenhar”. A Área de Espetáculos Taurinos da CAM nos comunicou que NÃO autorizara a realização de nenhuma celebração taurina relativo à filmagem.
Utilizando, por tanto, o raciocínio lógico, chegamos à conclusão de que, as cenas do filme “Branca de Neve”, relativas às touradas, foram rodadas aproveitando as licenças de duas touradas a portas fechadas na praça de touros de Aranjuez. No entanto, é estranho que, no site do filme, o diretor afirme que as filmagens começaram em agosto de 2011, quando os fatos relatados aconteceram em junho; e, mais estranho ainda é que não houve nenhuma licença para qualquer celebração taurina relacionada à rodagem do filme.
Sabe-se que, nas touradas a portas fechadas, é legal matar touros, como reconhecido no Regulamento de Espetáculos Taurinos, mas não o é durante a rodagem de filmes. Logo, nos perguntamos: o que o Sr. Berger, diretor do filme “Branca de Neve”, fez foi legal? Nós consideramos que não; já que a Direção do Meio Ambiente Área de Proteção Animal da Comunidade de Madrid não se manifestou a respeito das nossas petições, nas quais solicitávamos que abrisse um expediente que refletisse as circunstâncias nas que as touradas a portas fechadas foram celebradas, foi apresentado um RECURSO, que foi admitido a trâmite e, através do qual, é solicitado à CAM tal expediente.
Devemos supor que, nos relatórios dos veterinários presentes na praça de Aranjuez, ficará comprovado como saíram os nove touros utilizados no filme (este número foi entregue à imprensa pelo produtor do filme), as circunstâncias da tourada (se houve varas e bandeiradas), além de como e onde os animais foram sacrificados, que, como parece ser, foram arrastados.
Em suma, se o diretor do filme e a produtora infringiram a Lei 1/1990, de 1 de fevereiro de Proteção aos Animais Domésticos (que ninguém duvide que o touro de tourada o é e, assim, é reconhecido pela União de Criadores de Touro de Tourada), que considera infração MUITO GRAVE “a filmagem de cenas com animais para cinema e televisão que impliquem crueldade, maltrato ou sofrimento, quando não simulados (Artigo 24.3.g) e presumivelmente a Lei 32/2007 de 7 de novembro para o cuidado dos animais em sua exploração, transporte, uso e SACRIFICIO, que considera infração MUITO GRAVE, “utilizar animais em produções cinematográficas, televisivas, artísticas ou publicitárias, INCLUSIVE COM AUTORIZACAO da autoridade competente, QUANDO OCORRIDA A MORTE DOS MESMOS” (Artigo 14.1.d)
Se lermos com atenção os parágrafos de tais leis, concluímos que tentaram encobrir os fatos e que o Sr. Berger acredita, como declarou para a imprensa, que não descumpriu nenhuma delas. Sobre a Lei de 2007, e segundo a declaração de uma pessoa que diz ter trabalhado durante a filmagem, as mortes não foram gravadas para o filme, mas mortos nos chiqueiros da praça.
Resulta hilariante que o Sr. Berger e o produtor tenham desmentido qualquer tipo de maltrato, já que as sequências gravadas com os touros “estão sob a estrita supervisão veterinária”.
Vejam vocês, os veterinários dos espetáculos taurinos não estão ali para salvar as vidas dos touros, nem para evitar o maltrato ou o sofrimento, mas para dar fé de que o maltrato tenha ocorrido de acordo às regras; ou seja, para legalizar o sofrimento preenchendo os documentos que esclarecerão o que aconteceu na praça de touros de Aranjuez. É isso o que queremos e o que vamos pedir judicialmente. Queremos saber se os nove touros morreram para que o Sr. Berger realizasse seus sonhos de diretor, podendo ter feito uso da ficção para recriar essas imagens, independentemente de que aconteceu. Falamos de ética, neste caso a cinematográfica.
