Para obter lucros, guias turísticos inescrupulosos têm explorado tribos em áreas isoladas da Índia e do Peru como ‘atrações de zoológico’
POR JOÃO RICARDO GONÇALVES
Rio - O dicionário define a expressão ‘safári’ como ‘expedição para caça ou exploração’. Por isso, quando se imagina uma dessas viagens, sempre se pensa na exploração de animais. A ONG britânica ‘Survival International’, entretanto, está lutando para acabar com os safáris humanos em tribos indígenas. Agentes de turismo inescrupulosos e até policiais têm lucrado com a exibição de nativos que vivem em reservas de acesso restrito.
Os esquemas já foram detectados em dois lugares: nas Ilhas Andamão, na Índia, e em áreas isoladas do Peru. Segundo a ‘Survival International’, na Índia o escândalo envolve o uso pelos turistas de uma estrada ilegal para entrar na reserva da tribo Jarawa.
Os esquemas já foram detectados em dois lugares: nas Ilhas Andamão, na Índia, e em áreas isoladas do Peru. Segundo a ‘Survival International’, na Índia o escândalo envolve o uso pelos turistas de uma estrada ilegal para entrar na reserva da tribo Jarawa.
Entre os nativos mais isolados do mundo, os Mascho-Piro, do Peru, só foram fotografados recentemente | Foto: Reprodução Internet
Agências de turismo e motoristas de táxi atraem os Jarawa com biscoitos e guloseimas. Foi descoberto inclusive um vídeo com mulheres Jarawa sendo orientadas a dançar para turistas por um oficial de polícia, que teria aceitado suborno equivalente a R$ 550 para levá-los até a reserva. “Os Jarawa não são animais de circo que devem entreter um público”, disse o diretor da ‘Survival International’, Stephen Corry.
No mês passado, foram descobertas expedições para levar turistas no Peru para tentar avistar os Mashco-Piro, que vivem no Parque Nacional de Manú. A tribo é uma das 100 mais isoladas do mundo. Turistas têm sido levados de barco em rios da região para tentar avistar os Mashco-Piro.
DOENÇAS PODEM SE ESPALHAR
Especialistas consideram o contato com a civilização danoso às tribos isoladas, entre outros motivos porque a imunidade dos nativos é baixa, e eles podem contrair doenças. Aprática também é perigosa para turistas: em janeiro, um dos poucos guias que levavam aos Maschco-Piro foi encontrado morto com uma flecha.
Autoridades cientes da situação
Autoridades indianas receberam da ONG relatórios sobre a existência dos safáris humanos nas Ilhas Andamão ainda em 2010, após as primeiras denúncias, mas o problema persiste. A ‘Survival International’ tenta, agora, liderar um boicote entre turistas ocidentais na estrada que leva a reserva.
No Peru, o isolamento dos Mashco-Piro está cada vez mais ameaçado: madeireiras ilegais e os projetos de extração de gás e petróleo na área os têm forçado a deslocarem-se do interior das florestas às margens dos rios, onde são mais visíveis aos barcos.
No mês passado, foram descobertas expedições para levar turistas no Peru para tentar avistar os Mashco-Piro, que vivem no Parque Nacional de Manú. A tribo é uma das 100 mais isoladas do mundo. Turistas têm sido levados de barco em rios da região para tentar avistar os Mashco-Piro.
DOENÇAS PODEM SE ESPALHAR
Autoridades cientes da situação
Autoridades indianas receberam da ONG relatórios sobre a existência dos safáris humanos nas Ilhas Andamão ainda em 2010, após as primeiras denúncias, mas o problema persiste. A ‘Survival International’ tenta, agora, liderar um boicote entre turistas ocidentais na estrada que leva a reserva.
No Peru, o isolamento dos Mashco-Piro está cada vez mais ameaçado: madeireiras ilegais e os projetos de extração de gás e petróleo na área os têm forçado a deslocarem-se do interior das florestas às margens dos rios, onde são mais visíveis aos barcos.
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