Alex, leão que, por ser castrado, não tem juba, descansa no Rancho dos Gnomos, santuário de Cotia
NATÁLIA CANCIAN
RAPHAEL VELEDA
DE SÃO PAULO
As irmãs Biná e Hera, 15, têm um lar. Em 2003, as leoas foram deixadas em uma jaula em praça de Sumaré (118 km de São Paulo). Tinham queimaduras e lesões. Após negociações com órgãos ambientais, foram para um santuário ecológico em Cotia (Grande São Paulo).
Outros animais não tiveram a mesma sorte. Entidades que defendem os bichos estimam haver cerca de cem leões e 20 ursos no país à espera de abrigo definitivo -a maioria originária de circos.
Muitos ficam provisoriamente nesses locais ou em espaços adaptados. O problema também afeta animais exóticos e silvestres abandonados ou apreendidos após denúncias de maus-tratos.
Em 2008, havia 150 leões abandonados no país, segundo o Ibama. Dois anos antes, eram apenas 68. O órgão não tem números atuais.
Achados em jaulas deixadas em estradas ou apreendidos por ordem judicial, os animais vão para centros de triagem ou zoológicos, em espaços isolados do público.
"Eles chegam sem garras, queimados, com feridas abertas e infecções", conta Silvia Pompeu, do santuário Rancho dos Gnomos.
O presidente da Arca Brasil, Marco Ciampi, diz que a população está mais atenta e tende a denunciar os casos.
Segundo ele, a proibição de animais nos circos influencia esse processo -por um lado, força os circos a deixarem de usá-los; por outro, cria a necessidade de remanejá-los para outros locais.
O microbiologista Pedro Ynterian, 71, presidente do Great Ape Project, ONG que cuida de 300 animais, diz que o poder público não tem onde colocá-los. "Há pelo menos 20 ursos em circos, que têm vontade de entregá-los, já que não podem mais exibi-los. Mas o Ibama não tem para onde levá-los."
Para Ynterian, os zoológicos não são adequados. "Os animais desenvolvem problemas psicológicos por causa do assédio do público ou ficam em aposentos separados, ainda menores que os espaços de exposição."
Hoje, dos 111 zoos no país, 77 estão em situação irregular, segundo o Ibama. Entre os problemas encontrados estão más condições de infraestrutura, pendências documentais e falta de identificação dos bichos. Há também registros de falta de segurança e crimes ambientais, como tráfico de animais.
Segundo o presidente da Sociedade de Zoológicos Brasileiros, Luiz Pires, a maioria enfrenta dificuldades financeiras e não tem condições de receber mais animais.
O Ibama afirma que a falta de vagas para bichos abandonados é sazonal e ocorre quando há grandes apreensões. Enquanto não se tem um destino certo, eles ficam em centros de triagem.
Os últimos dados de entrada de animais nesses centros são de 2009 -18.676 casos.
SANTUÁRIO
Cinco quilos de carne por dia. Uma área de 1.400 m2 de vegetação. E até um deque de madeira construído em cima de pedras. Esse é o cenário de um santuário ecológico de Cotia, onde vivem 11 leões que foram abandonados.
O local, chamado de Rancho dos Gnomos, é administrado por uma entidade sem fins lucrativos e abriga cerca de 300 animais, principalmente exóticos e silvestres.
A maioria desses bichos foi acolhida pelo santuário depois de ter sido resgatada de situações de risco.
É o caso de Darshã, um leão de 16 anos de idade que viveu 13 destes anos em uma câmara desativada de um frigorífico em Cariacica (ES).
Darshã chegou ao santuário de Cotia com problemas nas patas e magro após ter sido encontrado em decorrência de uma denúncia encaminhada a órgãos ambientais.
De acordo com Marcos Pompeu, que fundou o santuário com a mulher, Silvia, o animal foi abandonado no frigorífico por um circo. O fim da exploração dos bichos pelos circos, em decorrência de mudanças na legislação, é uma das principais causas de abandono de animais.
O leão se recuperou. Pesa agora cerca de 300 kg e divide seu habitat com duas leoas. Perto dele ficam Baru e Vanbana, encontradas dentro de uma carreta em estrada perto de Ribeirão Preto.
Pompeu afirma que o tempo de recuperação de cada leão encontrado em situação de abandono chega a até oito meses. Em "quarentena", os animais passam por exames, têm uma alimentação controlada e são castrados.
Muitos têm sequelas que levarão ao longo da vida -que dura perto de 23 anos. "[Quando morrem], na necropsia, descobrem-se tumores no corpo todo, baço arrebentado. Eles aguentam até ultrapassar o limite do suportável", conta Silvia.
Neste ano, o santuário também deve receber Simba, que vive sozinho no que restou de um zoológico desativado em Ivinhema (MS).
O leão ficou famoso na internet depois que internautas criaram uma comunidade no Facebook para ajudá-lo.
O objetivo é buscar recursos para custear o transporte e a manutenção do animal -cada um custa em torno de R$ 1.000 por mês. O valor é pago por meio de parcerias com pessoas e empresas.