No dia 1º de outubro de 2012, nos concentramos em frente ao teatro La Zarzuela de Madrid, para explicar aos que assistiram à apresentação do filme o que está por trás dele, e dou fé que o público entrou à sala suficientemente informado.
fonte: anda
Sob o slogan de “abolição das touradas”, os manifestantes se reuniram dia 1º de outubro perto do Teatro de la Zarzuela, em Madri, onde Blancanieves foi projetado com música ao vivo composta por Alfonso de Vilallonga.
O advogado da plataforma “La Tortura no es cultura”, Blake Sanz, disse à Agência Efe que já apresentou uma queixa aos tribunais por violação de leis de proteção animal.
No entanto, o produtor do filme se negou a recebê-lo, e negou qualquer tipo de abuso, alegando que as sequências filmadas com os touros foram feitas sob a supervisão de veterinários.
Gritando “tortura não é arte ou cultura” e “os direitos dos animais”, os manifestantes pacificamente receberam convidados para a exibição de “Branca de Neve”, entre os quais o ministro da Educação, cultura e Desporto José Ignacio Wert.
Também estava presente o diretor do filme, Paul Berger, acompanhado dos atores Maribel Verdú, que interpreta a madrasta malvada, Inma Cuesta e Garcia Macarena.
“Branca de Neve” é o filme candidato para representar a Espanha na próxima edição do Oscar.
Segundo um relato do Blog Veterinario, nove animais foram assassinados durante a filmagem.
Leia o relato extraído do Blog Veterinário e traduzido para o português:
Sr. Berger, onde estão os nove touros?
O filme “Branca de Neve”, dirigido por Pablo Berger, vai representar a Espanha como candidato ao Oscar de Hollywood, já tendo sido premiada no Festival de Cinema de San Sebastián, com o Premio Especial do Júri.
Em junho de 2011, a Plataforma A Tortura não é Cultura recebeu um testemunho telefônico de uma vizinha de Aranjuez: junto à praça da Villa, estava uma caminhão com “carne de touro de tourada” e da praça taurina saíam cadáveres que eram carregados para dentro de tal caminhão. Até aí, nada de tão estranho nessa cena que se repete inúmeras vezes em várias cidades da Espanha. No entanto, desta vez, havia sim algo de estranho: essa imagem dantesca coincidia com a rodagem de um filme.
Todo mundo sabe que, quando se roda um filme que contém cenas com animais, nos créditos do mesmo, aparece uma mensagem na qual se esclarece que nenhum deles sofreu danos durante a filmagem e que, inclusive, as tais cenas são de ficção.
A pergunta que não quer calar é: como é possível que, durante a rodagem de um filme, touros de tourada estejam sendo assassinados, sendo que existem leis que proíbem tais práticas? Existem leis que explicitam que nenhum animal pode sofrer maltrato, crueldade ou sofrimento se for utilizado para a filmagem de cenas para o cinema ou televisão.
Logo, o que restava para tentar esclarecer tais fatos era contatar os órgãos que pudessem ter alguma relação com a concessão das autorizações para filmagem em uma praça de touros, neste caso a de Aranjuez.
Na ocasião, entrou-se em contato com a Direção de Meio Ambiente Área de Proteção Animal da Comunidade de Madrid, Prefeitura de Aranjuez, Colégio Oficial de Veterinários de Madrid e praça de touros de Aranjuez, além da Área de Espetáculos Taurinos do Ministério de Presidência da CAM.
A Direção de Meio Ambiente, órgão que deveria ter em seu poder o expediente dos fatos e cuja entrega tínhamos solicitado, não se manifestou. A Prefeitura de Aranjuez e os responsáveis pela praça nos informaram que, nos dias 27 e 28 de junho de 2011, duas touradas, a portas fechadas, estavam autorizadas na praça taurina da cidade. Essa circunstância ficou comprovada com uma nota que recebemos do Colégio Oficial de Veterinários de Madrid, na qual está constada a presença dos veterinários designados e na qual se afirma que nas touradas “não se refletem incidências dignas de resenhar”. A Área de Espetáculos Taurinos da CAM nos comunicou que NÃO autorizara a realização de nenhuma celebração taurina relativo à filmagem.
