Há oito espécies novas de aranhas descobertas na Deserta Grande. Ao todo, estão identificadas 43 espécies, quatro vezes mais do que as 11 espécies que a ciência, até agora, conhecia.
A revelação foi feita esta manhã numa conferência de imprensa na Secretaria Regional dos Ambiente e Recursos Humanos.
Na conferência convocada para divulgar o ‘Plano de monitorização dos artrópodes das ilhas Desertas’ esteve presente o diretor regional do Ambiente, João Correia.
O projeto foi desenvolvido durante dois anos por uma equipa de investigação liderada pelo investigador da universidade dos Açores, Pedro Cardoso no âmbito do projecto SOST-MAC (programa PCT-MAC).
Trata-se de um projeto de cooperação e sinergias em ações sustentáveis promovidas nos espaços naturais protegidos da Macaronésia, orçado em mais de 731 mil euros, e que contemplou a Madeira com 95.500 euros.
O projeto tem a duração de três anos (Maio 2009 a Maio de 2012) e foi co-financiado a 85% por verbas comunitárias. Para além dos trabalhos científicos prevê outras acções como a feitura de um portal na internet, o desenho da rede de percursos pedrestes da Deserta Grande, a dotação de um dos percursos de sinalética homologada pela Federação de Campismo e Montanhismo e a recuperação e valorização de áreas, espaços e percursos da Deserta Grande.
Entre as oito novas espécies de aranhas identificadas por Pedro Cardoso e Luís Crespo há uma do género ‘Lathys’, duas ‘Hahnia’, uma ‘Typhochrestus’ e quatro da espécie ‘Dysdera’.
Os trabalhos tiveram como objectivo principal efectuar uma avaliação do estado de conservação da ‘Tarântula das Desertas’ (Hogna ingens), espécie endémica exclusiva da Deserta Grande e cujo área de distribuição tem diminuído ao longo dos anos.
Para o trabalho de campo muito contribuiu o vigilante da natureza do Parque Natural da Madeira (PNM), Isamberto Silva.
As aranhas povoam sobretudo a parte norte da Deserta Grande numa zona conhecida pelo Vale da Castanheira. O ideal é a atribuição de um estatuto de conservação das espécies aracnídeas uma vez que alguns exemplares estão a ser comprometidos por uma planta invasora que cobre as zonas das rochas onde as aranhas se escondem.
Pedro Cardoso é um reconhecido especialista em artrópodes (grupo dos aracnídeos), responsável pela publicação de mais de 70 artigos científicos sobre a temática. Agora fica também ligado às Desertas cujas espécies mais populares e mais sobejamente conhecidas são o lobo marinho e a freira do bugio.
A Direção Regional do Ambiente (DRA) admite que o percurso de reconhecimento das aranhas possa ser aproveitado, futuramente, para visitas de estudo às Desertas por parte de escolas.
O conhecimento agora tornado público servirá também para enriquecer o núcleo museológico da Deserta Grande.
Está também prevista no projecto a recuperação da casa que existe no vale da Castanheira.
Fonte: dnoticias
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