Foram cumpridos 16 mandados de prisão em oito estados e mais o DF.
Polícia afirma que grupo poderia ter traficado até 60 mil animais por ano.
A Operaçao Estalo, deflagrada pela Polícia Federal (PF) nesta segunda-feira (2), cumpriu 20 mandados de prisão preventiva, dois temporários, sete conduções coercitivas e 30 de busca e apreensão em oito estados da federação, além do Distrito Federal. Cinco mandados ainda estão em aberto. Duas pessoas foram presas em flagrante em Minas Gerais e Santa Catarina. As investigações, que começaram em Pernambuco em fevereiro de 2011, desarticularam parte de uma quadrilha que atuava traficando aves silvestres e exóticas.
O assunto chamou a atenção da PF no estado ainda no final de 2010, quando cerca de 120 canários foram encontrados mortos em um terreno baldio no bairro de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife. Após as investigações, ficou comprovado que as aves pertenciam a um traficante natural de Mato Grosso. A partir daí, a Operação Estalo ainda identificou a atuação da quadrilha em Santa Catarina, Distrito Federal, Ceará, Mato Grosso do Sul, Amazonas, Roraima, São Paulo e Minas Gerais.
As investigações foram comandadas pela Delegacia de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente. Todos os mandados foram expedidos por Pernambuco. No estado, foram cumpridos dois mandados de prisão preventiva, seis de busca e apreensão e duas conduções coercitivas. Os grupos, que traficavam animais em quatro rotas, sendo duas internacionais, agiam de maneira interligada. "Através de pesquisa em bancos de dados, conseguimos identificar grande quantidade da apreensão - mais de mil aves - feita pela PRF, pelas polícias dos estados. Não havia um trabalho de inteligência para evitar que isso acontecesse", contou Adriana Albuquerque Vasconcelos, chefe da delegacia que comandou a operação. Dos presos, quatro foram detidos no Distrito Federal, em Vicente Pires. Com essas pessoas do DF foram encontrados 400 canários exóticos apreendidos. "A operação visa reprimir o contrabando desses animais, mais precisamente canários, da Venezuela e Peru, que eram distribuídos no país para fomentar a prática de rinha. Conseguimos atuar para reprimir esse tipo de crime no país. A gente estima que, só no ano passado, a quadrilha poderia ter traficado até 60 mil animais por ano", falou Marlon Jefferson de Almeida, superintendente da PF em Pernambuco.
Os canários vinham, principalmente do Peru e da Venezuela, por duas rotas internacionais distintas. Na primeira, os pássaros seguiam pela Bolívia e entravam no Brasil pela cidade de Corumbá, no Mato Grosso do Sul, onde um policial civil facilitava a entrada. De lá, eram transportadas até São Paulo, onde eram encaminhadas para os principais centro distribuidores, como Minas Gerais e Distrito Federal. Na segunda rota, as aves entravam pela fronteira do Amazonas e Roraima e seguiam até o Ceará, onde eram distribuídas. A cada 700 aves transportadas pelas quadrilhas, 150 chegavam mortas.
"Esse animais exóticos são maiores, por isso o interesse. Inclusive há uma lei que proíbe a entrada desses animas no país, porque eles poderiam dizimar nossas espécies nativas, que são menores", falou Adriana Vasconcelos. As aves eram adquiridas pelos grupos por cerca de R$ 12 e eram vendidas até por R$ 300. Quando os canários começavam a ganhar experiência nas rinhas, valiam até R$ 100 mil.
Durante mais de um ano de investigação da Operação Estalo, segundo a PF, cerca de dois mil pássaros foram apreendidos em aeroportos e rodovias. "As ações eram discretas, sem chamar atenção para não atrapalhar o andamento", revelou Adriana. Ainda de acordo com a PF, todos os indiciados já tinham recebido multas do Ibama, que chegariam, juntas, a um valor aproximado de R$ 30 milhões. Ao todo, a ação visa cumprir 20 mandados de prisão preventiva, dois temporários, sete conduções coercitivas e 37 mandados de busca e apreensão.
"Isso [multas] demonstra a reiteração contínua da atividade criminosa. Demonstra que eles vêm explorando a atividade por muitos anos e não tinham intenção de parar. Por isso, os mandados de prisão. Acreditamos que se eles não fossem presos, continuariam cometendo o crime", revelou Adriana Vasconcelos. Os suspeitos serão autuados pelos crimes de formação de quadrilha, receptação qualificada, falsificação de selo, tráfico de animais silvestres, maus tratos e contrabando. As aves serão levadas para o Ibama para serem reintroduzidas, posteriormente, ao habitat natural.
G1
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