Utilizando, por tanto, o raciocínio lógico, chegamos à conclusão de que, as cenas do filme “Branca de Neve”, relativas às touradas, foram rodadas aproveitando as licenças de duas touradas a portas fechadas na praça de touros de Aranjuez. No entanto, é estranho que, no site do filme, o diretor afirme que as filmagens começaram em agosto de 2011, quando os fatos relatados aconteceram em junho; e, mais estranho ainda é que não houve nenhuma licença para qualquer celebração taurina relacionada à rodagem do filme.
Sabe-se que, nas touradas a portas fechadas, é legal matar touros, como reconhecido no Regulamento de Espetáculos Taurinos, mas não o é durante a rodagem de filmes. Logo, nos perguntamos: o que o Sr. Berger, diretor do filme “Branca de Neve”, fez foi legal? Nós consideramos que não; já que a Direção do Meio Ambiente Área de Proteção Animal da Comunidade de Madrid não se manifestou a respeito das nossas petições, nas quais solicitávamos que abrisse um expediente que refletisse as circunstâncias nas que as touradas a portas fechadas foram celebradas, foi apresentado um RECURSO, que foi admitido a trâmite e, através do qual, é solicitado à CAM tal expediente.
Devemos supor que, nos relatórios dos veterinários presentes na praça de Aranjuez, ficará comprovado como saíram os nove touros utilizados no filme (este número foi entregue à imprensa pelo produtor do filme), as circunstâncias da tourada (se houve varas e bandeiradas), além de como e onde os animais foram sacrificados, que, como parece ser, foram arrastados.
Em suma, se o diretor do filme e a produtora infringiram a Lei 1/1990, de 1 de fevereiro de Proteção aos Animais Domésticos (que ninguém duvide que o touro de tourada o é e, assim, é reconhecido pela União de Criadores de Touro de Tourada), que considera infração MUITO GRAVE “a filmagem de cenas com animais para cinema e televisão que impliquem crueldade, maltrato ou sofrimento, quando não simulados (Artigo 24.3.g) e presumivelmente a Lei 32/2007 de 7 de novembro para o cuidado dos animais em sua exploração, transporte, uso e SACRIFICIO, que considera infração MUITO GRAVE, “utilizar animais em produções cinematográficas, televisivas, artísticas ou publicitárias, INCLUSIVE COM AUTORIZACAO da autoridade competente, QUANDO OCORRIDA A MORTE DOS MESMOS” (Artigo 14.1.d)
Se lermos com atenção os parágrafos de tais leis, concluímos que tentaram encobrir os fatos e que o Sr. Berger acredita, como declarou para a imprensa, que não descumpriu nenhuma delas. Sobre a Lei de 2007, e segundo a declaração de uma pessoa que diz ter trabalhado durante a filmagem, as mortes não foram gravadas para o filme, mas mortos nos chiqueiros da praça.
Resulta hilariante que o Sr. Berger e o produtor tenham desmentido qualquer tipo de maltrato, já que as sequências gravadas com os touros “estão sob a estrita supervisão veterinária”.
Vejam vocês, os veterinários dos espetáculos taurinos não estão ali para salvar as vidas dos touros, nem para evitar o maltrato ou o sofrimento, mas para dar fé de que o maltrato tenha ocorrido de acordo às regras; ou seja, para legalizar o sofrimento preenchendo os documentos que esclarecerão o que aconteceu na praça de touros de Aranjuez. É isso o que queremos e o que vamos pedir judicialmente. Queremos saber se os nove touros morreram para que o Sr. Berger realizasse seus sonhos de diretor, podendo ter feito uso da ficção para recriar essas imagens, independentemente de que aconteceu. Falamos de ética, neste caso a cinematográfica.
No dia 1º de outubro de 2012, nos concentramos em frente ao teatro La Zarzuela de Madrid, para explicar aos que assistiram à apresentação do filme o que está por trás dele, e dou fé que o público entrou à sala suficientemente informado.
fonte: anda
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