quinta-feira, 14 de junho de 2012

Menina que calou o mundo na Rio-92 está pessimista


Severn Suzuki se diz envergonhada com a falta de avanço nas questões ambientais nos últimos anos



Há 20 anos, em 1992, a jovem canadense Severn Cullis-Suzuki, então com 12 anos, assombrou o mundo com um discurso de seis minutos na Rio-92, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento. “…Ao vir aqui hoje, não preciso disfarçar meu objetivo. Estou lutando pelo meu futuro. Não ter garantia quanto ao meu futuro não é o mesmo que perder uma eleição ou alguns pontos na bolsa de valores. Estou aqui para falar em nome das gerações que estão por vir. Estou aqui para defender as crianças cujos apelos não são ouvidos. Estou aqui para falar em nome dos incontáveis animais morrendo em todo o planeta porque não tem mais para onde ir… Se não sabem arrumá-lo, parem de estragá-lo…”, afirmou ela no discurso aos embaixadores e chefes de Estado.

Veja a cobertura completa da Rio+20 
As palavras levaram diversos delegados da ONU às lágrimas e fizeram da jovem Severn uma celebridade ambiental.


Vinte anos depois, às vésperas da Rio+20, Severn, hoje com 32 anos e mãe de dois filhos, continua seu trabalho como ativista ambiental. Em uma entrevista recente, para o WeCanada -- grupo que luta para que o desenvolvimento sustentável seja uma prioridade para o governo canadense e para a comunidade internacional -- ela afirmou que “há 20 anos lutei pelo meu futuro. Agora estou lutando pelo do meu filho”.
A ativista, porém, não tapa o sol com a peneira. No TEDxRio+20, um dos eventos paralelos à conferência Rio+20, ela afirmou em videoconferência que “há 20 anos estava orgulhosa de chamar a atenção, mas hoje me sinto envergonhada. O que aconteceu nesse tempo? Nada. Não chegamos nem perto da sociedade que precisamos".
A insatisfação com os avanços ambientais tem sido uma constante nos discursos de Severn nos últimos anos. Em uma palestra dada em 2008 na Universidade de British Columbia (Canadá), ela afirmou que o que mais a surpreende ao ver em vídeo seu discurso de 1992 é que “uma pessoa de 12 anos poderia fazer exatamente o mesmo discurso hoje”.

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No evento Conferência Global em Evian, na França, ocorrido em 2011, ela seguiu a mesma linha de raciocínio. “Temos de nos perguntar...Por que as coisas não estão mudando...Hoje vivemos em um mundo em que você coloca seu lixo no lixo, ele desparece, você não tem mais de pensar sobre ele novamente e não vê as consequências do seus atos....Precisamos de um sistema de valores que conecte causa e efeito”, afirmou ela.
Atualmente Severn, que é formada em ecologia e biologia evolucionista pela Universidade de Yale, nos Estados Unidos, mora no Canadá com o marido e os filhos. Para ela, a melhor forma de fazer a mudança é dar o exemplo, é cada um aceitar a responsabilidade individual pela mudança e fazer escolhas sustentáveis.
O maior responsável por isto não acontecer, segundo ela, é o foco excessivo da agenda política na chamada economia verde. “Nós temos um contínuo declínio do ecossistema,", explicou ela durante a videoconferência no TEDxRio+20. E completou: “Temos que achar soluções e resolvermos por nós mesmos. Estou falando do engajamento dos cidadãos”.

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