NATÁLIA CANCIAN
RAPHAEL VELEDA
DE SÃO PAULO
As irmãs Biná e Hera, 15, têm um lar. Em 2003, as leoas foram deixadas em uma jaula em praça de Sumaré (118 km de São Paulo). Tinham queimaduras e lesões. Após negociações com órgãos ambientais, foram para um santuário ecológico em Cotia (Grande São Paulo).
Outros animais não tiveram a mesma sorte. Entidades que defendem os bichos estimam haver cerca de cem leões e 20 ursos no país à espera de abrigo definitivo -a maioria originária de circos.
Muitos ficam provisoriamente nesses locais ou em espaços adaptados. O problema também afeta animais exóticos e silvestres abandonados ou apreendidos após denúncias de maus-tratos.
Em 2008, havia 150 leões abandonados no país, segundo o Ibama. Dois anos antes, eram apenas 68. O órgão não tem números atuais.
Achados em jaulas deixadas em estradas ou apreendidos por ordem judicial, os animais vão para centros de triagem ou zoológicos, em espaços isolados do público.
"Eles chegam sem garras, queimados, com feridas abertas e infecções", conta Silvia Pompeu, do santuário Rancho dos Gnomos.
O presidente da Arca Brasil, Marco Ciampi, diz que a população está mais atenta e tende a denunciar os casos.
Segundo ele, a proibição de animais nos circos influencia esse processo -por um lado, força os circos a deixarem de usá-los; por outro, cria a necessidade de remanejá-los para outros locais.
O microbiologista Pedro Ynterian, 71, presidente do Great Ape Project, ONG que cuida de 300 animais, diz que o poder público não tem onde colocá-los. "Há pelo menos 20 ursos em circos, que têm vontade de entregá-los, já que não podem mais exibi-los. Mas o Ibama não tem para onde levá-los."
Para Ynterian, os zoológicos não são adequados. "Os animais desenvolvem problemas psicológicos por causa do assédio do público ou ficam em aposentos separados, ainda menores que os espaços de exposição."
Hoje, dos 111 zoos no país, 77 estão em situação irregular, segundo o Ibama. Entre os problemas encontrados estão más condições de infraestrutura, pendências documentais e falta de identificação dos bichos. Há também registros de falta de segurança e crimes ambientais, como tráfico de animais.
Segundo o presidente da Sociedade de Zoológicos Brasileiros, Luiz Pires, a maioria enfrenta dificuldades financeiras e não tem condições de receber mais animais.
O Ibama afirma que a falta de vagas para bichos abandonados é sazonal e ocorre quando há grandes apreensões. Enquanto não se tem um destino certo, eles ficam em centros de triagem.
Os últimos dados de entrada de animais nesses centros são de 2009 -18.676 casos.
SANTUÁRIO
Cinco quilos de carne por dia. Uma área de 1.400 m2 de vegetação. E até um deque de madeira construído em cima de pedras. Esse é o cenário de um santuário ecológico de Cotia, onde vivem 11 leões que foram abandonados.
O local, chamado de Rancho dos Gnomos, é administrado por uma entidade sem fins lucrativos e abriga cerca de 300 animais, principalmente exóticos e silvestres.
A maioria desses bichos foi acolhida pelo santuário depois de ter sido resgatada de situações de risco.
É o caso de Darshã, um leão de 16 anos de idade que viveu 13 destes anos em uma câmara desativada de um frigorífico em Cariacica (ES).
Darshã chegou ao santuário de Cotia com problemas nas patas e magro após ter sido encontrado em decorrência de uma denúncia encaminhada a órgãos ambientais.
De acordo com Marcos Pompeu, que fundou o santuário com a mulher, Silvia, o animal foi abandonado no frigorífico por um circo. O fim da exploração dos bichos pelos circos, em decorrência de mudanças na legislação, é uma das principais causas de abandono de animais.
O leão se recuperou. Pesa agora cerca de 300 kg e divide seu habitat com duas leoas. Perto dele ficam Baru e Vanbana, encontradas dentro de uma carreta em estrada perto de Ribeirão Preto.
Pompeu afirma que o tempo de recuperação de cada leão encontrado em situação de abandono chega a até oito meses. Em "quarentena", os animais passam por exames, têm uma alimentação controlada e são castrados.
Muitos têm sequelas que levarão ao longo da vida -que dura perto de 23 anos. "[Quando morrem], na necropsia, descobrem-se tumores no corpo todo, baço arrebentado. Eles aguentam até ultrapassar o limite do suportável", conta Silvia.
Neste ano, o santuário também deve receber Simba, que vive sozinho no que restou de um zoológico desativado em Ivinhema (MS).
O leão ficou famoso na internet depois que internautas criaram uma comunidade no Facebook para ajudá-lo.
O objetivo é buscar recursos para custear o transporte e a manutenção do animal -cada um custa em torno de R$ 1.000 por mês. O valor é pago por meio de parcerias com pessoas e empresas.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
Colaborou FELIPE LUCHETE, de Belém
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